terça-feira, setembro 16, 2008

POBREZA GRITA POR SOCORRO NA PERIFERIA

Por Paula Machado

A situação dos moradores da Vila Campos é bem comum em cidades do Vale do Jequitinhonha. Mas pode ser verificada também em Montes Claros, sexta cidade de Minas Gerais (quinta antes da atual administração), onde a propaganda oficial afirma que está tudo às mil maravilhas, com total infra-estrutura.
A realidade da população daquele bairro é bem diferente. Famílias moram em barracos, esgoto corre a céu-aberto, não há transporte coletivo e nem posto de saúde. Nesta edição, conheça a vida de Damiana Maria de Jesus (foto), uma senhora de 63 anos que enfrenta com coragem o cotidiano de uma cidade sem administração.
- Nós conseguimos a água através do chafariz que abastece todo o bairro. Mas só há água até às 10 da manhã, após esse horário a água acaba. Na minha casa surgiu uma rachadura enorme. Tivemos que dar um jeito, pois se perdêssemos a casa íamos ficar sem lugar para morar – diz ela.
Mas a situação piora ainda mais em época de chuva. Segundo ela a água entra nas casas e as ruas de terra viram ruas cheias de lama, o que torna a passagem das pessoas ainda mais difícil.
- Quando chove as ruas ficam só a lama, o que atrapalha andar por elas e levar as crianças à escola. E quando chegam estão imundas por causa da poeira e da lama – revela ela.
A escola a que dona Damiana se refere é a única do bairro, que atende crianças da primeira a oitava séries do ensino fundamental.
Mas além de todas as dificuldades do local, os moradores, como a família de dona Damiana, enfrentam problemas financeiros. Dona Damiana, por exemplo, vive por meio de doações e da boa vontade das pessoas.
Desempregada e doente recebe doações de roupas e alimentos. Ela recebe o bolsa família no valor de R$ 75, mas que não chega nem de perto a resolver a dramática situação em que ela e sua família vivem. Esteve internada há 15 dias no hospital por início de pneumonia, ainda tem que conviver com a cegueira de um olho e com a asma. Emocionada, conta que sua luz foi cortada por falta de pagamento.
- Meu menino é quem sempre paga minha conta de luz. Mas nesse mês não deu. Ele recebe pouco, um salário só e tem que arcar com as despesas dele e comigo. Eu choro porque não tenho condições de ajudá-lo a pagar. A conta vem cara, na faixa de 120 a 140 reais – desabafa dona Damiana.
Quando perguntada se já havia passado fome ela respondeu que não, mas que morre de medo de passar fome um dia e diz ainda que está passando por várias necessidades, mas que todo mundo sabe como a fome doe.
No bairro apesar de ser humilde e de todos não possuírem condições, sempre que podem ajudam uns aos outros.

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