“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem... O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais – ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. Viver é um descuido prosseguido.” (João Guimarães Rosa)
NOS GROTÕES E BURGOS PODRES
Por Mara Narciso
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Por princípio, as nações evoluídas cuidam da infância e da velhice. O Brasil quer progredir, tanto que é Ordem e Progresso o lema da bandeira brasileira. Inebriados pela visão da festiva classe C, enaltecida pelos meios de comunicação, e bem-vinda ao consumo, os brasileiros em geral fazem de conta que o pior foi vencido. A nova classe C é gente que tem celular, internet, TV de plasma e viaja de avião.
Quando o inesquecível Tancredo Neves referia-se a locais atrasados, de pensamento político retrógrado, os depreciava dizendo tratar-se de grotões e burgos podres. Pois o nosso imenso país, ainda possui tais lugares, classificado assim pelo atraso de sua gente, independente do pensamento político, se é que possam ter esse luxo. Muitos nem imaginam como vivem essas pessoas. Ouvem-se piadas sobre as bolsas dadas a elas pelo Governo, e com deboche se fala em bolsa gás, bolsa táxi e até bolsa picolé. Minha gente – pedindo emprestadas as palavras a Fernando Collor - ainda há um Brasil que mal aparece. Não é um povo escasso, raro e pitoresco, pinçado por Marcelo Canellas, o jornalista da Rede Globo, para fazer reportagens premiadas sobre a Fome e envergonhar o país não. É um mundo verdadeiro, que bate na nossa cara, e como o lixo que bóia nas enchentes, o queremos longe das nossas vistas.
Com a ajuda da Prefeitura de origem, uma mãe consegue uma consulta com especialista na cidade pólo, e traz sua filha. Não sabe dizer o que a menina tem. Pergunta se no papel que trouxe não dizia. É uma mulher sem dentes, de vestimenta pobre, pele escura, cabelos em desalinho, suada e com ar cansado. Chegou a se deitar no sofá da sala de espera, devido ao mal estar dado pelos transtornos da viagem. Tem fala rude, de difícil compreensão. A comunicação é primitiva e dificultosa. É preciso chegar junto, para buscar uma conversa possível. Com um saca-rolhas, vai-se descobrindo o caso. Com três anos a criança, hoje mal completando nove, começou a desenvolver as mamas. A palavra pelo, para denominar pelagem na área genital, era desconhecida da mãe. Mas, enfim, foi possível deduzir que havia um desenvolvimento puberal, e uma menstruação, porém a mãe não sabia quando. Talvez há uns seis meses, mas era apenas uma hipótese. Trouxe a filha porque uma médica disse não ser normal. Será que era? Pelo menos não tinha se repetido.
Examinada, a criança estava bem formada, uma estrangeira dentro de um corpo arredondado de adolescente. Retraída, e muito assustada, possivelmente era a primeira vez que ia a uma cidade maior. Nascida e criada numa zona rural, um tanto afastada de uma pequena cidade sem recursos, a muito custo tinha conseguido chegar com a ajuda do poder público. A menina tinha 26 quilos e media 1,33 m . Era um caso de puberdade precoce, já sem condições de tratamento ideal pelo avançado da situação. O Governo fornece a injeção mensal, para bloquear a puberdade, cujo custo é em torno de R$500,00 por mês, porém até os nove anos de idade. O prazo já estava vencido. Também seria preciso fazer um mínimo de exames para afastar a possibilidade de tumor, embora, pela experiência, deveria ser a puberdade precoce verdadeira, que é o amadurecer antes da época. Os riscos eram todos: infância perdida, possibilidade de abuso sexual e gravidez e finalização do crescimento.
A mãe, com toda a dificuldade de comunicação, falou ter 47 anos, uma dúzia de filhos e não ter renda. Recebe R$125,00 do Governo a título de Bolsa Família. Abaixo da criança presente à consulta, havia outra, de seis anos. O tratamento já estava todo atrasado. Diante do impasse, como ajudar? Como resolver minimamente o problema dessa criança?
Pessoas assim existem mesmo, dentro de um mundo real e injusto. São brasileiros vivendo num estado de penúria inominável, sem acesso a informação ou a mínima condição de sobrevivência, higiene e dignidade. Não é um caso único ou curiosidade capturada no meio do nada. É uma gente com anseios, desejos e sofrimentos. Uma fictícia Bolsa Picolé talvez não vá resolver a situação, mas ainda assim, quem a tiver, que se ofereça para ajudar.
As notícias e comentários publicados por A Província, quando não assinados, têm como fontes: Extra Online, G1, Planeta Bizarro, Page Not Found, Hoje em Dia, agências nacionais e internacionais, pmonline, corpo de bombeiros e os próprios leitores.
Por Dirceu Cardoso Gonçalves ... Por tudo o que se tem dito nos últimos meses, o esquema de Carlinhos Cachoeira é uma insidiosa moléstia que acomete os escaninhos de diferentes instâncias do poder, em todo o território nacional. Extirpá-lo, punir severamente seus operadores e beneficiários e repor ao cofre público aquilo que de lá foi retirado indevidamente é o mínimo que a sociedade deseja. Mas, as primeiras movimentações da CPI que se instala no Congresso deixam muitas interrogações e a sensação de que poderemos ser mais uma vez enganados. Governistas querem blindar uns e acusar outros e oposicionistas pretendem descarregar tudo contra o governo. Errado: o que mais se espera é a apuração transparente e sem protecionismo e, principalmente, o fim da sangria ao erário tanto por esse quanto por outros possíveis esquemas do gênero. Os congressistas começam a CPI analisando os documentos produzidos pela Polícia Federal e hoje na posse do Judiciário. São denúncias graves. Mas que não justificam a montagem de um circense estado de crise. Como seus poderes são limitados, basta que verifiquem com a devida urgência o grau de envolvimento de cada detentor de mandato e se ele ofendeu ao decoro do cargo. Se ofendeu, casse-lhe o mandato, e pronto! Até porque, os crimes cometidos têm de ser julgados e punidos pelo Judiciário. Senador e deputado não podem mandar ninguém para a cadeia. Não venham os senhores deputados e senadores – governistas e oposicionistas – usar a apuração protelatória para esperar passarem as eleições, que ocorrem em outubro, e aí usarem a pirotecnia de uma medida radical (como a cassação do senador Demóstenes Torres, por exemplo) para todos posarem de faxineiros da nação. Para cumprirem suas obrigações, basta que cassem os mandatos de seus pares dolosamente envolvidos. O Executivo, também, nem precisa esperar os resultados da CPI. Os inquéritos da PF e processos do Judiciário dão elementos para afastar todos os funcionários e servidores comprometidos com o esquema, sem prejuízo daquilo que cada um tenha ainda de responder à justiça. E, por fim, o Judiciário, com o justo processo, que cumpra a sua tarefa e recoloque cada coisa em seu lugar, sem prejuízo de, também, administrativamente, punir seus próprios integrantes que estejam comprometidos no esquema criminoso. A população vive uma crônica descrença em relação à classe política e ao governo. É o resultado de escândalos e mais escândalos varridos para baixo do tapete. CPIs fajutas, apuradores duvidosos e o corporativismo levaram a classe a esse descrédito. Mas hoje o povo já sabe o que quer. Tanto que, bastou a presidenta Dilma acenar para a faxina e a moralidade administrativa, para ter seus índices de popularidade elevados como os de nenhum outro governante. Abaixo os corporativos enxugadores de gelo, ensacadores de fumaça e enganadores do povo. A sociedade exige seriedade e... solução.
PRA FRENTE É QUE SE ANDA
Por Mara Narciso ... Diante de uma tendência que contraria o que pensamos, entra o argumento: mas sempre foi assim; isso é uma tradição. Tempos atrás não havia redes sociais na internet. O relativamente novo não é bom? Não negando a história, e até mesmo por isso, destacando-a, pensa-se que é preciso aceitar novos costumes. Tragédia seria a estagnação. Vendo fotos da década de 1970, relembro que entre as moças havia duas maneiras de agir, no entanto a maior parte, às claras, sincera ou falsamente, ainda vivia como décadas antes, seguindo os ensinamentos das suas castradas mães. Estas, reprimidas pelas suas próprias mães, e em seguida pelos maridos ditadores, rezavam numa cartilha prá lá de insustentável, considerando, pelas palavras do meu bisavô, Jason Gero de Souza Lima, morto em 1931, que “mulher é estopa, homem é fogo e o capeta atiça”. Há 40 anos, em tese, nas boas famílias as moças não saiam à noite sozinhas, apenas com irmãos, tios ou pais (de alguma maneira lembra o Talibã). Uma mulher de bem, vestia-se com decência (toda escondida por panos), e não entrava sozinha numa festa. Ia e voltava acompanhada pela família. Tudo acontecia cedo da noite, iniciando 20 h, indo até a meia-noite, no máximo. No ambiente iluminado, não se via agarração e nem beijos. A dança era discreta. Após a permissão do pai, o namoro se dava na sala de visitas, na presença de alguém. As moças eram orientadas a não darem a mão aos namorados, pois senão eles iriam querer o restante. No cinema, à tarde, era necessário ao menos uma amiga para “segurar a vela”. Existiam as figuras da mulher fácil, da mulher falada, e a temida mulher desmoralizada, aquela que saia de carro com os rapazes, que iam a piqueniques e que não se davam ao respeito. A ordem era não beijar na boca antes de ser noiva de casamento marcado. Assim, estaria preservada a família. Sexo era obrigatório depois do casamento civil e religioso. Lembrar disso surpreende por se mostrar pintado com tintas do impossível. Seguir essa cartilha era para pessoas que acreditavam nos rigores da punição divina. Ou da punição paterna, geralmente homens falsos, que tinham mais de uma mulher a vida toda. Ainda assim, põe hipocrisia nisso, pois havia grupos de moças que se rebelavam, ainda que caladas, se negando a cumprir esse manual. O mais estranho é que a maioria das mulheres dessa geração se casou virgem. Mesmo quando permitiam algum “avanço do sinal”. Os rapazes seus contemporâneos eram levados por homens mais velhos, por volta dos 14 anos de idade, a uma zona boêmia, e não raro, as namoradas sabiam que depois do namoro, com direito a um ou outro beijinho, eles iam encontrar-se com prostitutas. Lá eram estimulados a chegarem ao prazer em dois minutos. E as suas futuras esposas a nunca ceder aos desejos, guardando-os para o futuro. Um dia o futuro chega, e então? O desencontro é a norma, e o aprendizado a dois uma dificuldade. Um com ejaculação precoce e a outra frígida. Como regular a temperatura? Alguns encontraram a paz na cama, mas essas pessoas, que hoje se encontram entre 50 e 60 anos, estão se separando como nunca. A relação interpessoal é importante, mas a questão sexual tem conta alta. O desacerto de décadas está cobrando juros caros. As mulheres que se livraram das amarras e saíram na frente, procuraram o que julgavam certo, sem escutar normas irreais. Foram buscar e estão felizes, viveram de forma natural, sem perseguir o impossível. Outras, castradas, foram mães e fingiram que não foram. Por ordens da família abandonaram seus filhos em orfanatos. Vergonha era ser mãe solteira, outra figura que existia então. Incentivadas pela família, o abandono não era tão condenável quanto o sexo, embora muitas ainda hoje se sintam culpadas, procurando às cegas pelo passado. Desmoralizadas? Balela. Todas se casaram, algumas mais de uma vez, formaram-se, serviram e servem a sociedade, são respeitadas, inclusive pelos hipócritas, aqueles que fizeram por ditar, mas jamais seguir os próprios ditames. Anos atrás, era impossível uma menina de menos de 15 anos namorar, ou um casal solteiro dormir junto, na casa dos pais. O pragmatismo tomou conta. Os pais que assim os permitem, acham melhor do que na rua. Alguns ainda consideram imoral o sexo fora do casamento. Outros acham a corrupção, a fome e as guerras bem piores. E estão aí na cara, ou até na casa de alguns.
AMOR NA ZONA
Por Alberto Sena
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Quem cobriu o setor de polícia para O Jornal de Montes Claros (1970/ 72) e Estado de Minas (1972/79) durante quase dez anos acumulou na vida prática tudo que advém de matérias acadêmicas cujas denominações terminam em ‘gia’: antropologia, sociologia, psicologia etc., além de olho clínico para dizer o que é e o que não é. Daí fazer aqui, com base na vivência cotidiana, um vaticínio sobre o livro Amor na Zona organizado por Geraldo Maurício, do qual ele próprio participa, juntamente com mais 17 outros autores: o livro corre sério risco de ser lido e trelido em todo o Brasil depois de lançado em Belo Horizonte, na noite de 1º de junho próximo, uma sexta-feira, no Hotel Liberdade, de Paulinho Boechat. O evento já tem até nome: “Uma festa na zona”.
A equipe organizadora do lançamento concluiu que, se não mais existe aquela zona boêmia romântica e folclórica como antigamente, reconstruir o ambiente em “mise-en-scéne” de cinema poderia se encaixar bem naquela expressão: “A emenda saiu pior do que o soneto”. As zonas boêmias dos dias atuais têm outras características e se resumem em motéis, boates de show e danças. “É justamente isto que queremos mostrar”, disse Geraldo Maurício.
Amor na Zona foi organizado com base numa certa cronologia. Os textos, todos contendo narrativas do tempo em que lá em Montes Claros e de resto em todo o território nacional, a maioria dos homens iniciou vida sexual em zonas boêmias, estas existiam em profusão em determinadas regiões brasileiras, numas mais e noutras menos. Em Montes Claros havia na época contextualizada, verdadeiro “amor de zona”. Havia certo romantismo, glamour até.
O livro a ser lançado será lido tanto quanto por quem vivenciou experiências semelhantes na época retratada, 1960/70 e até antes, como pelas gerações atuais. Despretensiosamente, o livro traça uma linha do tempo e por meio dele quem não conheceu poderá conhecer agora e comparar os avanços em relação ao sexo, antes considerado tabu e hoje banalizado. Tão banalizado que as zonas boemias tão desancadas em épocas passadas perderam a razão de existir, e se existir ainda alguma deve estar restrita aos rincões do Brasil.
O leitor vai perceber, naquele tempo em que se namorava de mãos dadas, beijos fortuitos eram roubados, abraços, e quando muito em alguns casos se conseguia “um sarro”, como se dizia na época, ao contrário de hoje, tudo pode acontecer entre os namorados logo no primeiro encontro. A diferença é que naquelas décadas perdidas no tempo, amor de zona tinha romantismo também. Havia, inclusive, casos de pessoas “bem-casadas” da sociedade montes-clarense que mantinham mulheres na zona boêmia. Diziam: “Não mexa com aquela ali não porque ela é mulher de fulano...”
Amor na Zona tem prefácio do escritor, ex-juiz de direito, roedor contumaz de pequi, Augusto Vieira, que atende pelo epíteto de Bala-Doce. O livro traz textos de Darcy Ribeiro, João Valle Maurício, Mario Ribeiro Filho e de gente muito viva como Ademir Fialho, Augusto Vieira, Alberto Sena, Armênio Graça Filho, Alvarez, Haroldo Tourinho, Hildeberto Mendes, Geraldo Maurício, Marcos A. Pereira, Mazinho Silva, Murilo Antunes, Paulo Henrique Souto, Raphael Reys, Tininho Silva e Virgínia de Paula.
O lançamento do livro acontecerá na véspera do Dia Internacional das Prostitutas (dois de junho). A data veio a calhar, porque estão previstos vários eventos em Belo Horizonte neste ano. Esse foi o gancho que a equipe organizadora do lançamento precisava para promover o evento, que é do interesse de homens e mulheres, profissionais de psicologia, antropologia, sociologia, sexologia, literatura, intelectuais/jornalistas e quem mais se interessar possa.
Como escreveu em 2008, Letícia Barreto, autora de uma tese sobre a prostituição em Belo Horizonte, nas cercanias da Rua Guaicurus, “zona boêmia pode também ser uma coisa séria”. E era mesmo, pelo menos lá em Montes Claros. Naquela época, zona boêmia era tão séria que “as pessoas de bem” davam voltas para não passar próximas do local. Para as crianças então, zona boêmia era a mesma coisa que “casa do capeta”. Mal sabiam esses meninos que logo estariam fazendo diabruras por lá.
NUNCA DUVIDEM DAS MINHAS CERTEZAS, NEM DAS MINHAS CASMURRICES
Por Mara Narciso
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Não se enganem os aficionados pela literatura. Gosto de dar meus trinados opinativos, porém não tenho conhecimento para fazer crítica literária. Quem tem, e se preparou bastante, dando uma aula técnica impecável sobre Dom Casmurro, a obra prima de Machado de Assis, foi Miriam Carvalho, escritora, poetisa e mestra em Literatura.
Um erro dos que querem formar leitores é obrigar meninos e meninas adolescentes a ler Dom Casmurro. A leitura é possível, porém, pela densidade do tema, o natural é afugentar. O adulto interessado pode chegar e desvendar a alma de Bento e sua visão do caráter de Maria Capitolina. Conheça Capitu, a mulher dos olhos de ressaca, aqueles que atraem como vagalhões, as ondas violentas, cuja força traga o banhista para o fundo do mar.
A nona reunião do Clube de Leitura Ateliê/Galeria Felicidade Patrocínio foi numa noite de domingo, na qual mais de duas dúzias de leitores apaixonados discutiram não o sexo dos anjos, mas a narrativa de Bentinho, onipresente, onisciente, sabedor dos pensamentos e sentimentos das personagens que desfilaram no Rio de Janeiro após 1857. Miriam Carvalho observa que o autor se explica, enquanto o leitor constrói sua ideia. É como se fosse autobiográfico, memorialista, ou confessional. Para ela, os acontecimentos não são autênticos. Diz que não existe uma terceira pessoa que atuaria como intermediador. No inquérito não há separação entre narrador e protagonista, sendo Bentinho ao mesmo tempo vítima e juiz.
A palestrante falou que “Capitu tem olhos que puxam e arrastam, e num esforço de descrevê-la de forma isenta, o narrador devassa a sua interioridade”. Quando é pega em situação de desalinho, se recompõe num ímpeto, o que prova falsidade. Miriam relata que após o casamento e o aumento do ciúme, Capitu, uma mulher decidida e admirável, vai se apagando, e com as insinuações maldosas fica uma quase desaparecida. A cegueira do ciúme faz a curiosidade dela ser outra característica de infidelidade. E detalha: “quando Bentinho vê Capitu olhando o cadáver do amigo Escobar, entende a cena como confissão de culpa, fala do que vê como se fosse com isenção, como se tratasse da veracidade dos fatos. Mas a intenção é acusar a esposa e conquistar a credibilidade do leitor.” Analisa assim: “O narrador introjeta na narrativa o auditor, tanto quando afirma, como quando nega. É sagaz quando atrai o leitor. A mediação de quem lê é chamada para angariar sua adesão”.
Quando Ezequiel, o filho do casal, mostra semelhanças físicas com Escobar, a racionalidade foge, e Bentinho planeja a própria morte, sendo que depois passa a planejar a morte do filho. “Há um abismo entre os valores éticos do narrador e os do leitor”, diz Miriam. Bentinho é sincero na sua decisão de matar o filho, porém quer o leitor ao seu lado. Acontece que “a narrativa tem estrutura cíclica, vai e volta, e Capitu é a primeira a sugerir o fato da semelhança. São interpretações ambivalentes. Mostra não temer, ou seria astúcia para encobrir a prova?”, questiona a palestrante.
Não se joga Capitu aos leões de forma inconsequente, assim como não se trava o jogo de ciúmes impunemente. Na intertextualidade surgem em cena Otelo , Desdêmona e Iago, formando um triângulo amoroso. Alguém vai morrer, e no final, sob o veneno de Iago, morre Desdêmona em Shakespeare e vai exilada Capitu em Machado. Antes , porém, Bentinho sofre o ciúme mortal, aquele do qual não se pode escapar. A certeza se dá em todas as partes do livro, desde o baile, dos braços nus, até o homem tendo ciúmes do mar, para o qual olha sua esposa. Todos os gestos dela levam a mais certezas por parte do marido. Miriam Carvalho dissecou cada célula da personalidade do narrador, dizendo que Bentinho tem ódio no seu ciúme desvairado, querendo domar os “olhos de cigana obliqua e dissimulada”. Ele “descreve a esposa como possuidora de pupilas vagas, boca entreaberta, toda parada. Capitu olhava para si, mas ainda assim a atitude era vista com suspeita”, anota Miriam Carvalho.
Na segunda metade do século 19, há a figura da inviolabilidade materna. Escobar, na ocasião colega de seminário, ajuda Bentinho a escapar do juramento que fez Dona Glória, sua mãe, de torná-lo padre. Essa ajuda, para um homem que já estava apaixonado por Capitu tem um preço alto: a desconfiança patológica. Escobar se casa com Sancha, a melhor amiga de Capitu. O casal está sempre junto. Começam as insinuações. A certeza do adultério é inconsistente, por falta de provas alheias a sua mente. Avançando, Miriam passeia pelas personagens: “José Dias, o agregado da família, é o limite, é o muro que separa o que é aceito do que é proibido. Rompe o impasse da interdição. É confidente, conselheiro, sendo o arrimo para afastá-lo do seminário. Evita melindrar Capitu. Sancha é a hipótese da transgressão. Já Escobar é a certeza. Ezequiel é o confessor, sendo a foto do amigo, idêntica ao filho, a confissão pura.”
Após a morte da esposa na Europa, o filho adulto retorna, e é tão igual ao amigo morto, que é como se ele ressuscitasse, em carne, pois estava da idade deles da época do seminário. “Como fazer para o leitor aceitar a inconsistência da narrativa? O livro transige com as suspeitas, instiga o leitor a reinterpretar. Diz o autor que nem tudo na vida é claro, e assim também são os livros.”
A palestrante informou que a obra acaba de maneira não fechada e muitas conclusões podem ser tiradas. Então, “é preciso ler por detrás do texto. A verdade relativa mata a realidade. A doença do ciúme destroi. Na ocasião do lançamento, ano de 1900, a opinião pública condenou Capitu, mas permanece a dubiedade e a ambigüidade”, relata Miriam. Vinte passagens foram destacadas pela palestrante, e lidas para comprovar o passo a passo. Também comentou sobre a admirável capacidade de Machado de Assis abordar aspectos psicológicos dos personagens, com descrições ricas e hipnóticas. É considerado um gênio literário, que fala ao pé do ouvido do leitor.
Ao fim, Bentinho, como narrador da sua história, é tão envolvente quanto Capitu, pois conta de forma sedutora a sua convicção. Sendo uma obra não terminada, leva a acusações apaixonadas dos homens e defesas monumentais das mulheres. Para a apresentadora, importa pouco se Capitu traiu ou não Bentinho. O mais charmoso da história é não deixar ninguém indiferente, e haver poucas brechas para a defesa da mulher.
Muito se esmiuçou Dom Casmurro, desnudando a obra, no entanto, não basta, pois persiste suscitando paixões descabeladas. Para o escritor Wanderlino Arruda, uma pessoa nunca relê o mesmo livro, pois este modifica o leitor, que numa releitura não é mais o mesmo, e sim outro, assim como o livro, que, já sendo conhecido não é mais aquele da primeira vez. Ao final da apresentação, uma leitora não resistiu, e no calor da discussão sobre a provável traição de Capitu, exaltada, correu à frente para defendê-la. Após a instigante apresentação, Felicidade Patrocínio disse que “a análise de Miriam Carvalho foi um acréscimo ao Clube de Leitura, pois fez um verdadeiro tratado, nos levando a nadar nas palavras do escritor.” E que o mar não esteja em ressaca.
INIMIGOS ATÉ QUANDO?
Por Mara Narciso ... Há quem gaste mais tempo com os inimigos do que com os amigos. Pensa mais naqueles do que nestes. E acha que vale a pena. A inimizade – aversão, má-querença, falta de amizade -, costuma ser mais marcante que seu oposto, porque tem data de início. Não existe inimizade entre desconhecidos. Apenas amigos viram inimigos. Em determinada hora, o sentimento muda, tomando feições de aversão em seus vários graus, iniciado na sequência de palavras ásperas, faladas ou escritas, ou atitudes condenáveis. Dois ditos populares sobre a inimizade: não se deve convidar para a mesma mesa os que são inimigos; onde dois inimigos se encontram não nasce nem capim. A inimizade pode começar após discussão em que cada qual se sente o vencedor e, ainda assim, injustiçado. Costuma se vangloriar por ter dito isso ou aquilo, por ter ofendido, humilhado, desprezado, sido o mais cruel com as palavras. Quando se conhecem de tempos antes, buscam no passado fatos desagradáveis do outro, para usar como arma. Utiliza-se de todos os golpes baixos, iniciando-se aí uma inimizade. Ferrenha é um adjetivo que vem junto. O mundo fica menor, pois inimigos, antes amigos, costumam ter hábitos comuns, como por exemplo, frequentar os mesmos lugares. Os horizontes se fecham por um tempo. Há um luto que pode durar ou não. Depois, a dificuldade poderá ser superada, podendo voltar a se suportar na mesma roda. Ou o mundo fica pequeno para sempre. Quando a briga foi feia – como se existisse briga bonita -, passam a evitar encontros, perdendo oportunidades. Alguns conhecidos fomentam a inimizade levando e trazendo recados e impressões. É o diz-que-diz. Nisto, podem ter um vigor invejável. Os que cultuam um drama vão tecendo as dezenas de defeitos de caráter do inimigo. Pessoas rancorosas deixam a raiva na geladeira para poder tirá-la de lá e comê-la fresquinha, sempre que julgar necessário. Tornados irreconciliáveis inimigos, daí surgem mentiras, maledicências, invencionices. São as tais calúnia e difamação. O outro é visto pelos olhos do ódio, do despeito, o que o faz ainda maior. Em tempos de internet, isso poderá acontecer nas redes sociais, mesmo com as incipientes leis. Os caluniadores poderão ser encontrados, mas fakes existem para dificultar o trabalho da justiça. Quem ganha com isso? Por outro lado, não faltam pacifistas para ajudar a contornar o mal-estar e o constrangimento advindos dos reencontros, na vida real, que mais parecem trombadas. Por força das circunstâncias, há quem, sincero ou não, estenda a mão, e esta é deixada no ar, o cúmulo da falta de educação. Odioso presenciar isso. Nas novelas os inimigos se encontram a todo o instante travando batalhas verbais ou mesmo com acréscimos físicos. Aproximam-se do comportamento animal em disputa de território. Isso eleva o IBOPE, divertindo a audiência que toma um lado para torcer, de acordo com as instruções do autor. A ficção, em todas as suas formas, acha nas desavenças o combustível para suas tramas, afinal, sem intrigas não existe enredo. Sem inimigos, como os heróis vão mostrar suas virtudes e crescer? Na vida real, melhor desejar não ter inimigos. Cultuar a raiva serve a quem? Quando for inevitável o afastamento de alguém que nos feriu, passado o período necessário a cada caso, é melhor perdoar, ausentar-se em definitivo ou não, e se possível esquecer. Como diz o ditado: ter ódio é tomar veneno e esperar que o inimigo morra. Quem se suicida é o escorpião, em sua própria peçonha. Por outro lado, o inimigo estaria sempre errado? Inimizade é sentimento ruim no varejo. É o mal-estar individual, mas quando coletivo causa guerras.
MASTURBAÇÃO VIRTUAL
Por Reginauro Silva
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A paz do seu sorriso pode ser letra de música interpretada por Roberto Carlos mas, muito mais do que isso, é tudo aquilo que impregna o meu viver quando contemplo seu olhar de menina. E é ao som melodioso dessa canção que recrudesce a história dos nossos nãos, e me torço e contorço nos incontáveis sins que nos uniram na desunião e nos separam no reencontro.
Esses enleios que me atiram de volta a seus braços virtuais - já que impossibilitados pela matéria vigente - são os mesmos que teimam em transformar em realidade um passado que não é destino, muito menos ancoradouro de uma paixão insolúvel. E, assim como passado não é destino, futuro também deixa de sê-lo na medida em que confinamos o presente em nossos devaneios celulares. E dentro de cada célula sonho o sugar compulsivo do prazer que é ter você, ainda que à distância, ainda que sob a frieza quente de um gozo virtual.
Afinal, não são enleios nem entremeios nem galanteios nem caminhões de emeios que vão cicatrizar as feridas de dois trêfegos pisoteados por seres que se colocaram no mundo de amores desalmados, namoros incandescentes, junções tempestuosas que só se revelariam deletérias com o avançar do intercurso incolor, da interatividade inodora, da convivência insípida. Em outras palavras, relacionamento que – passados sofregamente os anos – resultaria numa verdadeira água. Sem cheiro, sem cor, sem sabor. Uma tragédia liquefeita.
Verdades se revelariam mentiras, juras se desmanchariam como pó, afinidades afundariam naturalmente beijo pós beijo, cheiro pós cheiro, carinho pós carinho, afago pós afago, encanto pós desencanto, até desfazer-se na proibição total das intimidades que um dia se despiram nuinhas diante de olhos safados, porém apaixonados, de mãos bobas, mas acolhedoras, passes de dança sequenciados de frente para a parede do mijo compartilhado.
E, hoje, tal como o poste que urina no cachorro, a mesma santinha (minha doce santinha) meiga, tênue, sensual, companheira, amiga e sem vergonha que balbuciava “é sua”, quase parte para as vias de fato quando indagada de quem é aquela coisinha linda que tanto orgasmo solfejou nos gritos e gemidos de assustar vizinhos:
- É minha! – grita com raiva não mais a moiçola conivente das brincadeiras de alcova, mas a proprietária protegida pela mata densa, obscura e espinhenta há tanto tempo desusada.
Estranho, muito estranho, mas dolorosamente real: depois de mil e um entranhamentos, hoje somos apenas estranhos... Nada mais?
Acho que não. Mas de que adiantaria um achismo agora, um francesismo que seja, se a realidade nos chama de volta, se as fotos postadas no orkut destruído já não refletem a mesma sensibilidade do dia em que foram produzidas, apesar da mesmice do cenário e das pessoas que nos rodeiam na pose pretérita? Mesmo o banner escondido debaixo da cama já não reflete o assanhamento do flagrante instantâneo daqueles flashes captados ora por uma câmera digital, outras vezes por um fotógrafo analógico. Que dizer, então, dos poemas arquivados naquela cibernética pasta dois-em-um? Agora são simples palavras jogadas umas contra as outras e não umas com as outras, não mais entrelaçadas ao ritmo rimado da alma esfogueada, não mais adocicadas pelo romantismo da jovem guarda que um dia fomos, e que se fizeram dois corações de papel despedaçados pelo cantor dito brega.
E – assim, deste jeito, desta maneira - vou relendo adjetivos substantivados pela aurora de nosso entardecer precoce: Inteligente/boa(bom)/carinhosa(o)/esforçada(o)/determinada(o)/forte/corajosa(o)/paciente/coompanheira(o)/amiga(o)/alegre/responsável/comprometida(o)/asseada(o)/cheirosa(o)/empreendedor(a)/arrojada(o)/honesta(o)/prestativa(o)/amorosa(o)/sensível/atenciosa(o)/disciplinada(o).
Eu sou você sabendo que você me é...
PALAVRÃO É APENAS UMA PALAVRA
Por Reginauro Silva ...
Lendo ou escrevendo, não se deve ter medo das palavras. Não se pode cultuar o dom da escrita temendo o que vai produzir sua mente laboriosa. Então, minha cara telespectadora, a melhor forma de fazer aflorar exatamente o que você pensa neste momento é jogar a palavra contra a tela e não esperar, jamais, que ela se volte contra quem a escreveu. Nada de efeito bumerangue na imaginação libertária dos autores brasileiros.
Já pensou se Clarice Lispector tivesse medo de (***)? Sem apelar para a forma erudita boceta, que nada quer dizer no romance erótico? Só que a (***) de Clarice, da forma com que é concebida, é uma (***) poética, carinhosa, cheia de charme. Uma (***) literária, diria eu. Neste sentido, qualquer (***) ganha leveza e ganha ternura no remelexo das coxas de uma ninfeta ensopada pela lascívia de um príncipe encantado e seu (***) enrijecido, bem no finzinho do capítulo e na chamada da vinheta.
Nada de susto. (***) enrijecido são apenas três sílabas soltas em um plano americano. Nada mais.
Pode consultar a semântica, a filologia, a hermenêutica, todos os compêndios gramaticais, enunciados e pronunciados. Em nenhuma dessas praias você encontrará uma (**) tão gostosa como a descrita por Jorge Amado em suas andanças pelo litoral baiano. Assim como dificilmente se defrontará com o (*) de Plínio Marcos em seus textos teatrais elaborados no desvario da paulicéia. Só que o (*) dos dois perdidos numa noite suja é bem mais limpo e cheiroso que o (**) conservador dos censores da ditadura de 64, que se escondiam sob o manto de um 69 de caserna para tesourar a força criadora de monstros sagrados como Nelson Rodrigues e sua (***) enrabando a doma do lotação; Roberto Drummond e a suruba da Guaicurus na (***) de Hilda Furacão; Vander Piroli e o pinto do menino; Chico Buarque e sanha ninfomaníaca da megera Geni; Aguinaldo Silva e a premonição da aids no câncer da vingança de Amelina Chaves; Dias Gomes e a Tara de Odorico Bem Amado por Juju e suas irmãs de sacanagem; Bendito Rui Barbosa e a sanha de Ritinha no recanto do riacho.
Como se vê, nem a ditadura, por mais dura que fosse, conseguiria amolecer o tesão embutido na veia novelesca do povo brasileiro e suas esporradas televisivas. É ejaculação solitária de uma orgia coletiva, dia e noite se ligando em você.
Verdade é que pessoas que nunca tiveram medo das palavras souberam, com argúcia e sagacidade, driblar os guardiãs da ordem constituída, mandando o status quo pra (**) que o pariu, com a mesma tranquilidade de quem se estrebucha comendo o parceiro ou a parceira entre uivos e gemidos de uma tomada de TV desencapada.
Na realidade, Denise, o que quero dizer é que o falso moralismo inibe a espontaneidade de promissoras revelações da escrita, em nome não se sabe de quê. Melhor seria que defendesse outras bandeiras, deixando passar a parada vocabular da cultura nacional. Não seria uma (***), um (**), um peito ou outra (**) qualquer que iria balançar as estruturas montadas sobre falsos pedestais, em defesa de uma camada podre por si mesma, degenerada no mais sórdido de suas falcatruas, suas corrupções, seus estupros e seus incestos mercantilistas. Isto, sim, é que é pecado. No mais, como diria Martha Suplicy, é relaxar e gozar...
E viva a novela das oito!
Amy Winehouse já assinou contrato para fazer seis shows aqui no Brasil em janeiro. A encrenqueira vai receber cachê de 600 mil dólares, pouco mais de R$ 1 milhão, por apresentação. Amy foi convidada para participar do Festival de Salvador, que acontece entre os dias 02 e 05 de fevereiro, mas a britânica já tinha compromisso. Rio e São Paulo estão entre as cidades que receberão a artista.
Como num roteiro de produção para Oscar, três filhos procuram o pai, um milionário de Niterói, executivo do mercado financeiro e esportivo que, há três anos, não dá notícias. Desesperadas, as crianças lançaram na internet um apelo para conseguir informações sobre Claudio Honigman, de 46 anos, que teria trocado o luxo da mansão em São Conrado e o carinho da família por Sandrinha, uma garota de programa de São Paulo. Uma sinopse que apresenta traição, riqueza, luxúria, futebol, poder, tráfico de influência... Atualmente, Honigman é considerado foragido pela Justiça brasileira desde 2008 por não pagar pensão alimentícia aos filhos X., Y., e Z, de 14, 12 e 5 anos, respectivamente. “Olá, nós precisamos de sua ajuda para encontrar nosso pai... Nossas vidas mudaram radicalmente de um dia para o outro, há três anos. Na verdade, nossa história é digna de um filme”, apelam os filhos num site da internet, criado para a busca. Antes do pesadelo, de acordo com a história revelada pela Revista ESPN, Honigman e a então mulher, Nathalie Peacock, viveram sólido casamento por 21 anos. Em São Conrado, tinham uma das maiores mansões. Na reforma da casa de 960 metros, sob a Pedra da Gávea, tudo feito sob a assinatura do renomado arquiteto Paulo Rocha. — Do que me lembro, a mulher dava as cartas na obra. Fizemos a climatização da piscina, um local para orquídeas. Eu não o conheci — conta o arquiteto. Profissionalmente, a carreira de Honigman tinha a marca da ambição. Saltou do mercado financeiro para o esportivo. Fez fama e fortuna, passando a transitar na alta sociedade. Um passeio do milionário inclui cruzeiro pelo Mediterrâneo a bordo do iate Blue Harem, com cinco cabines de luxo em 138 pés de embarcação. Alugado por cem mil euros por semana. Mas o mar familiar ficou revolto. Repentinamente, Honigman perdeu a rota, desfez o casamento com a chilena Nathalie e deixou os filhos sem informação. Mais tarde, no apelo, as crianças dizem que o pai trocou tudo por Larissa Tinoco, que seria uma garota de programa de luxo paulista conhecida como Sandrinha. Como escreveram na net, os filhos imploram: “Nós precisamos de ajuda”.
Uma empresa de transporte de valores foi assaltada e pode ter tido um prejuízo de R$ 20 milhões neste sábado (4), no bairro Ouro Preto, região da Pampulha, em Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Militar (PM), dois tesoureiros, o coordenador de segurança e alguns parentes teriam sido sequestrados na noite desta sexta-feira (3) e levados para um sítio em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda segundo a PM, já na manhã deste sábado (4), os três funcionários teriam sido levados pelos suspeitos para a sede da empresa, na capital mineira, facilitando a entrada dos ladrões. No local, os suspeitos teriam rendido outros empregados que chegavam para trabalhar e fizeram o roubo. A ação foi rápida e durou cerca de dez minutos. As famílias permaneceram no cativeiro. Os homens teriam fugido com o dinheiro e abandonado os funcionários. Os reféns do cativeiro foram liberados. De acordo com a PM, toda a ação teria sido gravada pelas câmeras de segurança da empresa, mas os assaltantes levaram as imagens. De acordo com o tenente Celso Bento do 34º Batalhão de Polícia Militar, a ação foi coordenada por cerca de 15 homens que estavam bem vestidos, com ternos e usavam carteiras e emblemas da Polícia Federal. Ainda de acordo com o tenente, os suspeitos estavam com três fuzis e granadas. A polícia disse também que o dinheiro roubado seria usado para abastecer caixas eletrônicos da capital até sexta-feira (10). Ainda não há informações sobre o paradeiro dos suspeitos. A Polícia Civil está periciando o sítio onde os reféns teriam sido levados.
A iraniana Sakineh Moahammadi Ashtiani, cuja condenação à morte por apedrejamento provocou apelos de vários países pela sua libertação, foi sentenciada a outra pena de 99 chicotadas sob acusação de propagar corrupção e indecência, afirma o Comitê Internacional contra o Apedrejamento.
Segundo o comunicado divulgado pela ONG neste sábado (4), a razão foi uma foto publicada pelo diário inglês “London Times” de uma mulher sem o véu islâmico, atribuída a Sakineh. A foto, diz o texto, seria na verdade de Susan Hejrat, uma ativista iraniana que vive na Suécia e cuja imagem havia aparecido em jornais do país num artigo sobre a própria Sakineh. O não uso do véu islâmico é crime passível de prisão no Irã.
”Assim que tomamos conhecimento da distribuição desta foto pelo ’London Times’, e depois por outros jornais na Suécia, informamos estas publicações que a imagem não era de Sakineh”, diz o texto.
De acordo com a ONG, o fato foi denunciado por um dos filhos de Sakineh, Sajjad Ghaderzadeh, em carta aberta publicada na sexta-feira (3). A iraniana de 49 anos segue presa em Tabriz, enquanto aguarda a revisão de sua pena após condenação por suposto adultério.
A foto, diz o comunicado, teria sido obtida pelos jornais com o ex-advogado de defessa de Sakineh, Mohammad Mostafaei.
“Nós condenamos fortemente esta bárbara nova sentença de 99 chicotadas imposta pelo regime iraniano contra Sakineh e exigimos que a pena seja abandonada imediatamente”, diz o Comitê Internacional contra o Apedrejamento.
Tudo pronto para a 14ª edição do Carnamontes que se realiza hoje, sábado, e amanhã, na Praça dos Jatobás, região Sul de Montes Claros. O evento conta com Praça de alimentação mais isolada - o espaço servirá também para descanso do folião -, 60 camarotes empresariais, camarote vip para 3 mil pessoas e ainda dois trios elétricos.
Ontem, a polícia militar fez um reconhecimento do circuito do axé, e o corpo de bombeiros fez o laudo de vistoria para atestar a segurança do evento.
Neste ano, os organizadores chamam a atenção para o horário do início da folia. Rogério Athayde alerta que, por determinação da secretaria municipal de Meio Ambiente, o Carnamontes deve terminar uma e meia da madrugada.
- Para que o folião não perca parte dos shows, vamos começar mais cedo. Os portões serão abertos às seis da tarde e os shows devem começar às sete e meia da noite – alerta Rogério.
A expectativa dos organizadores é de que 60 mil pessoas por dia participem da festa. A entrega dos abadás começou ontem e continua neste sábado, no bar Mr. Pub, das dez da manhã às seis da tarde.
Hoje, sobem ao trio elétrico a revelação do Axé no Brasil, a banda Parangolé, e o grupo montes-clarense Dois em Um, que participa da folia pela segunda vez.
No domingo, encerram a programação do Carnamontes: Psirico, com o vocalista Márcio Victor, e a banda revelação da Bahia: Voa Dois.
O búlgaro Penio Daskalov, de 24 anos, que participou da versão búlgara do "Big Brother", disse que pretende passar por uma cirurgia de mudança de sexo para ficar parecido com a cantora Lady Gaga, segundo reportagem do site “Radar Online”.
O jovem destacou que admira a pop star americana pela forma como ela canta. Daskalov afirmou ainda que entrou em contato com o empresário de Lady Gaga, pois gostaria de gravar um dueto com ela.
Daskalov fez sucesso no Big Brother búlgaro ao se passar por uma mulher e enganar os outros participantes, que acharam que ele era mesmo uma mulher.
Pesquisa Ibope sobre a disputa ao governo de Minas Gerais registra empate técnico entre os candidatos Antônio Anastasia (PSDB), com 35% das intenções de voto, e Hélio Costa (PMDB), com 33%.
Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, Anastasia pode ter entre 33% e 37%, e Hélio Costa, entre 31% e 35%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
(Os números do Datafolha, em pesquisa divulgada na manhã desta sexta-feira, foram diferentes: Costa teve 40% das intenções de voto, e Anastasia, 35%.) Os candidatos Vanessa Portugal (PSTU) e Fabinho (PSB) aparecem com 1%, enquanto Zé Fernando Aparecido (PV), Professor Luiz Carlos (PSOL) e Edilson Nascimento (PTdoB) não atingiram 1% das intenções de voto. Pepê (PCO) teve a candidatura indeferida pelo TRE e foi substituído por Adilson Rosa, que foi incluído na pesquisa pelo Ibope, mas também não atingiu 1%.
O levantamento divulgado nesta noite é o quarto da série realizada pelo Ibope. Anastasia aparecia com 21% na pesquisa de 30 de julho, tinha 27% em 23 de agosto, alcançou 35% em 28 de agosto e manteve 35% no atual levantamento. Hélio tinha, respectivamente, 39%, foi a 38%, passou para 33% e manteve 33%.
SEGUNDO TURNO O Ibope também simulou a votação no caso de um segundo turno entre os candidatos Hélio Costa e Antonio Anastasia. O candidato do PSDB manteve 37%, enquanto Hélio Costa continuou com 36% registrados na pesquisa anterior. Nesta simulação de segundo turno, os votos em branco e nulos somam 6%. Os eleitores que ainda não sabem em quem votar são 21%.
A pesquisa ibope foi realizada entre 31 de agosto e 2 de setembro. Foram entrevistados 1806 em Minas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob o número 669911/2010.
Washington César Barbosa assumiu a propriedade da arma e disse que estava sendo ameaçado de morte.
Uma pessoa foi presa pela polícia militar na tarde de ontem, quinta-feira, no Conjunto habitacional Olga Benário, região Sul de Montes Claros, acusada de porte ilegal de arma, suspeita de participação em um homicídio e outra tentativa de homicídio no Bairro Santo Amaro.
Segundo informações do cabo Jairo Pires, durante patrulhamento pela Avenida Garçom Abel Pereira Moreira, no Olga Benário, os militares receberam informações de que numa casa daquela avenida funciona uma boca de fumo. Ao se aproximarem do local, os policiais avistaram uma pessoa, que, ao perceber que seria abordada, começou a agir de forma estranha.
Washington César Barbosa, 22 anos, com diversas passagens pelos meios policiais, ao ser abordado, alegou aos militares que estava sem os documentos, que teriam ficado dentro da casa de onde acabara de sair. Ele foi acompanhado por um policial para buscar os documentos no local, onde o militar encontrou um cartucho de arma de fogo. Ao voltar com o documento, os policiais realizaram buscas na casa onde Washington estava. Numa gaveta do guarda-roupa, foram encontrados cinco cartuchos intactos de calibre 38; na outra gaveta, um revólver calibre 38 municiado com seis cartuchos.
Ainda de acordo com o policial, Washington assumiu a propriedade da arma e das munições e afirmou que comprou o revólver por R$ 500 para se defender, porque estava sendo ameaçado de morte, mas não disse por quem.
Washington estava sendo levado para a viatura quando a adolescente D.O.S., de 17 anos, que disse ser namorada do suspeito, chegou ao local e afirmou que a casa pertence a ela, mas que o namorado não mora na residência.
Ainda de acordo com os policiais, o revólver de propriedade de Washington foi o mesmo usado no assassinato de Giliard Sérgio Santos, no dia 21 de março deste ano, conforme BO nº16543, e na tentativa de homicídio contra uma pessoa conhecida pelo nome de Josimar, que ficou gravemente ferido.
Moradores do bairro afirmaram que Washington faz a segurança de uma boca de fumo existente no conjunto. Ele foi levado para a delegacia, onde ficou à disposição da justiça. (Reportagem: Rubens Santana)
Hélio Costa reclama apoio de petistas e reforça movimento Dilmasia.
Uma das principais queixas de Hélio Costa (PMDB-MG) em relação a seus companheiros petistas de chapa - Patrus Ananias, vice, e Fernando Pimentel, candidato ao Senado - é a de que estariam oferecendo pouca ajuda com o eleitorado da região metropolitana de Belo Horizonte, informa o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete. Pimentel foi prefeito da capital.
Em julho, Costa tinha 43% em BH e na região metropolitana, contra 36% obtidos no novo Datafolha. No mesmo período, Antonio Anastasia (PSDB) saltou de 26% para 47%.
A vantagem do candidato ao Governo de Minas Gerais pelo PMDB, senador Hélio Costa, sobre o adversário do PSDB, governador Antonio Anastasia, é de apenas 5 pontos percentuais. Foi o que revelou pesquisa de intenção de voto divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Datafolha.
No levantamento, Costa aparece com 40% da preferência do eleitor, enquanto Anastasia tem 35%. É a menor diferença entre os dois medida pelo Datafolha. O número de indecisos caiu, mas permanece alto: 15%.
Todos os outros candidatos não passaram de 1% das intenções de voto. Aqueles que vão votar em branco ou anular o voto somam 4%. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o que não garante empate técnico entre os primeiros colocados.
Desde que teve início o horário eleitoral gratuito, no dia 17 de agosto, Anastasia tem crescido em todas as pesquisas de opinião. O penúltimo levantamento Datafolha, por exemplo, realizado entre os dias 23 e 24 de agosto, mostrava o tucano com 29% das intenções de voto contra 43% do peemedebista. A vantagem era de 14 pontos percentuais e agora já está em 5 pontos.
O Ibope já mostra empate técnico, com Anastasia à frente. Na última amostragem do instituto, realizada entre os dias 24 e 26 de agosto, o governador obteve 35% da preferência do eleitor. Já Costa ficou 33%. Foi a primeira vez que um instituto conferiu dianteira ao tucano. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
PIMENTEL CRESCE PARA O SENADO
O Datafolha também divulgou pesquisa sobre as intenções de voto para o Senado em Minas Gerais. A novidade foi o crescimento do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). De acordo com os números, ele passou de passou de 25% da preferência dos mineiros que vão votar (nos dias 23 e 24 de agosto) para 30%.
O ex-governador Aécio Neves (PSDB) continua liderando. Ele tem 64% das intenções de voto. No levantamento anterior, tinha 70%. Já o ex-presidente Itamar Franco (PPS) mantém-se estável com 44% da preferência dos eleitores. Neste ano, Minas Gerais terá direito a eleger dois senadores. Os eleitores terão então que votar em dois nomes.
A pesquisa Datafolha para o Governo e o Senado foi realizada nos dias 31 de agosto e 1 de setembro em 76 municípios. Ela foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais com o número 66737/2010.
A história de Ardi Rizal comoveu, chocou e revoltou o planeta. O menino de 2 anos fumava, segundo os pais, 40 cigarros por dia. Após tratamento em um centro pediátrico, Ardi deixou de fumar, segundo os médicos. O menino mora no vilarejo de Musi Banyuasin, em Sumatra (Indonésia).
- "Ele deixou de fumar, e o mais importante é que não pede mais cigarros", disse o secretário-geral da Comissão Nacional de Proteção à Infância do país, Arist Merkeda Sirait.
A solução para tirar Ardi do vício foi simples: ele deixou de fumar e passou a brincar mais.
Ardi é um símbolo de uma tragédia social que abala a Indonésia. Cerca de 25% dos habitantes entre 3 e 15 anos já experimentaram cigarro - 3,2% são fumantes regulares. Além disso, um grande número de crianças é vítima de fumo passivo no país, que produz 240 bilhões de cigarro por ano.
Depois de divulgar as duas capas diferentes do mês de setembro (veja postagem anterior aqui n’A Província), estampadas por Larissa Riquelme, a "Playboy" resolveu dar mais um aperitivo aos seus leitores. Nesta quinta-feira, 2, foi publicada a primeira foto 3D que vai estampar uma das 14 páginas do ensaio da paraguaia mais sensual dos últimos anos.
No ensaio clicado por Maurício Narras, na Arena Barueri, em São Paulo, Larissa aparece exibindo seu corpo escultural no gramado do estádio, no vestiário e até nas arquibancadas.
- Não estou nem acreditando. Lutamos tanto no campeonato mineiro do módulo II. Sabíamos que a justiça viria. Todo momento acreditamos que o julgamento seria favorável ao Funorte e prevaleceu a justiça. Estamos na primeira divisão. Ninguém mais tira isso. Eu e meus companheiros estamos muito felizes.
Anderson, zagueiro do Funorte.
LUTA DA DIRETORIA
- Depois de 12 anos vamos ter novamente um time de futebol na primeira divisão. Sei o tanto que o Funorte vem lutando para chegar até aqui. Temos que parabenizar a diretoria pela luta. Agora é todos unir e abraçar a causa e ajudar o Funorte a ir bem no campeonato mineiro da primeira divisão. Esperamos que o Mocão possa ser construído e possa receber bons jogos. Com o Funorte na primeira divisão empresários vão ajudar o Formigão.
Denarte Dávila, desportista e ex-jogador profissional.
SÓ FALTA O MOCÃO
- Para Montes Claros é de grande valia do Funorte está na primeira divisão. É uma satisfação enorme ter um time de Montes Claros na primeira divisão, pela luta e pela batalha, principalmente, do Cristiano Júnior. Era o que nos precisávamos. Agora, independente disso, vai precisar de um campo. A construção é um problema burocrático e precisa ser resolvido o mais rápido possível. O prefeito Tadeu Leite disse que é uma vontade dele construir o Mocão e sem dúvida iria marcar sua administração.
Toninho da Cowan, secretário municipal da Juventude, Esportes e Lazer.
QUESTÃO DE JUSTIÇA
- Foi feito justiça. O Funorte não poderia abrir mão de seus direitos. É uma norma da CBF que todo jogador precisa está no BID para poder estar apto a jogar. Estou muito feliz com o acesso do Funorte e vamos ajudar o Formigão. Já que é praticamente inviável a construção do Mocão que se faça uma reforma geral no campo do Cassimiro.
Gilson Albuquerque, desportista e ex-presidente do Cassimiro.
Acompanhe, minuto a minuto, o julgamento que tirou 7 pontos do Mamoré e colocou o Funorte na primeira divisão do Campeonato mineiro 2011.
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13:45 - ESTAMOS INICIANDO NESTE MOMENTO A TRANSMISSÃO EM TEMPO REAL DOS JULGAMENTOS DO PLENO DO SUPERIOR TRIBUBAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA (STJD).
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13:48 - A SESSÃO SERÁ PRESIDIDA PELO PRESIDENTE DO STJD RUBENS APPROBATO, QUE VOLTA A COMANDAR UMA SESSÃO APÓS UM PERÍODO DE AUSÊNCIA PARA SE TRATAR DE UM PROBLEMA DE SAÚDE.
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13:55 - O PRESIDENTE RUBENS APPROBATO DECLARA ABERTA A SESSÃO.
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O PRESIDENTE CHAMA OS PROCESSOS 50 e 51/2010 Recurso Voluntário - Procedência: TJD/MG – Recorrente: Procuradoria do TJD/MG – Recorrido: Esporte Clube Mamoré. Auditor Relator: Dr. ALBERTO DOS SANTOS PUGA BARBOSA.
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14:08 - COM A PALAVRA O RELATOR, ALBERTO PUGA, PARA RELATÓRIO.
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14:10 - Entenda o caso: O Mamoré/MG recorre da perda de pontos e a aplicação de multa pela prática de conduta prevista no art. 214, do CBJD, mais precisamente da escalação irregular do atleta Vitor Soares de Araújo.
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14:16 - O RELATOR ENCERROU O RESULTADO E OS AUDITORES ESTÃO DEBATENDO SE O FUNORTE PODE SER TERCEIRO INTERESSADO NO PROCESSO.
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14:18 - OS AUDITORES ABREM VOTAÇÃO PARA SABER SE O FUNORTE PODE SER TERCEIRO INTERESSADO NO PROCESSO.
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14:21 - POR MAIORIA FOI DECIDIDO QUE O FUNORTE PODE SER O TERCEIRO INTERESSADO NO PROCESSO.
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14:23 - COM A PALARA O ADVOGADO DO FUNORTE, CARLOS PORTINHO, QUE INICIA A SUA FUNDAMENTAÇÃO AFIRMANDO QUE A CARTEIRINHA DO JOGADOR NÃO TEM CREDIBILIDADE, POIS O NOME DO ATLETA ESTAVA ERRADO.
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14:25 - O ADVOGADO DIZ QUE É INDISCUTÍVEL QUE O CONTRATO DO JOGADOR ERA ATÉ O DIA 11 DE ABRIL DE 2010 E QUE ELE NÃO PODERIA SER ESCALADO APÓS ISSO, O QUE ACONTECEU. EM SEGUIDA, AFIRMA QUE O CONTRATO FOI PROTOCOLADO.
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14:27 - PORTINHO AFIRMA QUE SE O BID ESTIVESSE ERRADO, O CLUBE DEVERIA TER ACIONADO O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA PARA QUE OS DADOS ESTIVESSEM CORRETOS E NÃO SE ASSEGURAR NUMA CARTEIRINHA PARA ESCALAR O JOGADOR.
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14:29 - O ADVOGADO RESSALTA QUE A CONSEQUENCIA DESSE PROCESSO É A ÚLTIMA VAGA NO CAMPEONATO MINEIRO DO ANO QUE VEM.
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14:30 - O DEFENSOR ENCERRA A SUA FUNDAMENTAÇÃO PEDINDO O PROVIMENTO DO RECURSO, PARA QUE O MAMORÉ PERCA OS PONTOS DAS DUAS PARTIDAS EM QUESTÃO.
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14:32 - COM A PALAVRA O ADVOGADO DO MAMORÉ, ROGÉRIO RODRIGUES. O DEFENSOR DIZ QUE O CLUBE EM NENHUM MOMENTO ESCALOU UM ATLETA IRREGULAR E QUE O MAMORÉ FOI PREJUDICADO, POIS O ALGARISMO 4 QUE REPRESENTA O MÊS DE ABRIL É O ÚNICO NÚMERO DIFERENTE NO CONTRATO E QUE NO TJD/MG FICOU A SUSPEITA DE ALTERAÇÀO NO CONTRATO.
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14:34 - O DEFENSOR DIZ QUE O AMÉRICA, QUE EMPRESTOU O JOGADOR, INFORMOU A FEDERAÇÃO QUE O CONTRATO DO ATLETA ERA ATÉ JUNHO. EM SEGUIDA, DIZ QUE TODOS OS JOGADORES TINHAM CONTRATO ATÉ O MEIO DO ANO E QUE COM VITOR NÃO SERIA DIFEENTE.
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14:36 - O ADVOGADO DIZ QUE O FATO É ATIPICO E QUE O MAMORÉ NÃO PODE SER PREJUDICADO. ELE AFIRMA QUE A CARTEIRINHA É UM DOCUMENTO OFICIAL, SIM.
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14:39 - O ADVOGADO DO MAMORÉ DIZ QUE NOS DOIS JOGOS EM QUE O JOGADOR ESTAVA TEORICAMENTE IRREGULAR, O TIME SÓ CONSEGUIU SOMAR UM PONTO E MESMO ASSIM AINDA TERIA FEITO UMA CAMPANHA MELHOR QUE A DO FUNORTE.
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14:41 - COM A PALAVRA O RELATOR PARA VOTO.
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14:47 - O RELATOR VOTA NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO PARA NO MÉRITO DAR PROVIMENTO.
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14:50 - O AUDITOR VIRGÍLIO VAL ACOMPANHA O VOTO DO RELATOR.
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14:52 - COM A PALAVRA O AUDITOR JOSÉ MAURO PARA VOTAR.
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14:55 - JOSÉ MAURO TAMBÉM ACOMPANHA O VOTO DO RELATOR.
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14:58 - COM A PALAVRA O AUDITOR FRANCISCO MUSSNICH PARA VOTO.
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15:00 - MUSSNICH E OS DEMAIS AUDITORES ACOMPANHAM O VOTO DO RELATOR. AGORA O PRESIDENTE TEM A PALAVRA PARA VOTAR.
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15:03 - O PRESIDENTE TAMBÉM ACOMPANHA O VOTO DO RELATOR.
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15:06 - RESULTADO DO JULGAMENTO: POR UNANIMIDADE DE VOTOS, CONHECER DO RECURSO PARA NO MÉRITO DAR-LHE PROVIMENTO. ASSIM O MAMORÉ PERDE SETE PONTOS.
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15:08 - OS AUDITORES AINDA ESTÃO DEBATENDO SOBRE O PROCESSO.
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15:12 - OS AUDITORES DISCUTEM SE DEVEM OU NÃO PROCLAMAR QUE A VAGA É DO FUNORTE, MAS ENTENDEM QUE A FEDERAÇÀO MINEIRA DE FUTEBOL QUE DEVE FAZER ISSO.
A Justiça desportiva acaba de decidir por 9 a 0: o Funorte está na primeira divisão do Campeonato mineiro de futebol 2011. Leia mais detalhes nas próximas horas, aqui n'A Província, onde a notícia chega primeiro.
A britânica Sarah Cassidy, de 43 anos, usa um cilício (objeto usado sobre a pele para mortificação e penitência) na coxa toda a noite para reprimir seus desejos sexuais, segundo reportagem do jornal inglês "Daily Mail".
Solteira e sem filhos, Sarah destacou que não bebe, abomina drogas e nunca teve relações sexuais. Para continuar virgem, ela coloca o cilício em sua coxa durante duas horas por dia para inibir qualquer desejo sexual.
A mulher trabalha como diretora de uma escola primária no Reino Unido.
Um empresário de 50 anos gastou 15 mil libras (R$ 40,4 mil) para criar uma boneca inflável da ex-namorada depois que ela o abandonou, segundo reportagem do jornal "The Sun".
O homem levou várias fotos da ex para que o fabricante de brinquedos adultos Diego Bortolin fizesse a boneca. "Eu quero igual a ela, mas com peitos maiores", teria dito o empresário.
Bortolin, que não quis revelar o nome do comprador, cria bonecas infláveis em sua loja Tentazioni, em Treviso, na Itália.
Segundo ele, suas bonecas são muito realistas. Bortolin destacou que o modelo encomendado pelo empresário ficou mais caro, porque ele queria uma boneca idêntica à ex, incluindo a forma das unhas e dentes.
Está marcado para o dia 25 de setembro, a partir das 9h, no pátio da secretaria de Serviços Urbanos (Avenida Francisco Ribeiro, n° 100, Vila Exposição), o leilão público que venderá veículos e equipamentos da prefeitura de Montes Claros. As melhores ofertas levarão itens como carteiras escolares, armários de madeira e de aço, condicionadores de ar, bebedouros, congeladores, geladeiras, aparelhos de TV, equipamentos de informática e aparelhos de uso médico e odontológico.
Os 36 veículos que serão leiloados foram classificados, por laudo técnico, como sucata ou sem recuperação. O lote é composto por automóveis da Volkswagen (Fusca, Gol e Kombi); Fiat (Palio e Palio Weekend); Ford (Escort) e Chevrolet (Corsa e Ipanema). Além de caminhões, ônibus, motocicletas de várias marcas, trator de esteira, pá carregadeira e escavadeira. A prefeitura espera arrecadar um entre R$ 220 mil e R$ 286 mil com o leilão.
A secretária de Administração, Martha Pompeu Padoani, explica que o leilão público faz parte de um trabalho de saneamento da carga patrimonial da prefeitura:
- Os bens públicos têm todo um rigor protocolar, contábil e administrativo.
Segundo ela, os recursos arrecadados com o leilão serão repassados ao Tesouro municipal.
Nesta quarta-feira, 1º, foram divulgadas pelo site da revista Veja as capas da edição de setembro da revista “Playboy”, estampadas pela paraguaia Larissa Riquelme. Os cliques são do fotógrafo Maurício Narras e foram feitos na Arena Barueri, em São Paulo.
Nesta edição, a publicação masculina inovou: vai mostrar fotos de Riquelme em 3D. Em agosto, a modelo paraguaia apelidada de “Musa da Copa” esteve na festa de lançamento da edição comemorativa com Cleo Pires – que também ilustra a edição deste mês -, realizada no Rio de Janeiro. Na ocasião, ela deu a entender que participaria do reality show “A Fazenda”, da Rede Record.
A gravação de um comercial de um sex shop, em que uma mulher nua aparece puxando uma carroça acorrentada, virou atração ontem, terça-feira no Centro de Berlim, na Alemanha.
Há um cheiro de borracha queimada dentro do consórcio formado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e players da iniciativa privada na gestão operacional dos blocos para pesquisa e exploração de gás natural na Bacia do São Francisco, em Minas Gerais.
As divergências chegaram a tal ponto que, em determinado momento, surgiu a conversa da possibilidade de repassar os blocos arrematados em leilão da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Os parceiros da Codemig na área são as empresas mineiras Delp Engenharia e Orteng Equipamentos e Comp. A parceria tem ainda área comprada da Cia. Energética de Minas Gerais (Cemig), em fins de 2008.
As divergências dentro do consórcio ficaram evidentes diante de inúmeros adiamentos do cronograma das perfurações. Em junho passado, a Codemig deu conhecimento que, em outubro, seriam iniciadas novas perfurações de pesquisa do potencial de gás natural nos blocas – para avaliar se era economicamente viável a exploração.
Pois bem. Em 22 de setembro, em painel dentro do 13º Congresso Brasileiro de Mineração, do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o secretário de Desenvolvimento Econômico do Governo de Minas, Sérgio Barroso, agendou nova época para aquelas sondagens: novembro. Esta data também foi vencida e ressurgiram, na época, as conversas da transferência dos blocos, que são vizinhos aos da Petrobras e da Shell.
A GRANDE JAZIDA DE FERRO Mas não é apenas na busca do sonhado Eldorado do gás natural que o Governo de Minas passa por provação. Dentro da administração estadual há o sentimento que houve “exagero” no anúncio da megamina de minério de ferro no Norte de Minas.
Codemig e Indi anunciaram reservas de material ferrífero que poderiam representar de 10 bilhões de toneladas a 12 bilhões de toneladas, com teor de 25% (itabirito pobre), ou seja, uma produção líquida de 2,5 bilhões t a 3 bilhões t de minério.
Essa riqueza se estenderia em áreas dos municípios de Salinas e Rio Pardo de Minas.
Dentro do Consórcio Corporativo Novo Horizonte (CCNH), no qual a Codemig agruparia prováveis parceiros e já teria contactado a Vale S/A e a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN).
Mas estes ainda demonstram pouco entusiasmo em relação à pressa que o Governo de Minas tem para levar máquinas e montar equipamentos na área.
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(*) Texto reproduzido da coluna do Nairo Almeri, publicada no Hoje em Dia, edição de 19.02.2010
A Orteng comunicou à Agência Nacional de Petróleo (ANP) ter encontrado gás natural no bloco exploratório SF-T-132, na Bacia do São Francisco. É a primeira descoberta na região, em área licitada pela ANP na 7ª Rodada de Licitações, em 2005. Só na próxima semana a empresa deverá saber se o poço é viável comercialmente ou não.
O gás foi encontrado em um reservatório secundário, a 1.440 metros de profundidade, em Morada Nova de Minas. As perfurações continuam nos próximos 20 dias, quando a empresa deve chegar ao reservatório principal, a 2.480 metros de profundidade.
A Orteng é sócia da Codemig, Imetame Energia e Delp Engenharia no projeto. Ainda sem grande atividade exploratória, a Bacia do São Francisco é considerada de grande potencial para descobertas de gás natural. A descoberta foi feita no poço 1ORT1MG.
Segundo o diretor de Óleo e Gás da Orteng, Frederico Macedo, a equipe técnica da empresa ainda está analisando os resultados dos testes já realizados. “A análise relativa ao volume e à vazão pode sair na segunda-feira, mas também é possível que tenhamos de fazer testes complementares para saber se o reservatório é comercial ou não. Acredito que seja”, afirmou Macedo, relatando que houve queima de gás na superfície durante o teste de formação.
Em 20 dias, a empresa deve chegar ao reservatório principal, onde os estudos preliminares apontaram maior probabilidade de gás em grande volume. O consórcio já investiu R$ 10 milhões em Morada Nova de Minas e deve investir outros R$ 11 milhões ainda nesse poço.
Somente após os resultados dos testes de viabilidade econômica, a Orteng e demais consorciadas devem definir o cronograma de perfuração de outros poços no mesmo bloco ou nos dois outros que arrematou. Ainda não há uma previsão de quando começa a exploração comercial.
O prefeito de Morada Nova, Alexsander da Silva Rocha, avaliou que o município vai passar por um novo ciclo de desenvolvimento caso se confirme a viabilidade comercial do gás natural encontrado. Ele reconhece que o município ainda carece de investimentos, especialmente em qualificação da mão de obra. Nesse sentido, já foi fechada uma parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), e estão em andamento conversas com o Governo estadual.
A instalação de indústrias na região também é uma possibilidade que o prefeito considera. Em substituição ao óleo, o gás natural, em alguns casos, aumenta a produtividade das empresas e reduz custos. Empreendimentos próximos ao local da extração dependem menos da construção de uma logística de distribuição do gás, e o prefeito aposta nesse diferencial. “É uma chance de diversificar nossa economia. Temos um plano estratégico de desenvolvimento que já previa essa possibilidade”, disse. (Reportagem: Cássia Eponine e Bruno Porto/Hoje em Dia)
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MURO DE LAMENTAÇÕES
ESTES ESTÃO NA COLA
DIDU, ALGUMAS LEMBRANÇAS...
Por Haroldo Tourinho
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"Ele, clarão de um meteoro iluminado/sem outro motivo a não ser sua/própria presença, se vai só a se extinguir."
MALLARMÉ, Sthéphane/sobre Rimbaud
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Meu querido irmão Roberto, Didu para os amigos, muitos, faria em 28 de fevereiro último 60 anos. Peça rara, raríssima - consenso - se foi, precocemente, aos 37. Nas teias da vida chocou-se com uma locomotiva vinda em sentido oposto.
Quando menino, ainda no marista São José, sabia de cor e salteado todas aquelas coisas maçantes que quase ninguém sabia ou queria saber: biografias de santos, datas históricas e, cacete!, nomes de rios e mares e capitais mundo afora. Fazia análise sintática! De textos de Camões!, a quem não poucos odiavam e chamavam de o Caolho. Quando, em casa, dava-se a recitar poesias, meu pai ficava de queixo caído: "Esse menino é
um gênio!"
Desnecessário encaminhá-lo a testes vocacionais, o boletim escolar apontava-lhe o destino: em matemática, desenho (geométrico), educação física (não ia às aulas), ciências, música, caligrafia, ZERO; em história, geografia, português, inglês, francês, religião, DEZ.
Comportamento, idem. Só se dedicava ao que gostava, daí sua média mensal sempre baixa. Mas não chegou a tomar bomba no ginásio.
Na adolescência, como bons irmãos que éramos, começamos a divergir em alguns pontos. Ele, apaixonado, fanático por futebol, assinava a revista Placar e não deixava de ler um parágrafo sequer dos cadernos de esportes do Estado de Minas e do Jornal do Brasil. Seus novos santos eram agora jogadores. Dos favoritos sabia tudo: nome completo!, data e local de nascimento, prato e perfume prediletos, carreira - veio-de-onde, vai-pra-onde, valor do passe..., estado de saúde - está contundido, quebrou o braço, a perna, levou uma cotovelada no olho, operou os meniscos... Uma coisa! Eu criticava aquela inutilidade cultural e ele retrucava, marcando gol: "Uai, você não sabe a data de nascimento de cada um dos Beatles? Que Ringo Starr toma uísque com Coca-Cola? Que John, abandonado pela mãe separada do marido, foi viver com a tia Mimi?
Sua paixão futebolística tocou a trave da loucura ao resolver
pintar o quarto de vermelho e preto. Cores do seu adorado Flamengo, tricampeão carioca de 53-54-1955, feito que ele não cansava de repetir.
Nos outros times, com raras exceções, só havia pernas de pau, juízo que modificava quando passavam a ostentar a camisa do Mengo... Até curti a ideia de ver nosso quarto rubro-negro, mas mamãe vetou-a: "Aí é demais!" Minha bisavó Carlota, que morava conosco, veio a reboque: "Oh, meu filho, são cores do
demônio, do inferno, não faça isso, vou lhe mandar benzer."
Ele e vovó Carlota eram parceiros no jogo do bicho: ela financiava, ele ia ao apontador, o que para ela não ficava bem. Quando ganhavam dividiam o prêmio e eu ficava com uma ponta de inveja, mas acabava levando uns trocados.
Jogo, outra das paixões do Didu adolescente, fosse qual fosse,
lúdico ou contraproducente: damas, xadrez, ludo-real, dominó, varetas, banco imobiliário (o War viria mais tarde, mas ele ainda o alcançou), roleta, buraco em família, sete-e-meio, vinte-e-um, caixeta e pôquer com os amigos, esses últimos apostado. Para o pôquer - lembram os parceiros - paramentava-se com sua camisa-polo do Flamengo e acendia
uma vela sobre o aparador da sala de jantar. E entrava em campo para ganhar, frio, calculista, blefador.
Separamo-nos, enfim, de quarto. Fui para um outro com meus rocks, ele permaneceu no nosso com o seu futebol. Logo encontraria no meu irmão-de-leite Sérgio Deusdará um substituto. Nos fins de semana ouviam, num rádio portátil enorme, de seis ou oito pilhas, todos os jogos possíveis.
E não ficavam nisso. Encerradas as partidas, passavam aos comentários e mesas redondas, um saco! Eu ficava por ali, só, e os dois metidos no quarto com sucos e biscoitos. Devido ao avançado da hora, Sérgio acabava dormindo em minha antiga cama.
Seus pais, dr. Deusdará e Toinha, amigos dos meus, sabiam que, de sábado à tarde à noite de domingo, com o filho não podiam contar. Logo comecei a frequentar festinhas e não dava mais bola para eles.
Depois Didu mudou, por volta dos seus 14/15 anos. Continuou
Flamengo, sempre, mas encaixotou sua coleção de Placar e passou a lerRimbaud, Baudelaire, Mallarmé, Verlaine, Vinícius, Drummond..., poetas mais sérios dos que lia até então. E de mero espectador de cinema evoluiu para a categoria de cinéfilo, de carteirinha. Mesmo sem alcançá-los, que idade nem maturidade tinha para isso, só falava em Goddard, Glauber,
Welles, Pasolini, Antonioni, Fellini, e em nosso Carlos Alberto Prates, a quem chamava intimamente de Charles (ficaram amigos quando da filmagem local de Os marginais). John Ford, Howard Hawks? Apenas mestres do passado...
E assim como anotava em uma caderneta todos os livros lidos, com a sua cotação final, bom ou mau, abriu outra para os filmes. Ali se podia ver título, gênero, diretor, produtor, atores principais, coadjuvantes, enfim, tudo o que merecia créditos na película. Acrescentava o nome da sala que exibira a fita e o preço do ingresso! Finalmente, a sua cotação, que ia de uma a cinco estrelas.
Em Belo Horizonte, para onde foi pouco depois dessa época, tornou-se assinante dos Cahiers du Cinéma por algum tempo e consumidor de revistas e livros nacionais especializados que começavam a aparecer.
Em música, gostava das canções passadas - Billie Holiday, Louis Armstrong, Cole Porter, Chet Baker, Sinatra, Ray Charles, Elvis e outros -, do rock inglês que assolava a nação, mas tinha queda especial pela nascente bossa-nova, com João Gilberto, Tom, Vinícius, Toquinho, Chico, que amava.
Roberto ou Didu, como queiram, esteve pouco tempo entre nós, um cometa, mas deixou muitas outras lembranças. Viveu! Ficam essas para uma próxima oportunidade.
FRAGRÂNCIA MISTRAL
Por Antônio Augusto Souto ... Em livro acaso deixado em recanto escuso de prateleira, redescubro Gabriela Mistral, fragrância de mulher na poesia que suponho: América do Sal, do Sol e do Sul; Ameriquinha de sonho! Indiozinho que se recosta sobre a Terra, tambor que ainda contesta, em batida firme de ritmo certo que tange longe e tange perto. Sonido de trilhos e de festas. Nobel um dia dela e condores instigantes e perfume de roseiral andino: indiozinho de Gabriela, sonho dourado de menino. O que há é conformismo! Sem essa de destino! Dá-me tua mão, Mistral do mundo, e dançaremos. Dá-me tua mão e te amarei e esvoaçaremos sobre Andes, Aconcágua e Amazônia, sob a imensidão deste céu deslumbrantemente azul. Linda América do Sal, caliente América do Sol, inda inconsútil América do sul!
Por Antônio Augusto Souto ... Penso em noite enluarada, em suavíssimo violão e solo de flauta. Quero taças finíssimas de cristal e brindes moderados. Vou querer, amada, celebrar a tua longa e doce companhia. Penso em estrelas, no firmamento; nuanças de poesia e fragrâncias, no vento. Não direi palavras. Tu também, se assim quiseres, não o farás. Olhar-nos-emos, apenas. As marcas acaso deixadas pelo tempo nos remeterão ao passado que resiste, às coisas grandes da existência, às questões pequenas... Enlaçaremos as mãos e, a um tempo, recomeçaremos, libertados dos sobressaltos e das ocasionais dores. Sem os voos incertos do aprendizado, celebraremos o jardim que plantamos juntos. Quero que sejam tuas, exclusivamente tuas, as nossas flores. ... antonioaugusto@viamoc.com.br
360 DIAS DAS MÃES
Por Luiz Carlos Amorim
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Está chegando o Dia das Mães, um dia para lembrarmos que devemos reverenciar a mulher mais importante da nossa vida todos os dias, qualquer dia, sempre. Precisamos, antes de qualquer coisa, estarmos presentes, dar-lhe carinho, manifestar nosso respeito, nosso reconhecimento e nosso amor. Não apenas nesta data específica, nesta semana, mas sempre. Nada é mais importante do que a companhia, a presença tanto quanto possível, não interessa a idade que os filhos tenham.
Mas é tradição, para nós, filhos, darmos uma lembrança a ela, no seu dia, além de manifestar o sentimento que ela inspira em cada um. Comprar presente, sabemos, é uma questão de consumo, o comércio inventou essas datas comemorativas para vender mais. É que já virou tradição, já nos habituamos a dar um presente às Mães, no seu dia, tão bom quanto possamos dar. É uma outra maneira de dizer que ela é importante para nós, é uma maneira de homenageá-la, de provar que pensamos nela.
Outro dia, dizia eu a uma amiga que minha vida é e sempre foi povoada por mulheres maravilhosas. E ela me disse que eu agradecesse a Deus por isso, o que é mais do que justo. Tive avós fantásticas, até uma avó postiça que ganhei nessas lidas literárias que a vida me proporcionou, professoras, minha esposa, minhas filhas, minha mãe, mulheres maravilhosas que talvez eu nem merecesse.
Minha mãe, claro, é quem esteve mais presente, pois me acompanha a vida inteira. Acho que no dia dela, quem ganha o presente, na verdade, somos nós, os filhos, por tê-las. O que somos, temos que reconhecer, devemos a elas, pois é com elas que passamos o maior tempo de nossas infâncias e adolescências, são elas que nos ensinam o que devemos saber para enfrentar o mundo dos adultos.
Por tudo o que ela representa, deveríamos dar-lhe um grande, enorme presente. Mas se não pudermos comprar nenhum presente – e isso pode acontecer com muitos filhos – que presente então lhe dar, a não ser nosso respeito, todo carinho e amor e uma pequena flor, gigante como ela própria? Sim, uma flor – símbolo incontestável do sentimento maior que ela nos inspira, junto com o abraço forte e o beijo grande, repletos de carinho e emoção.
Mãe – a vida se repartindo, coração se avolumando, amor se multiplicando... Todos os dias são seus, toda a vida lhe pertence; a natureza, perfeita, é sua irmã gêmea. E nós te festejamos, hoje e todos os dias.
MAMÃE, E COM TODAS AS LETRAS
Por Marli Gonçalves
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Até mais alguns muitos dias nossos ouvidos ainda vão aguentar tudo quanto é tipo de apelo para consumir, comprar, presentear, oferecer, dar. Os caras aproveitam essas datas, bem comerciais, para associar mãe a cada tipo de coisa que vamos, venhamos e convenhamos...
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Mamãe: cinco letras que choram. Desde bem menina ouço essa frase e só agora me toquei que ela parafraseava uma música linda dos Anos 50, Adeus, adeus, adeus, composição de Silvino Neto, eternizada nas vozes de Francisco Alves e Orlando Silva. A minha mãe, como boa canceriana, sempre foi muito emotiva, gostava de fazer draminhas que me lembram até hoje os boleros. Falava muito nas tais letras choronas, e num tal padecer que não era em paraíso nenhum. Era normal dela ouvir, naqueles momentos que brigava comigo ou com meu irmão, quase ameaçadora, mas sempre premonitória: "Vocês vão ver. Quando eu não estiver mais aqui é que vocês vão me dar valor, sentir minha falta, lembrar que eu tinha razão".
Ah! Não me diga que você também ouve ou ouviu essa frase? Mãe é mesmo tudo igual. Só muda o endereço. E o que é pior: elas sempre têm razão mesmo. Na grande maioria das coisas.
Pois bem. Minha mãe me disse adeus há nove anos. E todos os dias, por uma coisa ou outra tenho mesmo saudades e me lembro de algumas das suas falas e feitos, que ela era bem danada. Baixinha, gordinha, mineira, minha bichinha era arretada. Não gostava e não levava desaforo para casa, de jeito algum, uma das características mais fortes que puxei dela, além do tamanho e do peso sempre a ser controlado.
Por exemplo, lembrei esses dias o quanto ela odiava essas palhaçadas, como chamava dia das mães, dia dos pais, dia do c... (a língua era afiada também): "Uma falsidade que só serve para deixar as pessoas tristes" "Dia das Mães tem de ser todo dia, porque o que a gente aguenta de malcriação dos filhos!...", resmungava. Pensando no mundo todo, porque a gente com ela sempre pisou bem miudinho.
Na verdade, esse monte de lembranças tem vindo à minha cabeça desde que há mais de um mês começaram as campanhas publicitárias chamando e convencendo o pessoal a gastar. É um tal de mãe linda abraçando bebê fofinho, frases de efeito para vender linguiça e cerveja em supermercados, jingles chatos martelando. Um tal de mãe é isso, mãe só tem uma, avó mãe da mãe. Compre um carro, uma blusinha, uma bolsa, sapato, celular, geladeira. Se for no shopping tal, e gastar gostoso, a partir de, pode até levar brilhantes. Claro, só se for sorteado um daqueles cupons infernais. O barato agora é mostrar as mães sempre jovens, lindas, cabelos ao vento, dentes brancos, sorridentes, ricas, magras, sem sofrimentos de parto, dinheiro para dar e vender, maridos apaixonados.
Coitadas das mães reais. Devem se sentir um lixo vendo aquilo. As mães reais têm mesmo pouco espaço na mídia. A não ser quando se manifestam por seus filhos assassinados ou desaparecidos.
A gente não vê muito aquelas que tiram da própria boca para alimentar os filhos, as mães que são "pais" e paus para toda a obra, as abandonadas, as que quiseram continuar solteiras, aquelas que não têm com quem nem onde deixar os filhos, as desesperadas porque os filhos seguiram direções contrárias, inclusive à lei. Mães que trabalham fora e passam o dia inteiro muito preocupadas ou se culpando por não ter tempo de dar atenção, as mães da dupla, às vezes tripla, jornada de trabalho. As tantas mães prostitutas que vêm para a cidade grande para ganhar algum para mandar, em geral para a mãe que cuida de seus filhos lá bem longe.
Essas imagens não vendem perfumes. Entendo. Mas se o Dia é das Mães também não podem ser esquecidas, nem lembradas só na hora das bolsas-família que as transformam em verdadeiras parideiras de salários. A cada filho ganham um pouco mais - parece aquelas ofertas de Leve 3, pague 1. E toma sustentar o malandro, que comparece só para fazê-la ser mãe mais uma vez.
Enfim, por mais que você seja preparado, terapeutizado e psicanalizado, datas como essa do Dia das Mães que chegam acompanhadas do tremendo massacre das campanhas publicitárias só servem realmente para nos deixar tristes, muito tristes. Não só quem não tem mãe, ou perdeu a mãe. Também entristece a quem gostaria de poder dar à sua própria mãe todas aquelas coisas. Não há musiquinha doce nem brinde de sanduíche que console.
E o que é pior: se você quiser ir almoçar fora no tal domingo, e não tem mãe, melhor arrumar logo uma postiça, para pelo menos arranjar um lugar na fila. Se tem, já vá se preparando, porque nunca haverá comida igual a dela, quentinha, feita com amor, saborosa. E ela vai fazer você saber disso, resmungando, pondo defeito em tudo, inclusive reclamando do preço da conta e fazendo cálculos do que poderia ter comprado com aquele dinheiro.
Isso, claro, se for uma mãe real, não dessas de propaganda. Muito menos dessas propagandas ridículas que estão no ar.
A NOVA VIDA DE DONA NEGA
Por Michelle Martins ... Lágrimas... Não são lágrimas de tristeza, não são lágrimas de sofrer, são lágrimas de carinho, de lembranças. Lembranças de algo que se passou com o tempo e que nunca se apagarão. - Ei vovó, vim fazer comida para a senhora. - Me dá uma florzinha do jardim? Saudades da sua mãozinha sempre acariciando a minha quando estava perto. Mesmo na dor, o bom humor sempre reinava. Saudades do seu tempero, do seu cheiro gostoso, do seu olhar feliz! Nega... nossa neguinha. Mulher forte, lutadora e que construiu uma vida cheia de carinho, amor, dedicação aos 9 filhos, 36 (+1 eu) netos e 16 bisnetos. Essencial na vida de alguns, um anjo na vida de outros. Sempre tentando ajudar quem precisa. Oferecendo espaço nesse enorme coração a quem quer que se aproxime. Hoje está ao lado do amor de sua vida - Vovô Ryl -, outro eterno nas nossas vidas e que, tenho certeza, "mexeu seus pauzinhos" lá no céu e me re-apresentou o grande amor da minha vida, Frederico Santos e Silva, seu neto. Quem diria, não é vovó Nega, nasci para ser sua neta mesmo! Não vou dizer que a senhora nos deixou. Apenas está descansando para nos encontrarmos em um outro mundo que é completamente diferente deste, onde todo o carinho, amor e humildade estão sempre presentes, assim como estiveram em toda a sua jornada. Vá, Dona Maria Alves dos Santos, vá descansar! Pegue a sua "Ferrari" e, antes que encontre o senhor, jogue-a fora, porque sua alma está livre. Livre de enfermidades, livre de qualquer limitação. Dê um enorme abraço em minha avó Alaíde. E que Deus a acompanhe e te dê paz nessa nova jornada repleta de vida!
Por José Ponciano Neto ... No dia 19 de abril os montes-clarenses e espinosenses terão de comemorar, não só o dia do Exército Brasileiro e do índio, mas, a posse da primeira mulher a ocupar um alto cargo na corte do TSE. Trata-se de uma montes-clarense filha de uma família tradicional em Espinosa. Diante deste fato histórico, o Grupo Escolar Francisco Sá de Montes Claros também entra para história. Por quê? A Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha estudou neste educandário de 1962 a 1965, numa época literalmente conturbada. Era a pré e pós revolução militar. A escola pública era de alto nível. Quando o aluno passava pela “admissão” (tipo um vestibular para ingressar no ginásio), os do Francisco Sá destacavam, como destacamos no Colégio São José. Tínhamos grandiosas professoras, entre elas, a linda Maria Alice, Geraldinha Figueiredo, Zorilda Madureira (brava!), Zildete Viana e outras que me esqueci. Agora, campeã era a nossa educada diretora Terezinha Meira. Sempre que aprontávamos na sala, ela nos orientava com tanta educação que era melhor tomar palmatória na mão. Além da Carmem Lúcia Antunes, tinha as gêmeas Mercês e Maria Edwiges, Laura, Marina, Fatinha, tinha uma colega da família de Armando Chaves que não lembro o nome. Entre os alunos, Ernani Meira (o mais quietinho), Mario Lúcio Araujo (hoje general do Exército e filho de Zé Amaro), Silvio, Francisco, Eduardo Brasil, Nem padinha, Milton, Elton do Correio, Manoel Oliveira, José Alfredo, Jadir (Café Galo) e seu irmão Jader. Os mais atentados eram transferidos para sala de Dona Zorilda Madureira, inclusive eu, que sempre dava trabalho. Saudades do mingau caramelado da cantineira dona Lia, da beleza das nossas colegas que sempre nos faziam sonhar durante a nossa privacidade. A ministra e presidenta do Tribunal Superior Eleitoral - TSE, as professoras, diretoras e todos os alunos citados é um exemplo da escola pública do passado. Quem não formou o terceiro grau, pelo menos não marginalizaram. Parabéns para o Grupo Escolar Francisco Sá e também o Gonçalves Chaves do Marcos Darcy e do sobrinho Ucho, outra escola de exemplo. Pena que não sou jornalista para aprofundar mais na história dessa ministra.
Por Leonardo Álvares da Silva Campos ... Exatamente no casamento de Babi, o padre foi de uma infelicidade gritante, se bem que não sabia que na sua frente estava uma mulher de dupla personalidade, dissimulada, pecadora e que traía por compulsão, para quem importava tão-somente os prazeres carnais. O respeito ao sentimento do próximo não constava de sua cartilha. Mentir era o seu delito mais ameno. O religioso, achando estar concitando o casal a compartilhar a nova vida a dois como unha e carne, fazia um sermão alegando que no mistério do amor o que estragava tudo era a ideia de posse, posto que as flores não precisavam ser apanhadas nos jardins, elas se davam naturalmente, arrematando por condenar o matrimônio indissolúvel. Era o verbo que Babi melhor sabia conjugar: dar. Ela vinha de outra cidade, na qual levara uma vida de devassidão e abominações a tudo quanto fosse honesto e a Deus. Para ela, o Criador não passava de uma fanfarronice. A mulher se deitava com qualquer um, por dinheiro ou não, e não dispensava as drogas. Homens para acompanhá-la em sua vida desregrada e imunda não lhe faltavam, afinal era de uma beleza ímpar. Aquela aberração da espécie humana, verdadeira erva daninha, mas que entendia tudo da arte da sedução, acreditava piamente que a justiça consistia em se dar, no sentido carnal, a todos. Assim dava o seu o corpo até para os pobres, entendendo que assim ficava próxima de um projeto inicial de criação, em que pese o seu ateísmo. Não admitia que fosse acusada pela exclusão social dos menos bafejados pela sorte, pelo menos no concernente a sexo. No fundo, quando ajudamos o pobre, estamos na realidade devolvendo o que lhe pertence por direito e que um dia lhe foi roubado - pensava inteiramente convicta Babi. Quem criou as diferenças foi o próprio homem, ela concluía, assim partindo para a sua atividade sexual frenética sem nenhum drama de consciência. Detentora de um esplendoroso corpo, malhado, sarado, a terrível criatura, no entanto, preferia os ricos, assim nunca faltavam em sua alcova bebidas da melhor qualidade, drogas e um carro para facilitar as idas e vindas em busca de novas fantasias para pôr em prática. Seu íntimo era, assim, um verdadeiro covil para aquele espírito imundo e detestável. Sonhava, por outro lado, em encontrar um dia um marido com quem mantivesse um casamento aberto, cada um contando para o outro detalhes dos seus relacionamentos extraconjugais, e mesmo ambos partilhando com outro homem ou mulher a mesma suíte de motel. Como regra, o ciúme seria abolido, não haveria lugar para a ideia de posse a estragar tudo. Ela chegava mesmo a alimentar a fantasia de, já na lua de mel, entregar-se ao marido e a outro homem, ou ao marido e outra mulher. É que certa vez leu em algum lugar sobre Afrodite, ou Vênus para os romanos, a deusa do amor erótico e da beleza, que foi casada com Héfeso e era amante de vários deuses, mitologicamente sendo considerada a deusa que mais aceitava, compreendia e amava os homens. Passou então a acreditar na existência real de Vênus, tomando-a como fonte de admiração e inspiração. Daí que lhe surgiu a ideia de ter um marido liberal que não lhe limitasse a liberdade. Tinha que conseguir um casamento aberto, era o seu ideal inarredável, sem esquecer-se da inédita lua de mel. Assim ela se rejubilou intimamente quando o padre, exatamente em suas núpcias, condenou o matrimônio indissolúvel e proclamou que era a ideia de posse a estragar o mistério do amor. Ou seja, mesmo sem qualquer intenção, o religioso lançou a infeliz colocação, dando mais asa para a cobra vestida de noiva ali em pleno altar. Todavia, a pecadora e cria do demônio teve de abandonar a sua cidade natal por corrupção de menores - adolescentes de ambos os sexos eram por ela envolvidos, logo aprendendo até mesmo a furtar e a usar drogas, adquiridas com o dinheiro advindo daqueles pequenos furtos - drogas inaladas e mesmo lambidas em corpos suados cheirando a sexo. A mulher não chegou a ser presa, vez que fora informada por uma autoridade, que era um dos seus companheiros de orgias, a desaparecer. As famílias das vítimas optaram então por não formalizar uma queixa, preferindo evitar o escândalo. Na cidade distante para a qual se mudou, todos admirando aquela beleza, mas sem saber de tanta luxúria que carregava em seu íntimo, Babi, instalada há pouco tempo num hotel e pedindo a todos que fosse tratada por Bia, questão de cautela, viu-se certo dia surpreendida por uma chuva forte, refugiando-se por instantes num templo evangélico. No local, coincidência ou não, o pastor, enquanto agitava nervosamente a Bíblia em uma das mãos, vociferava acerca de uma passagem do Apocalipse sobre a destruição da grande meretriz, prostituta de reis da terra e que, com o vinho de sua devassidão, se embriagaram os seus habitantes. Quase gritando, continuou ressaltando que a grande meretriz tinha nas mãos um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícies da sua prostituição. Babi, agora Bia, ria interiormente daquela pregação que achava uma boçalidade, percebendo após que o pastor passou a ler a parte final do texto bíblico, dando à voz todo o ar dos seus pulmões. “ - Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados, e para não participardes dos seus flagelos. Dai-lhe em retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo suas obras, e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela. Quando a si mesma se glorificou e viveu em luxúria, dai-lhe em igual medida tormento e pranto, porque diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva não sou. Pranto, nunca hei de ver! Por isso em um só dia sobrevirão os seus flagelos, morte, pranto e fome, e será consumida no fogo, porque poderoso é o Senhor que a julgou. Ora, chorarão e se lamentarão sobre ela os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em luxúria, quando virem a fumaça do seu incêndio, e, conservando-se de longe pelo medo do seu tormento, dizem: Ai! ai! tu, grande cidade, Babilônia, tu poderosa cidade! pois em uma só hora chegou o teu juízo.” A mulher, que mais parecia uma égua de rodeio e diuturnamente no cio, só parou de achar graça interiormente ao ouvir a palavra Babilônia, já que o seu nome constava das quatro primeiras letras da cidade mencionada na Bíblia: Babi. Já quase não chovia, ela se retirou do templo. Uma vez na rua, balançando com arte a bunda perfeita, com toda a beleza e a delicadeza próprias de sua idade, tudo na mais perfeita consonância com a ideologia ocidental, Babi percebeu quando um homem, bastante simpático e educado, parou o carro ao seu lado e lhe ofereceu uma carona, que aceitou imediatamente. Era um engenheiro, pessoa honesta, temente a Deus e de família tradicional do lugar. Ingênuo, o moço era um bom e respeitado profissional. Um ano depois estava casando-se com Babi, embevecido pela sua formosura, nem chegou a perceber a personalidade malévola de sua futura consorte, que para ele se disfarçava de séria, porém não passava de um imbróglio. No ínterim de sua chegada ao lugar e a data de suas núpcias, Babi, ou Bia, já conseguira seduzir o proprietário do hotel, então transformado em seu amante e quem lhe conseguia drogas, além de não lhe cobrar a hospedagem nem a alimentação, presenteando-a ainda com as melhores roupas. O hoteleiro era um dos padrinhos do casamento, convite que lhe fora feito com antecedência. A mulher também não se esqueceu dos pobres; fornicava, sempre que possível, com um jardineiro assalariado, com um comerciante falido e um cobrador. Tudo no mais absoluto sigilo, sem cair na boca do povo. Se as coisas estavam dando certo para a maquiavélica mulher, por outro lado ela se sentia vazia e fracassada. Era que o futuro marido, ao contrário de ser liberal, nutria-lhe um ciúme doentio. Dizia-lhe mesmo que sexo só após o casamento. Com o tempo certamente ele estará como planejei o meu marido, mormente se ele passar a usar drogas comigo, pois a droga faz o macho baixar a guarda, perder o caráter, aceitar qualquer coisa numa bacanal - entabulava aquela mente satânica. Na cerimônia de casamento, o padre apregoava por conseguinte uma justiça igualitária, com distribuição dos bens entre todos. A mulher estava impecavelmente a rigor para a cerimônia: vestido longo e luvas brancas, véu e grinalda. Sentia um frescor subindo-lhe pelas pernas, pois nada vestia por baixo. Vez ou outra, fitava o hoteleiro seu amante e agora padrinho. Por outro lado, ostentava uma novidade: colocara um piercing no umbigo, que julgava ser o acessório feminino número um para agradar aos homens. O mais novo esposo da cidade não economizara com despesas na festa de recepção no clube com decoração suntuosa, arranjos florais em todos os cantos, se bem que Bia gostava realmente era das trepadeiras, lugar-comum em sua vida desregrada. Políticos, empresários, delegado de polícia, autoridades judiciárias e outros se faziam presentes, enfim toda a alta sociedade era vista na recepção. No clube trabalhava o jardineiro assalariado, que já vinha recebendo a caridade da mulher. A recepção, com certeza, vararia a madrugada. Enquanto a orquestra, famosa e trazida de longe, tocava, o padre, que como outros de destaque social se fazia presente, em determinado momento passou a ler para um dos convidados um trecho da Bíblia, atraindo a atenção de outros, inclusive do marido: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço, isso faço.” O religioso prosseguia em sua leitura sob os olhares atentos de quase todos. Foi quando a noiva deu um toque de longe para o hoteleiro acompanhá-la ao banheiro. Com a porta trancada por dentro e ainda com o vestido do casamento, que ergueu até a cintura, ela entregou-se ao amante. Durante o coito ainda divertiam-se olhando o ato no enorme espelho, adaptado para uma peça de mármore de Carrara e que, numa de suas saliências, tinha uma estátua de Amon-Ra, divindade egípcia representada por um homem com cabeça de carneiro, hoje jocosamente apontado como o deus dos chifrudos. Deu-se um orgasmo rápido e simultâneo. Os lascivos ainda escutavam a orquestra tocando do lado de fora enquanto faziam uma rápida limpeza. Voltaram ao salão sem despertar suspeitas. O padre, tomando refrigerante, continuava falando sobre temas bíblicos para alguns, porém novos grupos se formaram, alguns discutindo política, outros aproveitando o tempo tratando de negócios, em meio a bebidas caras, como o vinho Vega Sicilia e champanhe Laurent Perrier, e salgados, enquanto esperavam pelo jantar encomendado da capital. Havia ainda pares animados na pista de dança. A mulher, parecendo insatisfeita, foi até o jardim e, na relva úmida mesmo, foi possuída pelo jardineiro sob a proteção de uma baixa vegetação arbustiva. Ela retornou ao banheiro para nova limpeza, banho de passarinho, inclusive despindo-se para retirar pedaços de relva que ficaram grudados ao vestido. Retocou a maquiagem, passou batom novamente, perfumou-se e voltou para o salão. O marido estava numa das mesas com uns amigos mais íntimos, já levemente embriagado, parecendo não ter pressa na consumação do casamento pela primeira relação sexual. Os convivas prestaram novas reverências à noiva ao lado, mas nenhum deles teve a educação de oferecer-lhe uma cadeira. Babi parecia zangada diante da tranqüilidade daquele que seria teoricamente o seu companheiro para o resto da vida, mas nada deixou transparecer ao retirar-se. Ela se reuniu então a um grupo de mulheres, uma das quais, uma linda loira divorciada do tipo ariano, corpo bem feito que o longo vestido branco, um pouco transparente, desenhava com detalhes, passou a cobri-la de atenções e gentilezas. As duas se entenderam imediatamente. Levando suas taças de champanhe, seguiram até um reservado do clube, com total privacidade para conversas particulares, com enormes sofás, tapetes persas pelo chão e quadros de pintores famosos pelas paredes. Não demorou muito e as duas estavam nuas e entrelaçadas num dos sofás. Tinham pressa em variar as posições. Foi assim que uma bola de ouro do piercing da noiva soltou-se sem ser percebida quando ela levantava o rosto do meio das pernas da loura para buscar o seu rosto. Naquele frenesi sexual, a peça de ouro do piercing já desprovida de sua bola transfixou o clitóris da fêmea representante da raça ariana, lacerando a sua carne. Os gritos de dor vindos do reservado foram escutados no salão, mesmo com o som da orquestra. Foi o próprio delegado, de arma em punho já pensando numa tentativa de assassinato, a arrombar a porta, que não dada passagem a todos os convidados, entre curiosos e temerosos. Cena inusitada. Era inteiramente impossível desatrelar ali a noiva e a loira inteiramente nuas, o umbigo da primeira parecendo costurado ao clitóris da outra pelo fino e delicado fio de ouro do piercing, enquanto o sangue derramava das carnes dilaceradas. Só mesmo no hospital. A ambulância chegou rapidamente. Não chegou a haver separação, o casamento foi anulado mesmo por erro sobre a identidade de outro cônjuge, posto que o homem desposara mulher decaída sem que o soubesse, tomando conhecimento do seu baixo caráter e depravação de costumes somente quando das núpcias, situações antes encobertas. Bia, que abandonou de vez o seu nome de registro, ficou pela cidade mesmo, afinal não era caso de polícia, todos provando de sua luxúria e abominações, tanto os ricos quanto os pobres. Menos o ex-nubente, que continuou em sua vida metódica, mantendo sua honra e boa fama.
COMUNICADO
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