segunda-feira, outubro 25, 2010

PAGODE TESTEMUNHA 70º ASSASSINATO DO ANO EM MOC

Gilberto Soares Ruas, o Girino, foi mais uma vítima da briga entre facções pela disputa do tráfico de drogas.

Os matadores a serviço de traficantes voltaram a todo vapor e neste mês já mataram dez pessoas, 70 no ano. A última morte foi na noite de domingo, 24, numa festa de pagode que acontecia no sítio Recanto do Paraíso, Bairro Morada da Serra, região Sul de Montes Claros.

Segundo a PM, por volta das 23h50, policiais militares foram acionados no sítio Recanto do Paraíso, onde aos domingos são realizadas festas ao som de pagode. Informações preliminares dão conta de que, há alguns meses, membros de duas facções rivais compareciam ao local, mas ainda não haviam se encontrado no pagode. O estopim que faltava para o barril de pólvora explodir no local se deu quando a justiça liberou no início deste mês mais de 50 detentos da cadeia pública de Montes Claros.

Testemunhas contaram à PM que diversas pessoas dançavam pagode, regado a muita bebida alcoólica, quando, por volta das 23h40, viram Anderson Dia sacar uma pistola e atirar contra Gilberto Soares Ruas, 26, anos, o Girino, preso diversas vezes por tráfico de drogas. Como um cão raivoso, Anderson descarregou uma saraivada de balas em Girino com uma pistola 765. Para ter certeza de que Girino não sobreviveria, Anderson voltou ao local para dar o tiro de misericórdia. Foram 13 tiros. Pessoas que não têm ligações com o tráfico também foram atingidas. A PM não divulgou o nome das vítimas que foram atingidas por balas perdidas. Girino morava no Bairro Ciro dos Anjos, região Sul de Montes Claros.


Anderson Dias Rodrigues foi preso momentos depois e é o principal suspeito de ter matado Girino.

A perita Enilcimar Pontes, da polícia civil, encontrou 13 cápsulas deflagradas de calibres 765 e 32. Há informações de que uma outra pessoa conhecida pelo apelido de Ratinho estava com Girino e também havia sido alvejada, mas foi socorrida por terceiros e não havia dado entrada em nenhum hospital da cidade.

- Foi uma correria intensa. Todo mundo tentando se esconder das balas. Foi semelhante ao que acontece no Rio de Janeiro. Presenciar uma pessoa ser morta na nossa frente. Ele não teve dó. Parecia um cão raivoso. Estava disposto a matar - afirma uma estudante de 17 anos que estava no local na hora dos tiros.

A equipe Rotam composta pelos soldados Sarah e Hudsom, cabos Pires e Guilherme, juntamente com o sargento Auro, iniciou rastreamento pela região Sul de Montes Claros. No Anel Rodoviário, Bairro Santo Amaro, os policiais encontraram duas pessoas numa moto em alta velocidade e tentaram abordar os suspeitos, mas eles conseguiram fugir. O piloto da moto, ao perceber a aproximação da viatura policial, parou para Anderson Dias descer. Anderson fugiu a pé e se desfez de uma pistola 765, que foi encontrada pelos policiais. O motoqueiro conseguiu fugir com a moto. Porém, ele foi identificado como Daniel William Ferreira Silva, morador do Bairro Independência.


Dinheiro, drogas e joias encontrados na casa onde Girino morava, no Bairro Ciro dos Anjos.

Anderson foi levado ao local do crime e reconhecido por testemunhas como sendo o principal atirador e matador de Girino.

De acordo com policiais, na delegacia Anderson contou os detalhes de como matou a vítima. O principal motivo foi a ligação direta com a briga de facções pela disputa do comando do tráfico de drogas.

No celular do assassino, um policial atendeu diversas ligações de membros da facção dizendo para ele não se preocupar, pois ele e familiares iriam ter todo o apoio do grupo.

Policiais militares compareceram à casa onde Girino morava, no Bairro Ciro dos Anjos, e encontraram R$ 4.863 em dinheiro, provavelmente da venda de drogas, joias, drogas, balanças de precisão e diversas anotações da movimentação financeira do trafico.

Anderson Dias foi levado para a delegacia de polícia, onde ficou à disposição da justiça.

Na quinta-feira, a PM registrou o encontro de três corpos, elevando para 68 o número de mortes. Na emboscada armada por Shel e Marcão, do Vera Cruz, Joanes Martins Pereira foi atingido por vários tiros na manhã de sexta-feira, 22. Até o fechamento da edição, naquela noite, segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, onde Joanes havia sido operado, em virtude dos tiros, ele havia ficado tetraplégico. Por volta das 04h da madrugada de sábado, 23, Joanes não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele foi velado na casa onde mora, no Cidade Cristo Rei, mesmo local onde um incêndio matou cinco dos seis filhos de Joanes. Joanes foi a vítima de número 69.

No mesmo período do ano passado, as polícias militar e civil registraram 63 assassinatos. (Reportagem: Rubens Santana)

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