Os últimos dias foram de reclusão, medo e angústia para X., de 13 anos, que manteve um relacionamento amoroso com a professora de matemática Cristiane Barreiras, presa em flagrante há uma semana por estupro de vulnerável e corrupção de menores. Numa cama de solteiro no quarto da mãe, a garota tem dificuldades para dormir. E acorda com qualquer barulho da rua, em Realengo, na Zona Norte do Rio.
Quando está acordada, come pouco e divide o tempo entre os programas de TV, a internet e jogos do celular. Ontem, arriscou sair de casa pela primeira vez para ir à manicure, com a madrasta. Não gostou.
— As pessoas ficaram me olhando dos pés à cabeça — disse, enquanto esperava com a mãe, a madrasta e a irmã de 9 anos para ser atendida pelos psicólogos da Defensoria Pública do Estado, anteontem à tarde.
Na segunda-feira, a garota disse ter atendido o telefone. Do outro lado da linha, uma mulher teria dito: “Tá satisfeita? Conseguiu o que queria?” e, em seguida, teria desligado. X. também tem recebido ligações e visitas de alguns colegas. Alguns, para apoiá-la. Outros, diz ela, apenas a procuram por curiosidade. Mas a maior preocupação é com a amizade com Y., de 13 anos, que também foi ao motel com ela e a professora.
— Tento falar com ela. Mas acho que ela não tá querendo falar comigo.
Casacos para cobrir uniforme em motel
X. contestou duas afirmações feitas no depoimento da amiga, dado na semana passada. Segundo ela, as duas não entraram no motel Bariloche com a professora Cristiane com uniformes da escola Rondon porque teriam colocado dois casacos, que estavam no banco de trás do carro, a pedido da professora. Ela também negou que costumava receber dinheiro de Cristiane.
— Ela só comprava as coisas pra mim. Salgadinho, refri — esclarece.
Dono e funcionários do motel Bariloche são aguardados para depor hoje na 33ª DP (Realengo), que investiga o caso. Ontem de manhã, a mãe de X. confirmou que o professor Celso Luiz dos Santos Gomes, diretor da escola, sabia do envolvimento da professora com a sua filha.
Com o depoimento, ele foi indiciado pelos mesmos crimes cometidos pela professora porque se omitiu. Anteontem, a Secretaria Municipal de Educação exonerou o diretor. Depois de sair da delegacia, a mãe foi ao Aeroporto Santos Dumont com a filha para viajar a São Paulo, onde participará de um programa de TV.
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