quarta-feira, setembro 19, 2007

CARNAMONTES TERÁ MURALHA DE AÇO DIVIDINDO RICOS E POBRES

A décima primeira edição do Carnamontes, programada para os dias 28 e 29 próximos, vai retomar nesta cidade uma prática segregacionista que se julgava ter seu último marco em 1989, com a destruição do Muro de Berlim. E que encontra vestígios mais longínquos na medieval China das castas sociais, com os fossos que separavam os poderosos dos pobres e oprimidos. Por iniciativa da prefeitura de Moc, essas e outras imagens vão ser rebuscadas a partir da construção de um paredão de aço que vai dividir em dois - ou entre ricos e pobres - o tradicional e até então democrático parque de exposições João Alencar Athayde.
Pressionado a não executar um acordo feito com a igreja católica durante a campanha política, de simplesmente acabar com a já tradicional micareta até então realizada a céu aberto, o prefeito Athos Avelino encontrou esta forma de desgastar o Carnamontes talvez para sempre: transformá-lo na mais nojenta discriminação entre os que poderão pagar de R$ 80 a R$ 1.100 para ter direito ao uso de abadá ou de camarote, e a camada mais humilde da população, que será confinada à lateral esquerda do parque, impedida de passar para o lado de lá por uma muralha de aço de quase três metros de altura.
As obras de implantação da imensa cerca de metal deverão ser iniciadas nos próximos dias e, conforme croqui distribuído à imprensa, os portadores de abadás terão acesso ao Carnamontes pelo portão 08, no fundo do parque. Ocuparão toda a lateral direita da entrada principal, por onde entrarão, para o lado esquerdo, os integrantes da turma da pipoca. Estará decretada, a partir de então, a mais estranha, inédita e humilhante divisão da população, justamente no sesquicentenário da cidade, e exatamente como acontecia no Brasil colonial, na época da casa grande de senzala.
A maior curiosidade que atiça o imaginário popular, a partir de agora, é saber de que lado ficará o prefeito.

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