A frase é de uma amiga, mas poderia ser minha. E por isso eu causo frio na espinha dos homens e assusto as mulheres. Por isso, prefiro não falar o que penso, opto por omitir aquilo em que acredito. Mas, se alguém me pergunta o que acho de viver assim, e espera uma resposta sincera, a terá: eu já traí, traio e provavelmente continuarei traindo. Sem culpa, porque ela é inútil e burra, e com tesão, porque, se ele não for o motivador, é melhor ficar em casa vendo TV e não correr o risco de fazer o cotidiano calmo de uma relação estável se modificar de maneira irrevogável.
Eu era (ou sou) uma desgraçada? Não. Sou apenas pragmática quando a questão é separar sexo de casamento ou compromisso. Transar com alguém que me atrai não pode ser rotulado de canalhice. Canalhice seria se o fizesse para todos saberem e deixasse quem me ama com cara de idiota perante o mundo. É preciso ter coragem para ser mulher e trair.
Mas, dos 21 aos 28 anos, durante meu primeiro casamento, eu pensava diferente. Desprezava a mim mesma. Ansiava por menos vontade de experimentar, sonhava com o dia em que o desejo que pulsava sem controle cessasse. Ao olhar para mim e para os meus atos aparentemente tão díspares do restante das mulheres, tentava me convencer de que era doença esse desejo de mergulhar em outros corpos, mesmo duvidando de que essa patologia existisse.
Mas desde então estava certa de que seria impossível me sentir atraída por uma única pessoa pelo resto da vida, apesar de jamais ter descartado a hipótese de poder me sentir atraída pela mesma pessoa pelo resto da vida.
Eu me odiava a cada instante em que me descolava do beijo de outro, que levantava de uma cama estranha. Sentia ser a mais suja e torpe das mulheres. Sentia não merecer o carinho que teria quando aquele homem que me esperava em casa abrisse a porta. Mas continuava: assim como é impossível não salivar diante de um copo de água gelada quando se está sedento, era incapaz de impor resistência ao meus desejos.
Alguns chamariam isso de vício. Eu só sei que sofria. Um dia, essa rotina de sexo e culpa chegou a um ponto tão insuportável que parou de me dilacerar. Me anestesiou. E começou a me dar prazer.
Eu era (ou sou) uma desgraçada? Não. Sou apenas pragmática quando a questão é separar sexo de casamento ou compromisso. Transar com alguém que me atrai não pode ser rotulado de canalhice. Canalhice seria se o fizesse para todos saberem e deixasse quem me ama com cara de idiota perante o mundo. É preciso ter coragem para ser mulher e trair.
Mas, dos 21 aos 28 anos, durante meu primeiro casamento, eu pensava diferente. Desprezava a mim mesma. Ansiava por menos vontade de experimentar, sonhava com o dia em que o desejo que pulsava sem controle cessasse. Ao olhar para mim e para os meus atos aparentemente tão díspares do restante das mulheres, tentava me convencer de que era doença esse desejo de mergulhar em outros corpos, mesmo duvidando de que essa patologia existisse.
Mas desde então estava certa de que seria impossível me sentir atraída por uma única pessoa pelo resto da vida, apesar de jamais ter descartado a hipótese de poder me sentir atraída pela mesma pessoa pelo resto da vida.
Eu me odiava a cada instante em que me descolava do beijo de outro, que levantava de uma cama estranha. Sentia ser a mais suja e torpe das mulheres. Sentia não merecer o carinho que teria quando aquele homem que me esperava em casa abrisse a porta. Mas continuava: assim como é impossível não salivar diante de um copo de água gelada quando se está sedento, era incapaz de impor resistência ao meus desejos.
Alguns chamariam isso de vício. Eu só sei que sofria. Um dia, essa rotina de sexo e culpa chegou a um ponto tão insuportável que parou de me dilacerar. Me anestesiou. E começou a me dar prazer.
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