sexta-feira, abril 16, 2010

EDUCADORES CONDENAM PROIBIÇÃO DE PULSEIRINHAS

Apesar de acreditarem que o uso das chamadas “pulseiras do sexo” por estudantes deva ser evitado, diretores de escolas criticam leis que proíbem a utilização no espaço escolar ou fora dele. Os educadores dizem que vetos desse tipo impostos a crianças e adolescentes surtem o efeito contrário. Muitos estudantes podem acabar querendo usar o adereço apenas para se posicionarem contra a regra.

As pulseiras viraram alvo de atenção desde que passaram a integrar uma brincadeira sexual entre adolescentes. No jogo, criado no Reino Unido, o menino que arrancar da menina uma pulseira de determinada cor ganha dela uma carícia, sexual ou não, correspondente.

Em março e no início de abril, três casos de estupro de adolescentes foram ligados pela polícia ao uso das pulseiras, um em Londrinha (PR) e dois em Manaus, o que levou à aprovação de leis municipais que proíbem a venda e o uso do adereço. As cidades do Rio, Sertãozinho (SP) e Navegantes (SC) proibiram a utilização em escolas. Em Londrina, o juiz da Vara da Infância e da Juventude proibiu a venda e o uso. Em São Paulo, um projeto de proibição do uso nas escolas tramita na Assembleia Legislativa e outro que proíbe a comercialização foi protocolado na Câmara Municipal. Outras cidades discutem o tema.

Educadores são categóricos ao dizer, no entanto, que essas leis são inócuas. “Criar leis é uma solução ingênua. Não vai impedir que os adolescentes criem outras formas de fazer esse tipo de jogo e nem irá coibir a ação de estupradores”, disse Débora Vaz, diretora da Escola Castanheiras, colégio particular da Grande São Paulo.

Para a psicóloga e sexóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Maria Claudia Lordello, a proibição é ineficaz para evitar que os jovens usem as pulseiras como jogo sexual e que estupradores ajam. A melhor forma de diminuir o risco de abusos é a conversa. “Os pais e as escolas precisam incentivar o aprendizado ativo. Têm que deixar as crianças e adolescentes falarem, perguntarem”, disse Maria Claudia.

Nesse sentido, a psicóloga avalia que a discussão sobre o uso das pulseiras coloridas é positivo. “Pelo menos, suscita o debate sobre a necessidade da orientação sexual, que é uma grande dificuldade da nossa sociedade”, afirmou.

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