sexta-feira, julho 29, 2011

CARTEIRA DE HABILITAÇÃO CUSTA ATÉ R$ 1.200 EM FORMIGA

Denilson Martins, presidente do Sindpol, defende mudanças.
Os delegados acusados de chefiar uma quadrilha que facilita a emissão de carteiras de habilitação cobram em média R$ 600 para "passar" o candidato em exames. O valor pode chegar a R$ 1.200 se o serviço incluir as provas de direção e legislação. É o que relatam moradores das cidades de Formiga e Arcos, no Centro-Oeste de Minas, em denúncias encaminhadas à Ouvidoria de Polícia Civil. Foram sete representações desde 2007, todas elas com o mesmo teor: a venda de carteiras.
O jornal Hoje em Dia teve acesso a todas as denúncias envolvendo o superintendente da Polícia Civil da região, João Pedro de Rezende, e seu filho, Alexandre Clayton de Rezende, que é chefe do Departamento de Inspetoria da cidade. São denúncias de moradores que foram alvos da quadrilha. Nelas, uma jovem (cujo nome será preservado para sua própria segurança) alegou que Alexandre Clayton chegou a oferecer a isenção da "taxa" se ela "saísse" com ele. "Segundo o denunciante o delegado disse a sua filha que se saísse com ele ou se pagasse R$ 600 daria a carteira de motorista para ela", diz trecho da manifestação 9.680, registrada na Ouvidoria da Polícia Civil.
Conforme mostrou o superintendente regional da Polícia Civil e o filho são investigados pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual sob acusação de comandarem um esquema de venda' dos documentos, com a com participação de examinadores do Detran, donos e instrutores de autoescolas. No auto do inquérito, as autoridades chegaram à conclusão de que Alexandre Clayton também é dono de escritório de despachante.
A Ouvidoria recebeu denúncias de que ele também seria proprietário de uma autoescola, a Sinal Verde. Em um dos pedidos de quebra de sigilo telefônico, o promotor do caso, Ângelo Ansanelli, confirma que a empresa é uma das participantes do esquema de facilitação, mediante propina, da emissão de carteiras. Oficialmente, a Sinal Verde está em nome Luiz Gustavo Luciano, Aparecida Donizete Alves Luciano e Weberson Luiz Luciano. Todos são apontados pelo promotor e pela Corregedoria como integrantes da quadrilha. Escutas telefônicas flagraram os suspeitos tratando dos negócios.
Mesmo com a notícia comprovada dos atos criminosos que teriam sido cometidos pelos policiais civis, eles continuam na ativa. E, no momento, não serão afastados dos cargos. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil e da Secretaria de Estado de Defesa Social, tudo vai continuar como está. A instituição se limita a informar que a investigação da Corregedoria está em curso.
O
delegado João Pedro, desde o início da divulgação sobre a investigação, nega qualquer envolvimento com a quadrilha e enriquecimento ilícito. Segundo João Pedro, ninguém da família participa de atos ilícitos. Alexandre Clayton está em férias. (Amália Goulart)

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