sábado, agosto 06, 2011

DIVÓRCIO 55 ANOS DEPOIS DE 'FELIZES PARA SEMPRE'

Encerrar o casamento ficou mais simples para os moradores da cidade de Araputanga, a 371 km de Cuiabá, que contaram neste sábado (6) com o primeiro divórcio coletivo do estado de Mato Grosso. Foram 70 casais inscritos e que compareceram ao Fórum do município para se separar por meio da Justiça gratuita, destinada a pessoas que possuem uma renda familiar de até R$ 1 mil.
O projeto é destinado apenas para casais que moram na cidade, de 15 mil habitantes, e atendeu os divórcios consensuais. O juiz diretor da comarca, Jorge Alexandre Martins Ferreira, responsável pelo projeto, disse que na Comarca havia muitos casos de pessoas que já estavam de fato separadas, mas não possuíam condições financeiras e nem conhecimento jurídico para oficializar o divórcio.
Porém, enquanto muitos decidem viver novos desafios com uma outra pessoa, um casal de aposentados preferiu terminar a vida sozinho. Dona Petrona Ajala de Roja, de 72 anos, e Purificação Ramon, de 74 anos, foram os primeiros a chegar ao Fórum, na manhã deste sábado, para romper uma aliança feita há 55 anos.
 “Chegou o momento. Acho que ficamos muitos velhos e a separação é o melhor para nós”, declarou a aposentada ao G1, que contou ainda estar separada do esposo há três anos.
Purificação Ramon disse que a decisão foi tomada em conjunto e que preferiu encerrar a vida sozinho, sem intenção de uma nova companheira, apenas acompanhado pelos nove filhos que teve com Petrona. “Vou passar o resto do tempo visitando os meus filhos. Pretendo voltar para Mato Grosso do Sul e continuar a vida”, contou. Purificação garante que vai guardar momentos inesquecíveis do meio século vivido ao lado da ex-esposa e finaliza: “Foram anos felizes e não seremos inimigos. Isso é o que importa”.
O juiz da Comarca frisou que a realização do divórcio coletivo só foi possível por conta da Emenda Constitucional 66/2010, que simplifica a separação prévia por um ano e não mais por dois, tornando o divórcio consensual mais rápido. Segundo o magistrado, há atualmente 150 processos litigiosos na Comarca. (Kelly Martins)

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