Uma das últimas remanescentes da luta do cangaço vive há três anos na cidade de Delmiro Gouveia, em Alagoas. Arister Soares de Lima, 95 anos, disse que não tem saudades do tempo em que viveu na caatinga. Ela também relata que a vida dos cangaceiros melhorou depois da morte de Lampião, pois os integrantes do movimento passaram a ser menos perseguidos pelas volantes (polícia da época).
Completamente serena e lúcida, ela recebe todos que a visitam com extrema simpatia e revela que não gostava de fazer parte do cangaço. Só fez parte do grupo por falta de opção. “Sou mais feliz hoje do que no tempo do cangaço. Foi um tempo muito sofrido.” Ela disse também que chegou a passar fome depois do fim do cangaço, em 1940. “Comia cacto, meu filho. Também comia batata do umbuzeiro (raiz da árvore) e palma. Não foi fácil. Agora a gente tem aposentadoria e o velho vive melhor.” Arister vive em uma casa com um dos filhos, nora e netos. A fachada do imóvel ostenta a bandeira do São Paulo, time de futebol paulista, uma das paixões da família dela.
Amiga no cangaço
Mas nem só de tristeza lembra a cangaceira quase centenária. Ela guarda na memória momentos de amizade que viveu ao lado de Durvalina Gomes de Sá, conhecida como Durvinha, morta em junho deste ano em Minas Gerais. “Era a cangaceira mais bonita. Eu gostava muito dela”, disse Arister, que ficou emocionada ao falar da amiga de confidências. Arister não lutou diretamente com Lampião, que ela afirma nunca ter conhecido pessoalmente, nem mesmo Maria Bonita. “Eu era do grupo de Antonio Moreno (marido de Durvinha). Nunca vi Lampião. Só a cabeça dele, quando mostraram para todo mundo em Piranhas (AL). Não tive medo, pois estava presa e não tinha motivo para cortarem a minha cabeça também.”
As mortes de Lampião e Maria Bonita completaram 70 anos segunda-feira (28). Eles foram mortos em uma emboscada na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), em 1938. Outros nove cangaceiros e um policial morreram no local.
Anonimato
Arister ficou anônima durante décadas até ser descoberta, em maio de 2007, pelo historiador João de Souza Lima, 43 anos. Antes, a cangaceira vivia na Fazenda Lajedo do Boi, no povoado Capiá da Igrejinha, em Canapi (AL).
Em uma viagem recente feita com o historiador, de avião, para Fortaleza (CE), a cangaceira lembrou de um momento que considera um dos mais engraçados de sua vida. “Ela tem uma memória muito boa. Se você passar um dia com ela vai voltar com umas cinco histórias do cangaço na bagagem”, disse Souza. A cangaceira lembrou do sonho de voar. “Eu estava na roça de casa quando vi uns urubus voando no céu e pensei. Um dia vou voar nisso aí (mesmo sem saber que aquilo era uma ave). Minha amiga começou a rir de mim. Queria que minha amiga estivesse viva hoje pra mostrar que eu consegui e caçoar dela. Voei de avião e duas vezes”, disse orgulhosa.
Completamente serena e lúcida, ela recebe todos que a visitam com extrema simpatia e revela que não gostava de fazer parte do cangaço. Só fez parte do grupo por falta de opção. “Sou mais feliz hoje do que no tempo do cangaço. Foi um tempo muito sofrido.” Ela disse também que chegou a passar fome depois do fim do cangaço, em 1940. “Comia cacto, meu filho. Também comia batata do umbuzeiro (raiz da árvore) e palma. Não foi fácil. Agora a gente tem aposentadoria e o velho vive melhor.” Arister vive em uma casa com um dos filhos, nora e netos. A fachada do imóvel ostenta a bandeira do São Paulo, time de futebol paulista, uma das paixões da família dela.
Amiga no cangaço
Mas nem só de tristeza lembra a cangaceira quase centenária. Ela guarda na memória momentos de amizade que viveu ao lado de Durvalina Gomes de Sá, conhecida como Durvinha, morta em junho deste ano em Minas Gerais. “Era a cangaceira mais bonita. Eu gostava muito dela”, disse Arister, que ficou emocionada ao falar da amiga de confidências. Arister não lutou diretamente com Lampião, que ela afirma nunca ter conhecido pessoalmente, nem mesmo Maria Bonita. “Eu era do grupo de Antonio Moreno (marido de Durvinha). Nunca vi Lampião. Só a cabeça dele, quando mostraram para todo mundo em Piranhas (AL). Não tive medo, pois estava presa e não tinha motivo para cortarem a minha cabeça também.”
As mortes de Lampião e Maria Bonita completaram 70 anos segunda-feira (28). Eles foram mortos em uma emboscada na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), em 1938. Outros nove cangaceiros e um policial morreram no local.
Anonimato
Arister ficou anônima durante décadas até ser descoberta, em maio de 2007, pelo historiador João de Souza Lima, 43 anos. Antes, a cangaceira vivia na Fazenda Lajedo do Boi, no povoado Capiá da Igrejinha, em Canapi (AL).
Em uma viagem recente feita com o historiador, de avião, para Fortaleza (CE), a cangaceira lembrou de um momento que considera um dos mais engraçados de sua vida. “Ela tem uma memória muito boa. Se você passar um dia com ela vai voltar com umas cinco histórias do cangaço na bagagem”, disse Souza. A cangaceira lembrou do sonho de voar. “Eu estava na roça de casa quando vi uns urubus voando no céu e pensei. Um dia vou voar nisso aí (mesmo sem saber que aquilo era uma ave). Minha amiga começou a rir de mim. Queria que minha amiga estivesse viva hoje pra mostrar que eu consegui e caçoar dela. Voei de avião e duas vezes”, disse orgulhosa.
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