terça-feira, setembro 15, 2009

LAMPIÃO NÃO FOI MORTO, APOSENTOU-SE E RESIDIU MUITO TEMPO NO NORTE DE MINAS

É o que afirma o fotógrafo José Geraldo Aguiar, 59 anos, que, baseado em pesquisa de campo, contesta a versão oficial de que o mais famoso cangaceiro da América Latina teria sido assassinado em emboscada promovida pelas forças policiais em 28 de julho de 1938, na localidade de Angico, município de Poço Redondo, no estado de Sergipe. Sua descoberta resultou no livro Lampião, o Invencível: duas vidas, duas mortes.

Segundo o fotógrafo-pesquisador, o esquartejamento de Lampião e outros jagunços não passava de uma farsa, pois o verdadeiro cangaceiro teria desistido do ofício antes da emboscada, deixando de ser Virgulino Ferreira da Silva para, juntamente com Maria Bonita e outros seguidores, fugir para a cidade de Paulo Afonso e, de lá, para o Norte de Minas, num roteiro que inclui Manga, Itacarambi, Missões, povoados de Brejo do Amparo, São Joaquim e Tijuco, em Januária, Pedras de Maria da Cruz, Matias Cardoso, Burarama, hoje Capitão Enéas, Arinos, Urucuia, São Francisco e finalmente Buritis, onde faleceu.

Sempre mudando de nome, diz José Geraldo, “em São Francisco, Lampião encontrou local seguro para residir e comprou uma fazenda às margens do Rio São Domingos, onde ficou por muitos anos, até a sua velhice. Depois se mudou para a cidade de Buritis, onde conseguiu se aposentar pelo Funrural.”

Estes e outros capítulos desta autêntica bomba na história do Brasil é contada pelo juiz aposentado Avay Miranda, natural de Taiobeiras, que advogou muitos anos em Montes Claros e, hoje, reside em Brasília-DF.

José Geraldo (foto), como fotógrafo em São Francisco, após muitos contatos, tomou conhecimento dos rumores na região de que Lampião estaria vivendo naquele Município.

Passou a pesquisar e encontrou um homem sisudo, estranho, com um defeito no olho direito, usava óculos escuros e que não era de ter amigos. Procurou se aproximar daquela pessoa, travando conversas, puxando assunto, até que ficou sabendo de se tratar de João Teixeira Lima.

Os contatos foram aumentando. João Teixeira Lima passou a ter confiança em Geraldo Aguiar, como é conhecido em São Francisco. Muitas informações foram transmitidas ao fotógrafo, até que num determinado dia, João Teixeira confessou que era, na realidade, Virgulino Ferreira da Silva, narrando toda a história de sua vida e como ele renunciou ao cangaço e fugiu para Minas.

Certo dia, em 1992, Geraldo Aguiar disse para João Teixeira que queria escrever a sua história, para corrigir o equívoco daquele episódio de Angico. Ele disse: “meu passado foi muito problemático, não posso aparecer. Faça o que for possível, mas, não anuncie nada antes da minha morte. Vou morrer no ano que vem. Deixo minha mulher autorizada a colaborar com você em tudo que for possível.”

Realmente, João Teixeira Lima veio a falecer no ano seguinte, o óbito foi registrado em nome de Antônio Maria da Conceição e a sua então mulher, Severina Alves de Morais, conhecida por Firmina, outorgou procuração para José Geraldo Aguiar, prestou todas as informações necessárias e entregou documentos importantes.

Geraldo Aguiar pesquisou o assunto durante 17 anos, entrevistou dezenas de pessoas ligadas ao cangaço e terminou de escrever o livro, com o título “Lampião, o Invencível: duas vidas e duas mortes.” Está sendo editado pela Thesaurus Editora, de Brasília e sairá até o fim deste mês, cujo primeiro lançamento será feito num Congresso sobre o Cangaço, em Crato, no Ceará, nos dias 22 a 26 do corrente mês e outros lançamentos serão feitos em várias cidades do Norte de Minas.

Na pesquisa, especialmente com as entrevistas com familiares de Lampião, Geraldo Aguiar conseguiu obter informações importantes e inéditas, que irão mudar o rumo da história do cangaço no Brasil.

0 comentários: