domingo, julho 18, 2010

DEU NO DIA-A-DIA, DO IMORTAL AUGUSTÃO BALA DOCE

REGINAURO SILVA



Nos chamados “anos de chumbo”, em que enfrentávamos a ditadura, correndo riscos até de vida, para desespero de nossos pais, estudei Direito na UFMG, de Belo Horizonte. Costumava me esconder e passar férias escolares em minha aldeia. E foi assim que me tornei admirador dos escritos de um jovem, nascido às margens do Rio Jequitinhonha, na antiga “Vigia do Vale”, a belíssima Almenara.
Em 1970, pós-graduado, voltei para ficar, para ganhar a vida, coração cheio das mais sublimes esperanças. E lá estava o jovem escriba, preparando-se para prestar vestibular na Faculdade de Direito do Norte de Minas. Rebelde e artista – até porque o pai se chamava Rebeldino e a mãe levava o nome de uma das mais lindas musas do cancioneiro popular brasileiro, Laura – seria, pouco tempo depois, o líder universitário que enfrentaria o autoritarismo, presidindo o Diretório Central dos Estudantes. Ao mesmo tempo exerceria seu jornalismo com a maior coragem, independência e dignidade. Tornamo-nos amigos. Foi então que conheci para valer um brilhante, lapidado nas benditas terras e águas do Vale do Jequitinhonha, que transformam quase todos os seus filhos em artistas. E esse brilhante, como não poderia deixar de ser, reluziu Brasil afora, em duas profissões, advocacia e jornalismo, misteres cujos exercícios não deixam de também ser uma arte. Mas abraçaria também outra arte, a literatura, o que só os mais corajosos, despojados e destemidos conseguem. E o fez com muito carinho e esmero. Escreveu peças teatrais que foram reverenciadas por todos nós. Hoje é um dos orgulhos culturais de nossa aldeia, que também é dele, por adoção. Editor de um dos mais conceituados jornais de papel da região, ainda mantém um jornal eletrônico, chamado “A Província”, sempre inspirado por Laura Walma, o grande amor de sua vida, que carrega o mesmo nome de sua mãe. Certamente deve perguntar a ela, quando sente saudade de suas raízes:
– Laura, que é do Vale sempre em flor?
Assim é este meu grande companheiro de várias lutas democráticas, o intrépido Reginauro Silva, que eu trato, com o maior prazer, simplesmente por “Regis”, genitivo singular de “Rex”, palavra latina que significa rei, porque ele é, para mim, um dos ícones de nossa cultura e, por que não dizer como os baianos, “meu rei”. Saravá!

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