quarta-feira, dezembro 14, 2011

REMÉDIO MANIPULADO JÁ TERIA MATADO DEZ EM T. OTONI

A Superintendência Regional de Saúde (SRS) em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, recebeu a informação de que mais uma morte pode ter sido causada na região pelo medicamento Secnidazol. Este é o décimo óbito investigado desde o último fim de semana.
Nesta quarta-feira (14), o bioquímico Ricardo Luiz Portilho, proprietário da farmácia de manipulação onde foi produzido o Secnidazol adulterado, prestou esclarecimentos à delegada Herta Coimbra, responsável pelo caso. Todo o teor do depoimento não foi divulgado, mas ele disse que não descarta a possibilidade de ter havido “sabotagem” na manipulação da substância.
Nesta quarta, pela manhã, foi feita uma nova busca na Fórmula Pharma, em Teófilo Otoni. No local, foram apreendidos vários medicamentos, entre eles psicotrópicos, que a empresa não teria autorização para manipular. “Vamos analisar todo o material. Se isso for confirmado, configura tráfico de drogas”, diz a delegada Herta Coimbra.
O número de mortos na região pode aumentar, segundo informou o chefe da SRS, Ivan Santana. Ele conta que somente em Novo Cruzeiro, onde três pessoas morreram, foram distribuídas 60 cápsulas. “Hoje (quarta-feira) estão faltando de 40 a 50 cápsulas, e temos que rastrear, saber com quem estão”.


Além da suspeita de manipulação proibida, a delegada surpreendeu-se, nesta quarta-feira, com a produção em larga escala de outros medicamentos e com a existência de um cartaz no qual a farmácia informa que produz Nexium (Esomeprazol) de 40 mg, com 28 cápsulas, por apenas R$ 99,80, quando no mercado ele custa R$ 216,55. “Não se pode denegrir um produto para vender outro. A lei proíbe isso”, diz Herta.
Na vistoria feita nesta quarta, foram apreendidos três computadores e um livro de produção de Secnidazol, com o cadastro de clientes, com data, endereço e quantidade de cápsulas fornecidas. Segundo a delegada, a listagem vincula o nome dos mortos ao medicamento.
Portilho chegou à delegacia no início desta tarde, acompanhado por uma advogada e uma farmacêutica da Fórmula Pharma. O depoimento foi a portas fechadas. A advogada Cleide Carvalho disse que o bioquímico está bastante debilitado e sem condições de falar sobre o assunto.
Por determinação da Secretaria de Estado de Saúde, as farmácias de manipulação de Teófilo Otoni e toda a região passarão por um pente fino. Segundo Ivan Santana, pílulas de Secnidazol entregues pelas famílias das vítimas foram enviadas à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, mas ainda não há um laudo conclusivo. A suspeita é de que houve troca do princípio ativo contra vermes e problemas ginecológicos por um de controle da pressão. (Ana Lúcia Gonçalves)

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