terça-feira, setembro 27, 2011

FOGO TERIA DESTRUÍDO DOCUMENTOS SOB INVESTIGAÇÃO

Técnicos do Ministério Público Estadual (MP) e policiais militares realizaram segunda-feira (26) uma operação no Arquivo Fundiário, localizado em Contagem, para apurar denúncia de que funcionários do Instituto de Terras (Iter) estariam queimando documentos da instituição, no intuito de atrapalhar as investigações da ‘Operação Grilo’.
Na galpão, que pertence à Ruralminas, o tenente Davidson, do 18º Batalhão da Polícia Militar, restringiu-se a dizer que se tratava de “ocorrência envolvendo o pessoal do Iter”. Mais tarde, a PM informou que vasculhou o local em busca de cidadão suspeito, que não foi encontrado, mas evitou dar detalhes.
O instituto é uma autarquia subordinada à Secretaria Extraordinária de Regularização Fundiária, alvos da ‘Grilo’. O ex-diretor-geral do Iter, Ivonei Abade Brito, está preso em Montes Claros junto com outros oito acusados de grilagem de terras públicas no Norte de Minas. A investida do MP e da Polícia Federal (PF) culminou, na semana passada, na exoneração de Manoel Costa (PDT) da Secretaria de Regularização Fundiária.
Na segunda-feira, a Ruralminas informou, por meio da assessoria de imprensa, que o galpão onde foi realizada a operação está cedido ao Iter que o usa como arquivo.
Segundo o Governo, a operação teve o intuito de recolher toda a documentação relativa à legitimação de terras referente ao período investigado pelas autoridades, de 2007 a este ano. A medida atendeu, segundo nota divulgada pela administração, a uma ordem judicial expedida pela magistrada Aline Martins, da comarca de São João do Paraíso, no Norte de Minas. “Em cumprimento à ordem judicial, o Iter autorizou a condução de 11 funcionários ao Arquivo Fundiário, localizado em Contagem, nos dias 23 e 26 de setembro de 2011, para localização dos processos solicitados”, diz trecho da nota. Os documentos foram encaminhados ao MP.
Outro acusado de envolvimento com a quadrilha, Ricardo de Carvalho, teria sacado R$ 900 mil na última semana, após as prisões efetuadas pelas autoridades. O advogado dele, João Rafael, informou que foi questionado pelo M P acerca do saque, porém, não poderia fornecer elementos sobre o fato.
Ele disse que compareceu à promotoria em Montes Claros para oferecer o depoimento de seu cliente. “Estou com receio de que saia um mandado de prisão”, afirmou. Carvalho é citado na ação civil pública como o responsável por intermediar a aquisição de terrenos públicos pela mineradora Vale, que nega qualquer envolvimento com o esquema.
No último sábado (24), o Governo decidiu dispensar o controlador-geral do Estado, Moacyr Lobato, do comando do Iter. Desde que estourou a crise no setor, ele acumulou a função. Agora, a administração nomeou para o cargo o secretário-adjunto de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Alencar Santos Viana Filho.
Documentos obtidos pelo Hoje em Dia mostraram que Manoel Costa foi apontado pelas investigações sobre a ‘Operação Grilo’ como comandante do esquema de grilagem de terras públicas. A casa dele, em Belo Horizonte, foi alvo de mandados de busca e apreensão, porém, não foi expedida ordem de prisão para Costa.
A Justiça decidiu acatar o pedido do MP para manter na cadeia os presos na ‘Operação Grilo’. Ontem, o advogado de Ivonei Abade informou que entrou no Tribunal de Justiça com pedido de reconsideração da prisão preventiva do cliente. (Amália Goulart)

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