quarta-feira, março 28, 2012

VAI-SE O ESCRITOR E HUMORISTA MILLÔR FERNANDES

O escritor e humorista brasileiro Millôr Fernandes, criador de um célebre jornal que criticou com ironia a ditadura, morreu aos 88 anos no Rio de Janeiro, informou nesta quarta-feira sua família.
Autor de cerca de 40 romances, obras de teatro, letras de músicas e livros de poesia, Millôr sofreu derrame na noite de terça-feira em seu apartamento. Após o velório, seu corpo será cremado nesta quinta-feira.
O escritor foi um dos fundadores de 'O Pasquim', uma revista humorística e satírica criada em 1968 que usando a ironia conseguiu burlar a censura e criticar o regime militar que imperou no Brasil entre 1964 e 1985.
Millôr Fernandes começou no jornalismo em 1938 com uma coluna na revista 'A Cigarra' que assinava com o pseudônimo Vão Gogo, nome que utilizou durante décadas em diversas publicações, entre elas na revista 'O Cruzeiro', uma das principais brasileiras dos anos 40 e 50.
Posterior a isso, colaborou com importantes veículos, como o 'Jornal do Brasil' e a revista 'Veja'. De sua produção literária sobressaíram obras teatrais, mas também inúmeros contos, fábulas, poesias e romances.
Ele também foi tradutor de obras de William Shakespeare e ainda adaptou para o português textos de Molière, Bertold Brecht, Tennessee Williams, Mario Vargas Llosa, Augusto Monterroso e Darío Fo.
O humorista era conhecido pelo grande público brasileiro por suas frases criativas, que muitas vezes escrevia no formato de haiku (forma poética de origem japonesa) e de quadrinhos, que foram publicados em inúmeros jornais e revistas de todo o país.
Aos 17 anos, o escritor já demonstrava sua ironia inata, ele adotou o nome de Millôr, grafia errada com qual foi registrado. Seus pais queriam batizá-lo quando nasceu em 1923 como Milton.
ALGUMAS FRASES DE MILLÔR:
− A felicidade conjugal é muito rara. Mas também, quando existe, é extraconjugal! 
− Quem cedo madruga fica com sono o dia todo. 
− Antes de entregar a sua declaração de Imposto de Renda verifique se você omitiu tudo. 
− Todos os caminhos levam a Roma, mas cada dia o engarrafamento é pior. 
− Precisamos de reformas drásticas que deixem tudo exatamente como está. 
− O pobre trabalha para comer. O rico trabalha para comer fora. 
− Que coisa difícil é a gente se livrar de uma mulher fácil! 
− Como sexo as mulheres são insuportáveis. Mas na hora do sexo não tem nada melhor. 
− Dos males o menor. Ou o que der mais dinheiro. 
− Respiração boca−a−boca só nas mais bonitinhas. 
− O consumidor nem sempre é um idiota – às vezes o consumidor é a sua mulher e o idiota é você. 
− Nunca bata num homem caído, a não ser que você tenha absoluta certeza de que ele não pode se levantar. 
− É preciso ter coragem. É preciso dar pseudônimo aos bois. 
− A morte é dramática, o enterro é cômico, e os parentes, ridículos. 
− Fofoca a gente tem que espalhar rápido porque pode ser mentira. 
− Tempo é dinheiro. Contratempo é nota promissória. 
− Clássico é um escritor que não se contentou em chatear apenas os contemporâneos. 
− Certas coisas não se dizem "nem pro pior inimigo" porque, se você disser, o inimigo te mete um soco na cara. 
− O cara que luta até a última gota de sangue por uma causa provavelmente sofre de hemofilia. 
− Me dêem mil atos de absoluta moralidade e eu construirei um bordel. 
− Uma coisa extremamente favorável aos bêbados: nunca ninguém viu cem mil bêbados de um país querendo estraçalhar cem mil bêbados de outro país. 
− Só há duas espécies de patifes: os que admitem e nós. 
− Quem casa para ter um teto sobre sua cabeça corre o risco dele desabar em cima. 
− Todo dia leio cuidadosamente os avisos fúnebres dos jornais; às vezes a gente tem surpresas agradabilíssimas. 
− Casanova não foi o inventor do sexo grupal. Apenas, como ele era muito competente no seu ramo, o pessoal ia se reunindo em volta e tirando a roupa. 
− A mais calma das pessoas fica furiosa se você diz que ela é facilmente irritável. 
− A discussão pode não trazer a luz, mas liquida com muita idéia imbecil. 
− Sansão, sim, é que era um espetáculo. Quando acabou o seu show a casa veio abaixo.

0 comentários: