segunda-feira, agosto 04, 2008

RESENHA DO RÊ

QUADRO NEGRO
Reciclagem deveria ser norma de conduta dos profissionais de todas as áreas, de todos os lugares do mundo. Não se concebe o emprego de regras arcaicas, corroídas pelo tempo, estraçalhadas pelo uso e desuso, sem que se cuide da atualização, da modernização, da condensação.
Isto é inadmissível.

OU VAI OU MORRE
Médicos, promotores, juízes, professores, vendedores, atores, humoristas, cantores, compositores, jornalistas... ninguém sobrevive profissional, cultural ou socialmente - em uma sociedade globalizada, informatizada e cada vez mais exigente - sem a devida e imprescindível reciclagem.
Acaba engolido.

ENXUGANDO

Feito este breve preâmbulo (eco!), é de se lastimar que um professor de nível médio estranhe o emprego da palavra pictografia, aqui nesta Resenha, simplesmente por não carregar o surrado e ultrapassado prefixo psico, do grego psyquê (espírito), banido dos melhores centros de umbanda. Só muita má vontade para não entender que, simplesmente por economia de espaço e clareza do termo, pictografia e a extensa psicopictografia vêm a ser a mesma coisa.
Está na essência.

MEIO, MEDIUM, MÍDIA
Satisfeita a preciosidade lingüística do leitor, sem nem a necessidade de apelar para a silepse ou a elipse - ou consultar o mestre não só em gramática, como em semântica, filologia e hermenêutica Gílson Neves -, aduz-se que o ato de pintar usando a mediunidade seria o mesmo que escrever em nome de outrem, que em espiritismo se diz psicografia e em inglês quer dizer ghost writer. Papel, ademais, desenvolvido, no segundo caso, por este Rê em diferentes situações e gabinetes político-jornalístico-administrativos.
Em constante reciclagem.

COMPRIMINDO
No caso específico das palavras recicladas/renovadas/aperfeiçoadas pela cultura oral, tome-se o caso de vossa mercê, que virou vosmecê, depois você, ontem ocê, hoje cê, e logo logo se transformará apenas em cedilha.
Assim: Ç viu, mará?

HAJA TUTANO!
Essa condensação das palavras ganhou contornos dramáticos durante a ditadura, quando a imprensa e os autores teatrais - este filho de dona Laura e namorado de Laura era enquadrado (sem trocadilhos) nos dois casos - eram forçados a criar mais do que nunca, fazer tripas das trepas para driblar a censura.
Sob negras nuvens.

DO O QUÊ?
É dessa época a criação de neologismos que acabaram dicionarizados, como paca, sifu, dica, vonupoponu, xeca, xana, fedepê, fiduma, pqp... O negócio era tão sério que um pai conservador, daqueles bem direitões, mas ingênuo como todo imbecil (entendeu, ecil?), acabou usando uma forma correlata de paca pra batizar a filha, certo de que adentrava o mundo da modernidade, sem saber que caía no ridículo para ad caterva. Nome que ele deu pra filha?
Duca...

SEMPRE LIGADO
Como vê, prezada leitora, a reciclagem deve ser o pão de cada dia de todas as pessoas que pretendam continuar sendo entendidas neste mundo em constante evolução, que já descobriu até água líquida em marte e acaba de inocentar a desalmada e facínora Flora e mandar a inocente Donatela para comer sabão e baratas na cadeia.
Amanhã à noite.

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