Pela primeira vez em Minas Gerais e no Brasil, o número de habitantes que se declararam brancos é menor do que a soma das outras raças. Atualmente, eles representam menos da metade da população. O Censo realizado em 2010 apontou que 45,4% dos mineiros são brancos, ante os 54,6% que compreendem as pessoas pardas, pretas, amarelas e indígenas. Em 2000, a população branca correspondia a 53,6% no Estado.
No país, a quantidade de brancos é de 47,7%, contra 53,7% há dez anos. Apesar do levantamento apontar queda, eles ainda são maioria se as raças forem analisadas individualmente. Os dados mostram ainda que todas as raças, com exceção dos brancos, tiveram aumento no percentual em relação ao estudo feito em 2000. Na edição anterior, 7,8% dos mineiros se declararam pretos. Agora, este número subiu para 9,2%. O maior aumento foi em relação à raça parda. Há dez anos, eles eram 37,6% da população, e agora cresceu para 44,3%.
Para a responsável pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Belo Horizonte, Denise Pacheco, os dados são reflexos positivos dos processos de mobilização e conscientização da promoção da igualdade social em todo o país. Segundo ela, com o aumento do respeito pelas minorias e, consequentemente, a sua maior participação na sociedade, estas pessoas passaram a ter mais autoestima e, com isso, orgulho para se declarar negros e pardos.
“No caso dos pretos, o processo histórico mostra que eles estão ocupando espaço estratégico na sociedade. Aliado a isso, as políticas de inclusão e afirmativas contribuem para mostrar que os pretos ocupam papel importante e histórico na evolução do Brasil e do mundo e acaba-se com o estigma gerado pela cultura eurocêntrica”.
Sem se dizer surpresa com o resultado do Censo, a artesã Flávia Tatiana de Jesus, 34 anos, diz que as minorias resolveram assumir seu posto na sociedade e decidiram não se esconder por vergonha. “Acredito que muitas pessoas se diziam brancas por associar os negros a uma coisa negativa. Isso vem mudando com o tempo e hoje sabemos do nosso valor e da nossa importância”.
Mas a mudança apontada no estudo do IBGE também pode estar relacionada à falta de esclarecimentos sobre a definição das raças. É o caso da estudante Carolina Gonçalves de Oliveira, 17 anos. Filha de uma negra e de um pai branco, mesmo com a pele clara, ela considera ter a raça presente do lado materno. Antes de saber o resultado do Censo, a jovem acreditava que a quantidade de pessoas brancas era maior do que as de outras. “Acho que existe uma confusão em relação aos pardos e amarelos. Nós acabamos por classificá-los todos como branco. O novo resultado pode estar mostrando que as pessoas estão conseguindo distinguir melhor”, avalia. (Thiago Lemos)
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