quarta-feira, maio 02, 2012

MENOR BEBÊ DO BRASIL É MINEIRO E TINHA 360 GRAMAS

“Ninguém imaginava que ela fosse sobreviver, mas, como mãe, sempre acreditei na vitória. Passávamos força uma para a outra”. O desabafo de Alexandra Terzi, mãe da pequena Carolina, de cinco meses de vida, foi finalmente feito nesta quarta-feira, quando a bebê foi para casa pela primeira vez. Quem vê a menina com os atuais 3,300 quilos nem diria que ela é a menor bebê que já nasceu no Brasil, com 360 gramas. No mundo, há registros de apenas 138 crianças que nasceram com menos de 400 gramas.
Carol estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal do hospital Vila da Serra, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mas o caso só foi divulgado nesta semana, quando ela ganhou peso suficiente para receber alta. Sua história de superação começou em novembro do ano passado, quando sua mãe, a psicóloga Alexandra, de 33 anos, foi internada às pressas com um quadro de eclâmpsia e convulsão.
A mãe de primeira viagem conta que a gravidez foi tranquila até a 24ª semana e que não suspeitava de que havia algo errado com o bebê. “Eu fazia pré-natal todo mês e sempre registrava a pressão normal, que subiu repentinamente”, relatou. Foi aí que o paí da menina, o mecânico Thiago Fernandes, de 31 anos, teve que tomar a difícil decisão de não interromper a gravidez, mesmo com o risco de morte da mãe. Começava a luta de Carol pela sobrevivência.
Segundo o pediatra neonatologista do Vila da Serra, Osvaldo Trindade, ela foi diagnosticada com displasia broncopulmonar, uma má formação dos pulmões. Alexandra conta ainda que sua filha passou por intervenções cirúrgicas e ficou alguns dias sem se alimentar. Quando houve melhora no estado de saúde, ela começou a receber suplementação alimentar com ferro e vitaminas. “A cada dez gramas que ela engordava, era uma grande conquista para nós”, afirmou Thiago.
“Muitas crianças prematuras só sobrevivem porque os médicos investem no tratamento da mãe e o caso de Alexandra e Carolina prova que é possível tratar, com sucesso, crianças muito pequenas”, explicou o obstetra do hospital, Frederico Pereira.
Carol nasceu no dia 16 de novembro, mas sua mãe só a pegou no colo alguns dias depois, ao receber alta da UTI. “Foi uma emoção muito grande segurá-la pela primeira vez, ainda lutando pela vida. Ela estava muito frágil e seus dedinhos das mãos tinham a espessura de um cotonete”, disse Alexandra.
Carolina saiu do hospital respirando com a ajuda de aparelhos e não pode receber visitas, devido ao risco de infecção. Por enquanto, ela ficará na casa dos avós, no bairro Mangabeiras, na zona Sul de BH. A recomendação dos médicos é deixá-la bem tranquila e ir frequentemente ao pediatra e aos outros especialistas que devem ser indicados. Além, é claro, dos cuidados que todo recém-nascido demanda, como tomar as vacinas necessárias. “A emoção de levá-la para a casa é muito grande, como se ela estivesse nascendo mais uma vez. É como se ela tivesse duas datas de aniversário”, destacou Alexandra.
Essa é a terceira vez que uma criança sobrevive com menos de 400 gramas, no Brasil. De acordo com o diretor chefe na UTI Neonatal do Vila da Serra, Marcos Januzzi, em casos como esses, a probabilidade de morte do bebê é 30 a 40%. “Sessenta por cento dos bebês prematuros abaixo desse peso têm chances de ter sequelas depois do parto, como displasia pulmonar ou alterações neurológicas a exemplo de distúrbios intelectuais. Por isso, sempre é necessário acompanhamento médico”, destaca Januzzi. (Izabela Ventur)

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