Dercy Gonçalves morreu às 16h45 deste sábado. Ela deu entrada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital São Lucas, em Copacabana, de madrugada, com forte pneumonia. A atriz e comediante tinha 101 anos e sempre foi conhecida por sua irreverência e língua afiada. As informações são da assessoria de imprensa do hospital.
Batizada Dolores Gonçalves Costa, a atriz sempre interpretou si mesma em seus mais de 70 anos de carreira. Ela rebolou no teatro de revista, fez o que quis nas chanchadas do cinema, xingou na televisão, falou o que todo mundo apenas pensava - e, de quebra, fundou o improviso e o escracho no humor brasileiro.
Nascida em 23 de junho de 1907, em Santa Maria Madalena, interior do Estado do Rio, Dercy Gonçalves teve, desde cedo, um exemplo feminino de ousadia para a época: viu a mãe, uma lavadeira, deixar a família de sete filhos e sair de casa ao descobrir que o pai, alfaiate, estava lhe traindo. Trabalhando desde criança, como bilheteira de cinema e em apresentações para os hóspedes de um hotel da região, Dercy teve sua estréia como atriz em 1929, com a Companhia Maria Castro.
Em 1930, foi fazer teatro itinerante com Eugênio Pascoal, num grupo batizado de Os Pascoalinos, viajando pelo interior de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Para a admiração de quem conhecia a obra de Dercy pelo despudor, a atriz costumava contar que sua falta de conhecimento sobre sexo era tal que, na sua primeira relação sexual, justamente com Pascoal, ela saiu correndo e gritando por socorro, por achar que ele a havia esfaqueado.
Foi nas décadas de 1930 e 1940 que Dercy Gonçalves começou a despontar como estrela de comédias e do teatro de revista. Nessa época, ela foi trabalhar com o empresário Walter Pinto, um dos grandes nomes do teatro de revista, com o qual a atriz fez espetáculos como "Passo de ganso", "Rumo a Berlim", "Tem gato na tuba", "Rei Momo na guerra" e "Canta, Brasil". Fez fama imitando e satirizando as vozes e os trejeitos de nomes como Carmen Miranda e Orlando Silva. Nos anos 40 ainda, ela se casou com o jornalista Danilo Bastos, após já ter tido uma filha, Dercimar, com o empresário Ademar Martins.
A partir dos anos 1950, a atriz vai se encaminhando cada vez mais para a comédia. Na década seguinte, o palco é só de Dercy, que passa a realizar shows solo, muitas vezes contando causos de sua própria vida para a platéia e sem economizar no palavreado - o que a fez recentemente assistir à atriz Fernanda Torres soltar palavrões e histórias picantes no monólogo "A casa dos budas ditosos" e dizer: "Ela está fazendo o que eu fazia!".
A carreira no cinema, onde Dercy se destacou nas chanchadas, já havia começado nos anos 40, com "Samba em Berlim" (de 1943), e se intensificou entre os anos 1950 e 60. Nesse período ela é a protagonista de filmes como "A baronesa transviada", "Uma certa Lucrécia", "Cala a boca, Etelvina" (este com números musicais de Emilinha Borba, Jackson do Pandeiro e Nelson Gonçalves, entre outros), "Minervina vem aí", "A viúva Valentina" e "Dona Violante Miranda".
Os anos 1980 começam bem para Dercy, que em 80 ganha o Troféu Imprensa de melhor atriz (empatando com Dina Sfat), pela novela "Cavalo amarelo", e em 85 ganha o Troféu Mambembe, na categoria especial de melhor personagem de teatro.
A televisão já conhecia Dercy Gonçalves de programas de variedades dos anos 60 e 70, como o programa de auditório "Dercy de verdade" (que em 69 sairia do ar com a censura militar). Em 63, era a atriz mais bem paga da TV Excelsior, onde conheceu o executivo Boni, que iria depois com ela para a Globo. A partir de 1980, Dercy pôde ser vista em programas de humor e novelas, como "Dulcinéa vai à guerra", "Humor livre" e "Que rei sou eu?".
A atriz e comediante sofreria um desfalque por parte de um empresário nos anos 1990, o que a fez ter de, já na casa dos 80 anos, voltar a investir na carreira. Que seria levantada no carnaval de 1991, quando ela decidiu desfilar de seios de fora na Marquês de Sapucaí, pela escola de samba Viradouro, naquele ano a homenageando com o enredo "Bravíssimo - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo". Em 94, seria lançada a biografia "Dercy de cabo a rabo", escrita por Maria Adelaide Amaral.
Pela certidão de nascimento, Dercy completou 100 anos em 2007. Pela própria Dercy, em 2007 ela fez foi 102 anos, pois seu pai a teria registrado com dois anos de atraso. Entre as muitas homenagens em comemoração ao centenário, festas como uma nas ruas da sua cidade-natal, Santa Maria Madalena (que construiu um museu para ela), outra na boate gay Le Boy, em Copacabana, e uma terceira para os fãs em Miami, nos Estados Unidos, além de uma exposição de sua carreira na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Dizendo manter a forma com alongamento e corrida, e sem problemas em admitir pelo menos dez cirurgias plásticas, a atriz foi a todas.
Frasista, Dercy Gonçalves costumava dizer: "Só vou morrer quando eu quiser". E ela quis no dia 19 de julho, deixando a filha Dercimar.
Batizada Dolores Gonçalves Costa, a atriz sempre interpretou si mesma em seus mais de 70 anos de carreira. Ela rebolou no teatro de revista, fez o que quis nas chanchadas do cinema, xingou na televisão, falou o que todo mundo apenas pensava - e, de quebra, fundou o improviso e o escracho no humor brasileiro.
Nascida em 23 de junho de 1907, em Santa Maria Madalena, interior do Estado do Rio, Dercy Gonçalves teve, desde cedo, um exemplo feminino de ousadia para a época: viu a mãe, uma lavadeira, deixar a família de sete filhos e sair de casa ao descobrir que o pai, alfaiate, estava lhe traindo. Trabalhando desde criança, como bilheteira de cinema e em apresentações para os hóspedes de um hotel da região, Dercy teve sua estréia como atriz em 1929, com a Companhia Maria Castro.
Em 1930, foi fazer teatro itinerante com Eugênio Pascoal, num grupo batizado de Os Pascoalinos, viajando pelo interior de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Para a admiração de quem conhecia a obra de Dercy pelo despudor, a atriz costumava contar que sua falta de conhecimento sobre sexo era tal que, na sua primeira relação sexual, justamente com Pascoal, ela saiu correndo e gritando por socorro, por achar que ele a havia esfaqueado.
Foi nas décadas de 1930 e 1940 que Dercy Gonçalves começou a despontar como estrela de comédias e do teatro de revista. Nessa época, ela foi trabalhar com o empresário Walter Pinto, um dos grandes nomes do teatro de revista, com o qual a atriz fez espetáculos como "Passo de ganso", "Rumo a Berlim", "Tem gato na tuba", "Rei Momo na guerra" e "Canta, Brasil". Fez fama imitando e satirizando as vozes e os trejeitos de nomes como Carmen Miranda e Orlando Silva. Nos anos 40 ainda, ela se casou com o jornalista Danilo Bastos, após já ter tido uma filha, Dercimar, com o empresário Ademar Martins.
A partir dos anos 1950, a atriz vai se encaminhando cada vez mais para a comédia. Na década seguinte, o palco é só de Dercy, que passa a realizar shows solo, muitas vezes contando causos de sua própria vida para a platéia e sem economizar no palavreado - o que a fez recentemente assistir à atriz Fernanda Torres soltar palavrões e histórias picantes no monólogo "A casa dos budas ditosos" e dizer: "Ela está fazendo o que eu fazia!".
A carreira no cinema, onde Dercy se destacou nas chanchadas, já havia começado nos anos 40, com "Samba em Berlim" (de 1943), e se intensificou entre os anos 1950 e 60. Nesse período ela é a protagonista de filmes como "A baronesa transviada", "Uma certa Lucrécia", "Cala a boca, Etelvina" (este com números musicais de Emilinha Borba, Jackson do Pandeiro e Nelson Gonçalves, entre outros), "Minervina vem aí", "A viúva Valentina" e "Dona Violante Miranda".
Os anos 1980 começam bem para Dercy, que em 80 ganha o Troféu Imprensa de melhor atriz (empatando com Dina Sfat), pela novela "Cavalo amarelo", e em 85 ganha o Troféu Mambembe, na categoria especial de melhor personagem de teatro.
A televisão já conhecia Dercy Gonçalves de programas de variedades dos anos 60 e 70, como o programa de auditório "Dercy de verdade" (que em 69 sairia do ar com a censura militar). Em 63, era a atriz mais bem paga da TV Excelsior, onde conheceu o executivo Boni, que iria depois com ela para a Globo. A partir de 1980, Dercy pôde ser vista em programas de humor e novelas, como "Dulcinéa vai à guerra", "Humor livre" e "Que rei sou eu?".
A atriz e comediante sofreria um desfalque por parte de um empresário nos anos 1990, o que a fez ter de, já na casa dos 80 anos, voltar a investir na carreira. Que seria levantada no carnaval de 1991, quando ela decidiu desfilar de seios de fora na Marquês de Sapucaí, pela escola de samba Viradouro, naquele ano a homenageando com o enredo "Bravíssimo - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo". Em 94, seria lançada a biografia "Dercy de cabo a rabo", escrita por Maria Adelaide Amaral.
Pela certidão de nascimento, Dercy completou 100 anos em 2007. Pela própria Dercy, em 2007 ela fez foi 102 anos, pois seu pai a teria registrado com dois anos de atraso. Entre as muitas homenagens em comemoração ao centenário, festas como uma nas ruas da sua cidade-natal, Santa Maria Madalena (que construiu um museu para ela), outra na boate gay Le Boy, em Copacabana, e uma terceira para os fãs em Miami, nos Estados Unidos, além de uma exposição de sua carreira na Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema. Dizendo manter a forma com alongamento e corrida, e sem problemas em admitir pelo menos dez cirurgias plásticas, a atriz foi a todas.
Frasista, Dercy Gonçalves costumava dizer: "Só vou morrer quando eu quiser". E ela quis no dia 19 de julho, deixando a filha Dercimar.
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