quarta-feira, maio 27, 2009

CIENTISTAS BRASILEIROS CRIAM MACACOS QUE SOLTAM LUZES PELAS PATAS

COMO FOI

Na primeira fase da experiência, nasceram cinco filhotes fluorescentes. Depois, Kou (embaixo à esq.) passou o gene da proteína brilhante para seus filhos.

A revista Nature, um dos principais periódicos científicos do mundo, publicou nesta quarta-feira (27), em sua capa, o estudo de um grupo de cientistas japoneses que desenvolveu, por meio de engenharia genética, saguis fluorescentes - quando colocados sob uma luz ultravioleta, os pequenos primatas ficam com as patas brilhando em um tom esverdeado.

A espécie utilizada na pesquisa, o sagui-de-tufos-brancos, é natural do cerrado e da caatinga brasileiros, vivendo originalmente nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Piauí - depois da década de 20, foi artificialmente introduzido nas matas do Sudeste, principalmente no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. Embora o resultado seja aparentemente apenas inusitado, a pesquisa não possui finalidade estética. O objetivo é aprender o funcionamento da modificação genética de animais para possibilitar o desenvolvimento de formas de tratar doenças como o Mal de Parkinson e a Esclerose Lateral Amiotrófica, doença neurodegenerativa da qual sofre o físico Stephen Hawking.

Essa não é a primeira vez que estudos são feitos com animais transgênicos - ratos de laboratório são constantemente usados em experimentos dessa natureza -, mas essa pesquisa, iniciada em 2005 com financiamento de órgãos ligados ao governo do Japão, é importante porque não é comum que modificações genéticas em primatas tenham um resultado positivo. Além disso, pela primeira vez na história, um gene introduzido artificialmente em um animal foi transmitido espontaneamente para a próxima geração da espécie - e esse é principal motivo pelo qual os resultados da pesquisa estão na capa da Nature.
Na pesquisa, liderada pelos cientistas Erika Sasaki, do Instituto Central de Animais Experimentais, e Hideyuki Okano, da Escola de Medicina da Universidade Keio, o código de um gene que produz a substância conhecida como Proteína Fluorescente Verde (GFP, na sigla em inglês) foi introduzido em embriões de saguis. O experimento gerou cinco filhotes geneticamente modificados. O passo mais surpreendente da pesquisa, entretanto, foi quando Kou, um dos filhotes, gerou um descendente que também produzia a substância. A Proteína Fluorescente Verde é natural de uma espécie de água-viva e foi descoberta em 1962 pelo japonês Osamu Shimomura. Estudos com a GFP renderam a Shimomura e aos americanos Martin Chalfie e Roger Tsien o Nobel de Química de 2008.

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