quinta-feira, setembro 09, 2010

EM LUA DE MEL, NOIVAS FALAM SOBRE CASAMENTO GAY

O casal de noivinhas em cima do bolo e os versos da canção “Amor assim diferente”, interpretados de forma romântica, olhos nos olhos, são detalhes de uma cerimônia que Anne Flores, de 31 anos, e Kedma Costa, de 33, nunca vão esquecer. Ontem, as recém-casadas viajaram para uma lua-de-mel em Angra dos Reis com seu sonho realizado.
Após sete anos de namoro, elas celebraram seu amor na cerimônia de casamento ministrada pelos pastores Fábio Inácio e Marcos Gladstone da Igreja Cristã Contemporânea no clube Monte Líbano, na Lagoa. Como também são pastoras e evangélicas, elas não brindaram com bebidas alcoólicas. Preferiram comemorar com canções como “Amor assim diferente”, composta pelas próprias noivas.
— Estou muito feliz. Tudo que a gente quer é ver gays que se reprimem e se sentem rejeitados voltarem a sonhar ter uma vida normal. A minha companheira tentou tirar a vida dela num momento de opressão. A igreja evangélica (elas pertenciam à Assembleia de Deus) dizia que ela tinha que se libertar e não conseguia. Desde que se aceitou como lésbica, ela é outra pessoa e eu também — comemora Anne, que fundará ao lado de Kedma, também pastora, uma igreja em Niterói até o fim do ano.


Após a festa para 100 convidados realizada no espaço anexo da igreja, na Lapa, as duas desceram do salto, tiraram o vestido e limparam o salão até as três horas da manhã. Tudo em clima de muita felicidade e companheirismo. Antes de descobrir o amor juntas, Anne e Kedma contam que jamais tinham encontrado uma relação plena.
— Sinceramente, sexualmente eu nunca tinha sido completa. Um homem não tem o companheirismo nem a pureza do amor dela. O homem é muito carnal, amor de mulher é muito puro. Esse casamento está simbolizando não só o nosso amor mas a liberdade em todas áreas da vida — explica Anne.
As noivas não tiveram a presença dos familiares na cerimônia. Elas são do Mato Grosso do Sul.
— A minha família está dando força, ligou parabenizando e se emocionou. Mas não veio por questões financeiras. Agora, a família da Kedma é evangélica. Eles gostam de mim, já fui na casa deles, mas não tocam no assunto. Fica superficial — conta Anne, que teve todo o apoio dos amigos do trabalho.
Agora, os planos são lançar CD com canções das noivas, um livro com a história da relação e abrir a igreja:
— Quero que as pessoas se aceitem como elas são porque Deus as criou dessa forma. A Biblia fala que nós somos a luz do mundo. Mas nossa luz só vai brilhar se estiver no alto e refletir nas outras pessoas. A luz não brilha escondida — defende Anne.

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