Nem tudo está perdido. Depois de ver a designação de primeiro campeão brasileiro ameaçada por causa da equiparação dos títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa - o “Robertão”, também conhecida como Taça da Prata - ao do Brasileirão, o que deve ser oficializado pela CBF nesta semana, o Atlético tem uma carta na manga para recuperar o posto. É que a decisão abre precedente para que o alvinegro também busque o reconhecimento do título de Campeão dos Campeões, conquistado em 1937.
Como campeão mineiro do ano anterior, o Atlético representou o estado no Torneio dos Campeões do Sudeste, que reuniu o Rio Branco, do Espírito Santo, Portuguesa e Fluminense. A competição foi disputada em janeiro e fevereiro de 1937 e organizada pela extinta Federação Brasileira de Futebol (FBF), que logo depois se incorporou à Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entidade filiada na época à Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa) e que foi sucedida pela atual CBF.
Coordenador do projeto que possibilitou a reunificação do Robertão e da Taça Brasil, o historiador Odir Cunha garante que o Atlético tem grandes chances de assegurar o reconhecimento desta conquista. “Conheço por alto a história do torneio Campeão dos Campeões, mas acredito que ele tenha sido representativo no meio esportivo e futebolístico da época. E isso é o primeiro passo para se tentar oficializar este título como o de campeão brasileiro. O próximo passo é verificar se na disputa estavam envolvidos os outros campeões estaduais”, explica.
O caminho até a conquista do título de Campeão dos Campeões não foi simples. O Galo estreou sofrendo uma goleada de 6 a 0 para o Fluminense, no dia 13 de janeiro. No segundo jogo, quando tentava a reabilitação, acabou empatando em 1 a 1 com o Rio Branco, o que deixou a classificação ameaçada.
A volta por cima começou no dia 24 de janeiro, contra a Portuguesa. Só a vitória interessava neste confronto e o triunfo veio em grande estilo. O Atlético goleou a equipe paulista por 5 a 0, com atuação destacada do atacante Paulista. Em seguida, o Galo venceu os três jogos de volta levantando a taça no dia 3 de fevereiro daquele ano.
“O clube precisa reunir todos os dados possíveis do torneio, como público e ficha dos jogos. É interessante também o Atlético procurar na imprensa da época os registros jornalísticos sobre a competição. Se houver algum jogador vivo, colher depoimento também é importante”, sugere Odir Cunha. “Vale muito a pena o Atlético investir neste trabalho de pesquisa porque o título de Campeão dos Campeões tem grande possibilidade de ser reconhecido e oficializado pela CBF”, completa o historiador.
Apesar das palavras de Odir Cunha, a ideia parece que ainda não seduziu o presidente do Atlético, Alexandre Kalil. A reportagem tentou conversar com o dirigente, mas Kalil, que define a equiparação como “uma grande bobagem”, se negou a comentar o caso.
0 comentários:
Postar um comentário