O delegado Damasio Marino, afastado do 6º Distrito Policial de São José dos Campos, no interior de São Paulo, após ter agredido um cadeirante, prestou depoimento na noite desta quinta-feira (20) e teve sua arma recolhida. Ele saiu da sede da Corregedoria da Polícia Civil na cidade sem falar com a imprensa. O afastamento dele do cargo até o fim das investigações foi determinado também nesta quinta.
Marino foi ouvido na Corregedoria da Polícia Civil. Um processo administrativo foi instaurado e ele pode responder por lesão corporal dolosa. “A Lei Orgânica da Polícia Civil prevê que em casos de grande repercussão e emprego de violência, medidas preventivas sejam tomadas”, explicou Antônio Álvaro Sá, corregedor da Polícia Civil. Segundo ele, o delegado admitiu no depoimento que trocou tapas com o advogado, mas negou que o tenha agredido com a arma.
A briga começou por causa de uma vaga exclusiva para deficientes físicos. O advogado Anatole Morandini, que é cadeirante e tem 35 anos, foi ao cartório do Centro de São José dos Campos e encontrou a vaga exclusiva para deficientes ocupada por outro veículo. “Não tinha nenhum selo nem nada que sugerisse que o proprietário fosse deficiente”, afirmou.
Morandini encontrou um lugar mais à frente, a cerca de 200 metros, estacionou e, em seguida, seguiu em sua cadeira de rodas até o cartório. Quando se aproximou da entrada, viu o delegado, que não é deficiente, caminhando até o veículo parado na vaga especial.
“Fui chamar sua atenção. Mas ele me constrangeu fisicamente. Ficou em pé na minha frente. Mesmo assim, disse que ele estava errado", contou. Ainda de acordo com o advogado, ambos começaram a trocar insultos e o policial o xingou de “aleijado filho da p...”. “Revoltado e enojado”, Morandini cuspiu na direção do delegado. Em sua versão, o cuspe atingiu o vidro do automóvel. Marino, porém, disse que recebeu a cusparada no rosto.
“Ele sacou uma arma e perguntou se eu queria morrer. No momento, não sabia que ele era policial. As pessoas que passavam pela rua saíram correndo”, contou o advogado. “Quando ele mirou na direção da minha cabeça, só consegui virar o rosto”, acrescentou Morandini, que ficou paraplégico aos 17 anos após levar um tiro na coluna durante um assalto.
O advogado do delegado, Luiz Antônio Silva, admitiu que ele bateu em Anatole, mas negou que ele tenha sacado a arma. “Damásio dirigiu-se ao cartório do segundo ofício de São José dos Campos para acompanhar a noiva que está grávida de quatro meses. Entrou no carro, abriu o vidro e levou uma cusparada no rosto, mas ele não utilizou arma em momento algum contra este advogado, mas deu dois tapas no rosto”, explica o advogado.
Cinco testemunhas já foram ouvidas. “O processo administrativo, concluindo pela culpa, pela comprovação da transgressão disciplinar, ele [o delegado] está sujeito sim a uma pena de demissão,” explicou o corregedor da Polícia Civil.
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