Direito de todo trabalhador, o seguro-desemprego tem dado dor de cabeça em Montes Claros. Centenas de trabalhadores que tentam dar entrada na documentação junto ao Ministério do Trabalhado para garantir o benefício correm o risco de perder o prazo. Isto porque o Ministério do Trabalho da cidade está sem estrutura para atender a demanda de desempregados, e quem vai para fila para tentar pegar uma senha não consegue, caso não pague por ela.
Em Montes Claros são distribuídas, diariamente, 75 senhas para dar entrada no seguro-desemprego na sede do Ministério do Trabalho e dez no posto do Sistema Nacional de Emprego (Sine). O maior problema para os trabalhadores é que, no Ministério do Trabalho, o atendimento é feito apenas mediante agendamento telefônico (de 7 às 9 horas). Mas os telefones não atendem. Já no Sine, a questão é mais grave. Mendigos tomam conta das filas e comercializam as senhas cobrando entre R$ 15 e R$ 50.
A Polícia Militar recebe constantes chamados para controlar tumulto no local. A assessora de comunicação da Polícia Militar, capitão Graciele Rodrigues, informou que, na última terça-feira, a polícia foi acionada às 8h40, no posto do Sine, na Avenida Armênio Veloso, 106 – Centro, para controlar a aglomeração de pessoas na porta do órgão. “Os chamados no local são constantes tanto para controlar o aglomerado quanto de denúncia da comercialização de senhas. Porém, quando chegamos, ninguém quer denunciar oficialmente e não há como realizar boletim de ocorrência.”
A reportagem do jornal Hoje em Dia acompanhou por três dias a saga de centenas de trabalhadores que tentaram dar entrada no benefício no Sine de Montes Claros. O técnico em eletrônica, Luiz Ferreira, 28 anos, pagou R$ 15 por um lugar na fila na última quarta-feira. “Se eu não pagar eu não vou conseguir. Passei uma semana tentando agendar no Ministério do Trabalho e o telefone só dá ocupado. E aqui, se não chegarmos pelo menos umas 14 horas antes de o Sine abrir não conseguimos nem comprar a senha”, diz Luiz.
Às 2h30 de sexta-feira, a reportagem esteve no local. O andarilho Negão disse para a repórter voltar nesta segunda. Um outro mendigo pediu R$ 80 por uma vaga, mas acabou cedendo o lugar por R$ 50.
A chefe da subdelegacia do Ministério do Trabalho de Montes Claros, Eliane Conceição Cunha Meira de Azevedo, disse que atualmente a repartição atende demanda de 75 municípios. E alegou não ter funcionários para atender quando há um aumento no número de pedidos. “Neste período do ano a demanda aumenta. Normalmente, em janeiro, a demanda é de 300 a 500 pessoas por dia. Mas neste ano, o número chegou a 1.800 pessoas por dia. Não temos como atender mais de 75 pessoas por dia porque não temos funcionários”, afirmou Elaine.
Questionada sobre a comercialização das senhas, ela disse que o agendamento é realizado justamente para evitar este problema. ‘Não posso falar quanto ao Sine, mas aqui no Ministério implantamos o pré-levantamento para evitar estes problemas”, afirmou. (Girleno Alencar)
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