Uma comissão de personalidades internacionais, que inclui ex-presidentes, como o brasileiro Fernando Henrique Cardoso, defendeu nesta terça-feira (25) em Genebra a descriminalização do uso das drogas, depois de atestar o fracasso de políticas meramente repressivas.
"É preciso descriminalizar o uso de todas as drogas", disse à AFP o ex-mandatário brasileiro (1995-2002), presidente da Comissão Global de Políticas sobre Drogas que presidiu os debates realizados durante dois dias em Genebra.
Além de Fernando Henrique, participaram do encontro os ex-chefes de Estado da Colômbia César Gaviria (1990-1994) e do México Ernesto Zedillo (1994-2000), assim como o espanhol Javier Solana, ex-alto representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia.
"O dependente de drogas deve ser considerado "um doente e (é preciso) oferecê-lo saúde", disse o ex-presidente do Brasil, acrescentando que nenhuma política de combate às drogas vai funcionar "se não houver também informação e educação" de forma que as pessoas disponham de elementos "para usar sua liberdade" e para saber "que as drogas causam danos", acrescentou o brasileiro.
Gaviria, que também foi secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre 1994 e 2004, pediu que as autoridades se "concentrem na luta nos cartéis de droga, não nos consumidores".
"Temos que abandonar essa ideia de que os consumidores de drogas são criminosos", disse à AFP.
A Comissão defende uma regularização das drogas de maneira semelhante ao que ocorreu com o tabaco e com o álcool e recomenda que tratamentos médicos sejam oferecidos às pessoas dependentes de drogas para que os danos individuais e sociais sejam reduzidos.
Também participaram do encontro de fundação a ex-presidente suíça Ruth Dreifuss e o norueguês Thorvald Stoltenberg, ex-alto comissário da ONU para os Refugiados.
A entidade defende que as evidências empíricas e provas científicas indicam que o melhor caminho a ser seguido é o da prevenção e da redução da dependência das drogas, iniciativas que, a seu entender, não recebem a mesma atenção que a erradicação, a proibição e a punição.
"Não é preciso mais dinheiro, e sim usar melhor o dinheiro. O utilizado na chamada guerra contra as drogas dos americanos é enorme, (mas é) um dinheiro mal usado porque não tem resultado efetivo; se fosse utilizado para a saúde, para tratamentos
médicos, educação, para campanhas de publicidade, seria muito melhor", considerou Fernando Henrique.
A Comissão, que também reúne os escritores Carlos Fuentes, do México, e Mario Vargas Llosa, do Peru (Prêmio Nobel de Literatura 2010) que estiveram ausentes da reunião de Genebra, voltará a se reunir em junho nos Estados Unidos. (Fonte: AFP)
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