sábado, outubro 08, 2011

BIÓLOGA MOSTRA PERERECA DO TAMANHO DE UMA UNHA

O país que abriga a maior biodiversidade de anfíbios do mundo acaba de acrescentar uma nova espécie à sua lista. Do tamanho de uma unha e de cor escura ou com pintas brancas, um tipo de perereca até então desconhecido pela ciência foi encontrado no Parque Estadual do Pico do Itambé, que abrange os municípios do Serro, Serra Azul de Minas e Santo Antônio do Itambé, na Região Central de Minas Gerais. A descoberta foi feita por pesquisadores do Instituto Biotrópicos, que desenvolvem um trabalho na reserva ambiental, em parceria com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Responsável pela pesquisa, a bióloga Izabela Barata revela que a descoberta do anfíbio aconteceu por acaso, durante estudos sobre áreas protegidas da Serra do Espinhaço. Ela conta que os indivíduos da espécie estavam em áreas de quase 2 mil metros de altitude, com pouca disponibilidade de água. “Eles foram encontrados dentro de uma única espécie de bromélias, que são flores que conseguem reter água. Isso facilita a reprodução deles”, afirma a pesquisadora. Essa peculiaridade foi responsável pelo nome que o vertebrado ganhou. “Por enquanto, estamos chamando-o de perereca de bromélia, mas ainda falta a nomeação oficial”, diz.
Segundo Izabela, o primeiro registro desse anfíbio ocorreu em janeiro de 2011, mas, na época, os pesquisadores não tinham certeza se tratava-se de uma nova espécie. “No último mês, participei de um plano de ação nacional dos anfíbios da Serra do Espinhaço. Aproveitei para levar um indivíduo da perereca e, juntos, chegamos à conclusão de que é uma espécie nova e de importância elevada”, conta. Por estar restrita a uma área muito alta do parque e só ser encontrada em um tipo de bromélia, qualquer alteração no meio ambiente influencia a reprodução da espécie.
Com cinco exemplares da perereca de bromélia disponíveis, Izabela garante que a prioridade é aprofundar as pesquisas sobre a fisiologia e o comportamento do bicho. “Precisamos coletar mais informações para descrever a espécie, saber mais sobre os girinos, sobre a vocalização dos anfíbios. Queremos dar continuidade a esse estudo”, comenta. A bióloga diz que ainda é cedo para estimar o tamanho da população da espécie no parque.
Para Izabela, somente quando temos conhecimento sobre a existência de um animal, podemos traçar diretrizes para preservá-lo. “Além disso, a descoberta contribui para aumentar a diversidade que o Brasil já tem”, destaca. (Raquel Ramos)

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