Negligência. Esta é a palavra encontrada pela ex-funcionária pública municipal de Montes Claros Emília Alves Moreira (foto), 44 anos, moradora da cidade de Januária, para a morte de seu cunhado, o comerciante e lavrador José Carlos Gonçalves Ferreira, 35, de Januária, durante a madrugada do último dia 11, no pronto-socorro da Santa Casa de Moc.
Emília Alves Moreira afirmou que José Carlos (reprodução abaixo) deu entrada no pronto-socorro daquele hospital na tarde do dia 04 de julho, com fortes dores de cabeça. Ela informou que, devido por não conseguir andar, confuso, enxergando pouco e sentado em uma cadeira de rodas, José Carlos ficou aguardando a triagem do hospital. Em seguida, ele foi encaminhado para o neurologista Flávio Hipólito Filho, plantonista do PS naquele dia.
Sempre de acordo com Emília, o plantonista sequer teve a iniciativa de medir a pressão do paciente, ou apenas conversar um pouco com ele, que gritava de dor, suplicando socorro e um remédio para aliviar a forte dor de cabeça que o acometia. Naquele momento, o médico informou que só poderia medicar seu cunhado após o diagnóstico, que seria uma tomografia na qual foi acompanhada por ela.
- Naquele momento, eu ajudei a colocar meu cunhado no aparelho. Eu sou totalmente leiga no assunto, mas eu percebi que algo estranho estava acontecendo - diz Emília.
Ela ressalta que perguntou ao funcionário o que estava ocorrendo.
- Ele me disse que só o médico poderia responder... - afirma.
Ela informa ainda que voltou com o paciente para o local de triagem e ficou aguardando o retorno do plantonista. Momentos depois, o médico Flávio Hipólito chegou e entregou uma receita com os medicamentos Plasil e Buscopan, para serem aplicados
Ela questionou ao médico o que estava acontecendo e ele informou que a tomografia estava normal e que seu cunhado estava apenas com uma forte enxaqueca. Percebendo que seu cunhado não estava nada bem, ela suplicou ao plantonista para fazer uma ressonância magnética, a qual foi negada por Flávio Hipólito, liberando o paciente em seguida.
- Como um médico que estudou durante tanto tempo libera um paciente de posse de um laudo médico que merecia uma intervenção cirúrgica? - questiona Emília Alves.
De acordo com ela, quando o plantonista liberou o comerciante, ele estava perdendo o movimento das mãos e não conseguia caminhar. Depois de ser liberado por Flávio Hipólito, ela não imaginava que o pior estava por vir. Cinco dias se passaram e o quadro do comerciante agravou-se. Ela precisou voltar com ele ao hospital e rapidamente foi atendido pelo médico Carlos Antônio, que percebeu o quanto era grave o quadro do seu cunhado.
- Ele me disse que o estado era gravíssimo e que não sabia dos procedimentos que o outro plantonista havia feito. Acabou me dizendo que as chances de vida era zero - diz ela.
Afirma ainda que o médico pegou a tomografia feita na semana anterior e comprovou que o cérebro de José Carlos estava paralisado por dois coágulos.
- O médico falou que, infelizmente, já era tarde. Somente um milagre de Deus poderia salvar a vida do meu cunhado – diz Emília.
No laudo solicitado pelo médico plantonista Flávio Hipólito, assinado pela médica Flávia Leite Avelino Pereira, havia a seguinte conclusão: “Tomografia computadorizada do encéfalo evidenciando hematoma subdural subagudo/crônico bilateral com sangramento agudo a esquerda.”
Dois dias depois José Carlos faleceu. No óbito assinado pelo médico Marcelo A. Maia, a causa da morte foi insuficiência respiratória, morte encefálica, hematoma encefálica, hematoma subdural bilateral e acidente vascular encefálico.
De acordo com ela, uma pessoa do próprio hospital a orientou a procurar a ouvidoria daquela instituição e relatar o que aconteceu, além de solicitar uma cópia do diagnóstico da tomografia. Segundo ela, um erro médico tirou a vida do seu cunhado, um pai de família:
- Estamos todos indignados com esse profissional. Nossa família não tem palavras, só sofrimento pela perda. Tudo isso por falta de atenção de um médico. Vou até ao ministério público denunciar o acontecido. Alguém deve se responsabilizar por isso.
Emília Alves registrou um boletim de ocorrência na polícia civil de Montes Claros. A delegada Karla Silveira Marques Boaventura registrou a ocorrência. Emília informa que aguarda o prontuário de atendimento do hospital, que será repassado para os familiares em 15 dias.
- Com esse prontuário em mãos a delegada vai investigar o que aconteceu e tomar todas as providências cabíveis - conclui. (Reportagem: Rubens Santana)
1 comentários:
Excelente reportagem.Só acho que não haverá nenhuma punição ao médico.mais uma vez falará a voz da impunidade.Parabéns pela reportagem. leio todos os dias seu blog que é muito legal.Continue assim, trazendo boas informações para nós do outro lado da internet.
Abraços.
jurandirdiastts@yahoo.com.br
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