O Flamengo vai rescindir o contrato do goleiro Bruno e processá-lo por perdas e danos à imagem do clube. A medida foi recomendada à presidente Patrícia Amorim (foto) pelo conselho formado por juristas sócios do clube e será posta em prática nos próximos dias. Em entrevista ao jornal O Globo nesta sexta-feira, a presidente do Flamengo falou mais aprofundadamente sobre o caso. Contou detalhes da reunião que teve com Bruno, quando comunicou o goleiro de seu afastamento do clube. E da repercussão entre torcedores e até dentro da sua casa nos dias seguintes ao sumiço de Eliza Samudio.
- Não queria falar antes sobre isso para esperar as coisas clarearem, e não envolver ainda mais o Flamengo neste caso. Formamos esta comissão de notáveis do clube, para nos aconselhar. Na última reunião, o encaminhamento foi pela rescisão, por justa causa. E o Flamengo pode processá-lo por perdas e danos à imagem do clube. A intenção é essa, mas ainda não tomamos nenhuma atitude, pois ainda não recebi nada assinado.
Quando o nome de Bruno surgiu envolvido no caso, a primeira atitude do Flamengo foi afastá-lo do elenco, que dois dias depois viajaria para um período de treinos em Itu. Naquele dia, Patrícia Amorim reuniu-se com Bruno e outros dirigentes para comunicar a decisão ao goleiro. Segundo a presidente do Flamengo, Bruno não mostrou-se constrangido, e aceitou.
- Naquele dia, ainda não havia surgido depoimentos, nem indiciamento, muito menos a prisão, ele era apenas suspeito. Estávamos na sala eu, ele, o Zico, Isaías (Tinoco, supervisor de futebol) e o Rafael de Piro, vice-jurídico. Foi esquisito. Normalmente, nós sentávamos ali naquela mesma sala para discutir contrato e premiação dos jogadores, entre outras coisas da rotina. Tentei ser natural, tomei a palavra. "Olha, nós vamos te afastar, para você poder resolver esse problema. É uma situação que gera um desgaste para o Flamengo. Fica aqui no Rio para resolver isso". Ele disse que gostava do Flamengo, mas que, se a gente achava que era o melhor, tudo bem. Não mostrou nenhum tipo de emoção. Olhando no olho, o tempo todo, tranquilo. Em seguida o Zico saiu, ficou um silêncio ensurdecedor, como se diz. O Bruno disse que ia esperar o treino terminar, para falar com os jogadores. O Isaías disse que era melhor não, para ele ir para casa. A a gente não queria vincular ainda mais o caso ao clube. Depois disso não falei mais com ele - conta Patrícia Amorim.
A presidente do Flamengo diz ainda que Bruno afirmou ser inocente, e que mais não foi conversado sobre o caso:
- Ele disse apenas que era inocente. Foi difícil. Eu tinha curiosidade de saber sobre o que estava acontecendo, mas eu não ia perguntar. É um constrangimento. Olhei no olho dele, ele fazia questão de olhar também. Não senti ele constrangido. Fiquei com a sensação de que ele olhava para sentir a nossa reação. A única coisa que ele falou sobre o caso foi que era inocente.
Patrícia acrescenta que, mesmo que Bruno venha a ser absolvido, não jogará mais pelo Flamengo. E que até em casa tem dado explicações sobre a história.
- Meu filho mais velho tem 13 anos, e com ele converso mais sobre essas coisas. Ele joga basquete, e no futebol joga de goleiro. Não digo que o Bruno era seu ídolo, mas uma referência. O de 9 anos teve uma reação maior. No dia do afastamento, não sei como ele ficou sabendo, ele falou: "Você afastou o Bruno, não vou torcer mais pelo Flamengo". Eu expliquei que o Flamengo não tinha culpa, que a gente não sabia o que o Bruno tinha feito, mas que ele podia até ir preso. E meu filho falou: "Mas se ele for preso não vai jogar no Flamengo". Vi que seria muito difícil, mas evitei conversar mais sobre isso com eles - diz Patrícia.
Durante a semana, o Flamengo anunciou que vai incluir, nos contratos de todos os jogadores que vierem para a Gávea, uma cláusula que permitirá ao clube rescindir o compromisso em caso de mau comportamento. Abaixo, o texto da clásula que já consta dos contratos assinados pelo goleiro Vinícius e pelo atacante Cristian Borja, apresentados na terça-feira:
"O atleta X (colocar o nome do atleta), se obriga expressamente em honrar a imagem e o bom nome do CRF e de seus patrocinadores, mantendo conduta ilibada dentro e fora de campo, observando as regras de boa conduta e imagem pública que lhe são pertinentes, sob pena de rescisão imediata do contrato, sem qualquer ônus para o CRF.
§1º - A inobservância do disposto nesta cláusula acarretará sanções legais ao atleta e quem mais tiver dado causa à violação, respondendo administrativa, civil e criminalmente, inclusive por danos morais, materiais e à imagem, sem prejuízo de outras medidas judiciais cabíveis."
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