O Flamengo das páginas policiais não existirá mais. O recado foi dado pelo diretor-executivo Zico no fim da tarde desta terça-feira, na Gávea. Logo após retornar de viagem aos Estados Unidos, o dirigente esteve com o grupo e avisou que episódios como a prisão de Bruno não fazem mais parte do cotidiano do clube.
- Por mais comando que exista podem acontecer situações como essa (prisão de Bruno). O importante é que todos saibam que o Flamengo é sempre maior do que tudo e o clube deve ser respeitado. Foi assim que sempre fiz e gostaria que fosse desta forma. Tudo faz parte de filosofia de trabalho e quero daqui para frente esse tipo de situação - disse, observado de perto pelos três reforços contratados e apresentados nesta terça (Vinícius, Marquinhos e Borja).
A exposição negativa constante da imagem do clube no noticiário desapontou o maior ídolo da história. Na análise dele, o título brasileiro de 2009 foi prejudicial ao clube porque deu a ideia que os jogadores eram super-heróis que “tudo podiam”.
- Não podemos mais tolerar (episódios como o de Bruno) porque o Flamengo acaba achincalhado, como está sendo. É muito duro ver o torcedor triste, cabisbaixo. Só os jogadores dentro de campo podem reverter isso. Peço que a torcida apóie para que o Flamengo volte a ter alegria. Não é porque conquistaram um título que eles poderiam fazer o que quisessem. O título brasileiro acabou sendo ruim. É preferível ter um clube limpo do que ganhar um título e acontecer o que aconteceu. Chegamos ao limite. Gostaria que esse grupo entendesse isso – desabafou.
Em 2010, já com o status de “dono do Brasil” embaixo do braço, a anarquia proliferou no futebol rubro-negro. Houve diversos casos policiais, como suposto envolvimento do Imperador e de Vagner Love com traficantes, briga de Willians em porta de boate e quebra-quebra em favela carioca com participação de quase uma dezena de atletas. O capítulo final foi a prisão de Bruno por suspeita de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio, com quem teve um relacionamento amoroso.
Zico se assustou porque também encontrou tais falhas comportamentais nas divisões de base. Ele citou um caso específico para ilustrar a falta de limites no clube.
- A base do Flamengo está cheia de problemas e não vou esconder isso do torcedor. Acabamos de ter problemas de garoto ficar nu dentro da concentração e achar que está tudo bem. Temos que nos reestruturar.
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