quarta-feira, outubro 06, 2010

ENQUANTO ELES DISCUTEM, A CLIENTELA SE DESESPERA

A greve dos bancários, iniciada há mais de uma semana, já fechou mais de 7 mil agências da Caixa e do Banco do Brasil no país. Em Montes Claros, o gerente da agência central do BB, Ivan Vila Verde Coelho, diz que 30 dos 45 funcionários cruzaram os braços, enquanto os demais trabalham em serviços especiais como entrega de cartões, desbloqueio de contas do PIS e atendimento a idosos. Para facilitar a vida da clientela, o banco dobrou o limite para saques no caixa eletrônico.

Veja o que diz Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Aspomil - aspomilpm@terra.com.br

A GREVE, A DEMOCRACIA E A CLIENTELA

Os bancários estão em greve há mais de uma semana, já fecharam mais de 7 mil agências em todo o país, e o movimento é crescente. Greve – há de se entender – é um dos direitos do trabalhador. Mas será muito difícil ganhar a adesão ou, pelo menos, a simpatia do usuário prejudicado pela falta dos serviços. Bancários e banqueiros deveriam pôr suas mãos na consciência e terem um pouco mais de respeito com a clientela, razão única da existência tanto empregados quanto de empregadores. Sem o cliente, eles não terão o que fazer e nem de quem cobrar as volumosas taxas que hoje atropelam o consumidor.

A greve é a cessação voluntária do trabalho com o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Logo, não pode ser acompanhada de piquetes que impeçam o trabalho daqueles que não desejem parar e nem o acesso dos clientes dos serviços. Infelizmente, desde o começo, o que deveria ser pura e simplesmente um movimento reivindicatório, tornou-se instrumento de ação política que já provocou muita dor-de-cabeça tanto no Brasil quanto em outros países. Trabalhadores insuflados por falsos líderes já cometeram muitos desatinos e patrões ou dirigentes também comportaram-se indevidamente, tornando difícil uma relação que deveria fluir normalmente entre o capital e o trabalho.

Bom será o dia em que trabalhadores e empregadores deixarem de se comportar como figuras antagônicas e sejam capazes de celebrar acordos sensatos que os permitam a ambos terem remuneradas devidamente suas atividades e, principalmente, atender bem à clientela. Quando isso vier a ocorrer, teremos atingido a maturidade política e trabalhista e a sociedade será a grande beneficiada.

A incerteza quanto ao funcionamento de sua agência bancária é insuportável para o cliente. Mesmo com toda a tecnologia do serviço eletrônico, existem serviços que só podem ser executados de forma presencial, na agência do banco. Quando ela está fechada e assim permanece por dias a fio, o prejuízo é certo. Daí, sempre que puder, o cliente vai fugir do serviço.

Embora seja direito certo do trabalhador, a greve não pode ser o primeiro, mas o último recurso a se empregar num movimento reivindicatório. As partes têm de agir com bom senso e jamais recorrerem à cultura do “quanto pior, melhor”. E as autoridades – muitas delas hoje surgidas do movimento sindical e das próprias greves – têm o dever de ofício de acompanhar e arbitrar os movimentos para evitar os excessos. Isso também faz parte da democracia que, infelizmente, muitos aplaudem mas não praticam no seu dia-a-dia. É preciso mudar...

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