Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) voltaram a ficar cara a cara neste domingo, no debate da Folha/RedeTV!, e trocaram acusações mútuas. Entre os principais temas tratados, privatização, formação profissionalizante, segurança pública e escândalos de corrupção. No entanto, os dois candidatos não mencionaram assuntos que dominaram a semana, como religião, aborto, homossexualismo nem falaram da agenda ambiental, tema importante para os dois presidenciáveis, que buscam os votos dados a Marina Silva (PV) no primeiro turno.
A candidata do PT voltou a afirmar que Serra é favorável a privatizações de empresas públicas. O candidato tucano, por sua vez, acusou Dilma de mentir para os eleitores e afirmou que o PT é que "privatiza" estatais entre seus partidos aliados.
Os dois começaram o debate aparentemente nervosos e não responderam à primeira pergunta do mediador, que pedia a cada um que apontasse os defeitos e qualidades do outro.
É a segunda vez que os candidatos ficam cara a cara no segundo turno das eleições presidenciais - o primeiro embate ocorreu na semana passada, na TV Bandeirantes.
Candidatos comentam escândalos
Evitado pelos candidatos, o assunto escândalos veio à tona a partir de perguntas de jornalistas. Questionado sobre o suposto desvio de arrecadação de sua campanha feito por Paulo Preto (ex-diretor da Dersa), durante o terceiro o bloco, Serra respondeu:
- Disseram que alguém tinha recebido uma contribuição para minha campanha e não tinha entregue, ou seja: eu sou a vítima disso.
Ao responder a uma pergunta de uma jornalista sobre se ele sabia das denúncias contra o ex-diretor da Dersa, Serra negou ter dito não conhecer Paulo Vieira de Souza, como fora publicado na imprensa:
- Não neguei que o conhecia. Fui numa segunda a Goiânia. E veio uma repórter e perguntou sobre o Paulo Preto. Não o conhecia assim: Paulo Preto é um apelido preconceituoso e racista. Essa foi a pergunta, não foi sobre Paulo Souza - justificou, ressaltando que na época nenhum doador tinha reclamado que o dinheiro não havia chegado à campanha, nem os responsáveis pela arrecadação tinham feito qualquer observação nesse sentido.
Serra continuou e disse que as denúncias sobre Paulo Preto não se comparavam "com negar mensalão e roubo na Casa Civil", nem com as acusações que envolvem Valter Cardeal, homem de confiança de Dilma, supostamente envolvido em uma fraude de 157 milhões de euros.
Já Dilma, em resposta a uma outra jornalista sobre os escândalos na Casa Civil, afirmou que "as pessoas erram, e a Erenice errou". Dilma disse ainda que via o caso com "indignação", ao afirmar que tem compromisso com o combate ao nepotismo e ao tráfico de influência. E, assim como Serra, aproveitou para atacar o adversário.
- Nós investigamos. A Erenice saiu do governo. E a Polícia Federal abriu um inquérito e 16 pessoas já foram interrogadas. Isso significa que nós apuramos o que acontece - disse ela, afirmando ainda que Paulo Preto também seria suspeito de desviar recursos de obra em São Paulo e que isso não teria sido investigado.
Assunto drogas entra no segundo bloco
No assunto drogas, Serra atacou a petista falando que o governo Lula não fez nada para evitar a invasão do tráfico, e a petista falou que a atual gestão investiu duas vezes e meia mais do que o governo FH.
Serra rebateu, falando novamente que a candidata não respondeu a pergunta, e que não foi feito nada para aumentar a fiscalização nas fronteiras para evitar a entrada de drogas no país e que a segurança pública piorou em 16 estados.
Dilma aproveitou para falar que vai aproveitar os recursos do pré-sal para aumentar a fiscalização das fronteiras.
No fechamento do segundo bloco, entrou em pauta infraestrutura de transportes. Dilma disse que o atual governo teve que recuperar as estradas sucateadas na gestão FH. E ressaltou que o escoamento de soja deve ser feito por ferrovias e hidrovias.
Serra, por sua vez, disse que o atual governo investiu menos nas estradas, e sugeriu que Dilma ande de carro nas estradas federais que cortam Feira de Santana.
Troca de acusações sobre privatizações e ensino técnico
Um clima tenso marcou o início do debate. Serra perguntou por que não usar recursos do FAT para a qualificação de profissionais, e Dilma respondeu que o governo Lula construiu várias escolas técnicas pelo país, e ressaltou que uma lei do governo anterior impedia a construção de escolas técnicas sem que os municípios se comprometessem a fazer a manutenção. O tucano disse que a candidata não respondeu a questão.
Dilma cobrou Serra pelas privatizações no governo Fernando Henrique. Perguntou por que uma empresa de São Paulo, a Gas Brasiliano, empresa de capital italiano que está querendo vender seus ativos no Brasil e que, por conta da distribuidora paulista de gás, tem participação do governo do estado em seu capital. Ela acusou o governo de Serra, enquanto governador, de questionar no Cade, órgão de controle da concorrência no país, a possibilidade de a Petrobras comprar a Gas Brasiliano:
- A Petrobras ofereceu o maior preço (pela Gas Brasiliano), a segunda colocada é uma empresa japonesa e a terceira é uma empresa privada nacional. Mesmo dando o maior preço, por que a agência reguladora do estado e a Secretaria de Energia aqui de São Paulo não são favoráveis à compra? Eu gostaria de entender.
O lado de Dilma foi bem mais animado e faz mais barulho que o de Serra. Já no segundo bloco, quando ele comentou que as ações da Petrobras subiram após a sua reação nas pesquisas eleitorais, os petistas vaiaram e gargalharam ruidosamente, para desepero do mediador, o jornalista Kennedy Alencar, enquanto os tucanos aplaudiam e gritavam. Marta Suplicy gargalhou durante toda a resposta do tucano.
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