Uma aposentada de 88 anos foi declarada morta duas vezes enquanto ainda estava viva ontem, quarta-feira (22), em Ipatinga, Vale do Aço. Ela já recebia cuidados na funerária quando os funcionários perceberam o erro.
Os familiares de Maria das Dores da Conceição foram informados por volta das 16 horas de ontem que a aposentada não tinha resistido ao quadro clínico delicado provocado pela pressão alta e complicações de Alzheimer e havia falecido. Familiares trataram de preparar o velório e contratar a funerária. Por volta das 20 horas, quando já estava dentro do caixão, dona Maria começou a se mexer para o desespero dos funcionários da Funerária Paraíso.
Segundo Simone Modesto, gerente da funerária, o momento foi de grande susto. “Ficamos impressionados com a situação. Desde quando três agentes funerários destamparam o caixão e começaram a colocar flores ao redor do corpo, perceberam que havia algo “estranho”. A senhora apresentava sinais vitais”, relatou.
O agente funerário Silvério de Oliveira percebeu que dona Maria estava respirando quando começou a ornamentação do caixão. “Ficamos revoltados com o descaso dos médicos do SUS. É quando deparamos com uma situação desta que acreditamos que alguém possa ser enterrado vivo. Graças a Deus vimos que ela não tinha morrido”, contou.
A PM foi imediatamente acionada enquanto a funerária levava às pressas a paciente para o Hospital Municipal de Ipatinga (HMI). De acordo com o cabo Reginaldo, da Polícia Militar, o laudo médico indicava insuficiência respiratória. O atestado foi assinado por volta das 16h10 de quarta-feira. Às 19 horas a funerária pegou o corpo no HMI e, cerca de uma hora depois, foi comprovado o engano.
Em um misto de alegria pela volta da idosa e constrangimento pela situação, a família reclama e promete tomar medidas. “Como é que pode dar uma senhora como morta, desse jeito? Eles trataram minha mãe como uma qualquer. Parece até que queria se ver livres dela. Ninguém tem noção de como é ver a mãe da gente viva, se mexendo, dentro de um caixão”, relata Custódia Tereza de Amâncio, filha de dona Maria.
Noêmia Silva Pereira Amâncio, esposa do neto de Maria, foi uma das primeiras a saber do erro. “Já tínhamos avisado a vizinhança, alguns parentes já estavam na estrada quando recebemos a notícia. Eu comecei a gritar de felicidade, mas quase morri de desgosto quando vi a vó naquele caixão. Tadinha, ela não merecia passar por uma situação como esta. Ela é uma guerreira que luta para continuar viva”, disse emocionada.
A família contou que desde o começo do ano dona Maria apresentava sérios problemas de saúde. A degeneração causada pela doença de Alzheimer, a fragilidade da hipertensão e a amputação de uma das pernas em outubro deste ano, fez de dona Maria uma paciente acamada.
Na terça-feira (21), dona Maria teria começado a passar mal. “Ela gemia muito, como se estivesse sentindo alguma dor e mexia demais. Resolvemos chamar o SAMU, que nos atendeu muito bem. Desde então ela estava no hospital. Um dos médicos chegou a nos dizer que ela estava praticamente morta”, lembrou Custódia.
Ainda segundo familiares, os aparelhos não seriam desligados. “O médico disse que ela só estava viva por causa dos aparelhos e que ia esperar que ela perdesse todos os sinais de vida para desligar. Acabou que eles deram a vó como morta e ela ficou mais de quatro horas sobrevivendo sem nenhuma ajuda médica. Ela é muito forte”, reafirmou Noêmia.
A família contou que o atestado de óbito teve que ser devolvido assim que dona Maria deu nova entrada no hospital. “Eu fiquei tão nervosa com a situação que nem vi o que estava escrito. Só lembro que o carimbo era do médico Tyrone, que já estava atendendo a minha mãe”, recordou Custódia. A aposentada está internada na Unidade de Tratamento Intensivo do HMI.
O médico Tyrone Franco da Silveira chegou a atender a reportagem do jornal Hoje em Dia por telefone, mas pediu para que a entrevista fosse feita mais tarde. Desde então, o celular estava desligado ou fora de área.
Segundo o Conselho Regional de Medicina, para que seja aberta uma sindicância para apurar o caso, é preciso que a família faça uma denúncia ao órgão. “É um absurdo uma situação desta. É uma falta de respeito a atitude deste médico que atendeu a minha avó. Isto significa despreparo entre os profissionais da medicina. Queremos que o caso seja investigado e se for comprovado erro médico vamos buscar apoio na justiça”, garantiu Wellington Amâncio, neto de dona Maria da Conceição.
Por nota, a Prefeitura de Ipatinga disse que já solicitou à Polícia Civil a investigação do caso. A direção do HMI se reuniu com familiares da idosa e se colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários. (Janaína Oliveira)
1 comentários:
sabe o que é isso...muitas faculdades de medicina jogando no mercado médicos,aliás,recém formados totalmente despreparados e acabam até enterrando gente viva......não dá para aceitar filomena
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