Mágoas, ressentimentos, uma família tradicional, dois filhos adotivos e uma disputa por uma herança estimada em R$ 630 milhões. Esta é a novela que prende a atenção dos 180 mil habitantes de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, desde 15 de março de 2008, quando morreu Inês Massad Cola. Junto com o marido, o deputado federal Camilo Cola (PMDB), ela dirigia o Grupo Itapemirim, composto por dez empresas — entre elas, a Viação Itapemirim. Pelo testamento, 37,5% dos bens da matriarca foram deixados para Camilo Cola Filho, de 55 anos, e o resto, 12,5%, com sua irmã, Ana Maria, de 57.
A questão, no entanto, está na Justiça. Ana Maria não quer fazer parte da sociedade que mantém as empresas. Um acordo financeiro foi tentado, oferecendo-lhe um terreno avaliado em R$ 8 milhões. Ela recusou e a família rachou.
Sem filhos biológicos, o casal adotou Camilinho, como ele é conhecido na cidade, aos 4 anos. Na nova casa, recebeu o nome do pai adotivo. Dois anos depois, chegou Ana Maria — sua irmã de sangue.
— Eu ia para o orfanato, mas uma freira da Santa Casa me levou para lá. Meu irmão sempre viajava com eles e eu ficava em casa. Eu me casei aos 18 anos, porque não aguentava as diferenças de tratamento. Ele podia opinar em tudo e eu, em nada — desaba Ana Maria, que mora no Leblon.
Procurados, pai e filho não quiseram falar do caso.
— Minha mãe nunca foi minha amiga, mas sempre abrandava as brigas, e eu tinha esperanças de que a divisão fosse meio a meio. São muitas mágoas. No ano passado, discuti com meu pai e ele me jogou na cara que ia deixar o mesmo testamento, igual ao dela. Ele nunca gostou de mim — diz Ana Maria.
Desconfiada do irmão, ela foi à Justiça para bloquear 12,5% dos bens do Grupo Itapemirim e reivindicar R$ 90 milhões:
— Minha mãe pôs meu irmão para dirigir a Itapemirim Cargo e a firma faliu.
Ex-presidente do Lions Club, o advogado Francisco Maria Tedesco confirma o que toda a sociedade local sabe.
— O Camilo adotou o menino como filho e pôs o seu nome nele, e a menina ficou como adotiva. A apreensão é grande pois são 6 mil empregos diretos e 12 mil indiretos — afirma o advogado.
— Estamos apreensivos. A Cargo faliu e deixou 200 desempregados. Essa briga não é boa nem para eles — diz o presidente do Sindicato dos Motoristas, Elias Brito Spoladore. (Marcelo Dias)
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