Primeira brasileira a receber o título de supercentenária, Vó Quita, de 114 anos, foi enterrada no final da tarde na terça-feira (21) no Cemitério Jardim da Paz, em Carangola, na Zona da Mata. A idosa mais velha do mundo morreu de pneumonia, nesta madrugada, no CTI da Casa de Caridade, a 19 dias de completar 115 anos. O velório, marcado por emoção e conformismo, foi na Capela São Pedro, onde compareceram dezenas de amigos e familiares.
O município de Carangola decretou luto oficial por três dias em função da morte de uma de suas filhas mais ilustres. No último dia 17 de maio, o Guinness World Records confirmou Vó Quita, que nasceu em 9 de julho de 1896, como a pessoa mais idosa do planeta. A notícia correu mundo. A prefeitura preparava uma grande festa para comemorar o aniversário de Vó Quita. As homenagens incluíam a inauguração do Centro de Atenção ao Idoso, que levará o nome da carangolense supercentenária.
Vó Quita era 48 dias mais velha que a última detentora do título, a norte-americana Besse Cooper, de Monroe, Geórgia, Estados Unidos, nascida em 26 de agosto de 1896. A família de Vó Quita foi procurada por um grupo de estudo sobre a velhice (o GRG, sigla em inglês para grupo de pesquisa sobre gerontologia). A visita ocorreu após a veiculação de uma matéria sobre a idade dela em um site de Carangola. Mãe de um filho, que morreu aos 75 anos, Vó Quita deixou quatro netos, sete bisnetos e cinco trinetos.
A internação de Vó Quita ocorreu domingo, por volta das 11h30, logo depois que a idosa passou mal. Na segunda-feira, apresentando um quadro delicado, ela passou a respirar com a ajuda de aparelhos. “Ela viveu tudo o que tinha para viver, com qualidade de vida”, disse a enfermeira e bisneta Taís Nolasco. “Foi em paz, com muito amor da família e amigos. Agradecemos a Deus pela oportunidade de conviver tanto tempo com ela”, completou.
Vó Quita morava em um sobrado, no Centro, onde recebia os cuidados de um neto que mora no segundo pavimento da residência. Dois cuidadores de idosos, contratados pela família, também se alternavam no auxílio. Com marca-passo desde os 100 anos, ela sofreu uma fratura no fêmur em 2006 e, desde então, se locomovia com a cadeira de rodas.
Os parentes atribuíam a longevidade de Vó Quita ao caráter, pois a idosa não gostava de fofocas e nem se queixava da vida. A dieta da mineira até então mais velha do mundo era livre. Tanto é que não dispensava uma feijoada mesmo aos 114 anos.
Sempre bem humorada, a Vó Quita era filha de um fazendeiro. Viveu grande parte da vida na roça, onde trabalhava na lavoura e ajudava nos serviços de casa. Apesar da dura vida no campo, arrumava tempo para seguir a cavalo para os bailes animados de outros tempos. (Ricardo Beghini)
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