O presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou-se em greve de fome nesta quinta-feira (9) em protesto pela demora do Congresso em aprovar uma lei eleitoral que põe em risco a realização das eleições gerais de 6 de dezembro, na qual ele tenta sua reeleição até 2015. O prazo estabelecido para aprovar a lei eleitoral transitória venceu à 0h desta quinta.
Ele deve ser acompanhado por líderes sindicais e sociais no jejum.
"Diante da negligência de um grupo de parlamentares neoliberais, estamos obrigados a assumir essa medida", disse Morales em discurso no palácio de governo,
O presidente disse que este é "o melhor momento para obrigar o Congresso Nacional e os senadores de oposição para que aprovem". Segundo ele, este é um "pedido clamoroso" dos camponeses e trabalhadores.
Duas centrais sindicais divulgaram documentos de adesão à greve.
CONGRESSO
A greve de fome ocorre no momento em que se trava um forte debate no Congresso, entre governo e oposição, de uma nova lei eleitoral que permita a realização de eleições gerais no fim do ano.
Os principais pontos de divergência entre governo e oposição são o recadastramento de mais de 4 milhões de eleitores (rejeitado pelo governo), as limitações ao voto de bolivianos residentes no exterior e a redução a 14 do número de cadeiras para povos indígenas.
A sessão de quarta-feira transcorreu sob a ameaça dos legisladores do governista Movimento ao Socialismo (MAS) de renunciar a suas cadeiras caso não se chegasse a um acordo com a oposição, o que poderia representar a inabilitação ou até o fechamento do Congresso.
O prazo existe porque a nova Constituição da Bolívia, promulgada em 7 de fevereiro passado, estabelece um período de dois meses, que se completa nesta quinta, para que o Congresso aprove o regime eleitoral que permita convocar eleições gerais.
Atualmente, o partido de Morales conta com maioria suficiente na Câmara dos Deputados, mas não no Senado, que é controlado pela oposição.
Em entrevista, García Linera, pediu às legendas "todo o esforço possível" para aprovar a lei porque, após a meia-noite, o Congresso se encontraria em uma "situação complicada" se não houvesse acordo.
García Linera disse que há setores da oposição, "minoritários", mas com capacidade de bloqueio, que não querem que as eleições aconteçam.
No entanto, passada a hora fixada, o debate continuou tanto no plenário como em uma comissão negociadora que segue tentando o consenso.
O presidente do Congresso, minutos depois da meia-noite, interrompeu brevemente um discurso para dizer que a sessão continuará ininterruptamente "até a aprovação da lei".
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