É preocupante a situação que se encontram as comunidades Xakriabá do Peruaçu e Dizimeiro. Isso é o que afirma o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Itacarambi. O problema tem acontecido durante o processo de pavimentação do trecho da estrada que liga os municípios de Cônego Marinho e Miravânia, realizado pela construtora EMPA. Grande parte da água utilizada na obra tem sido retirada de maneira intensa do Rio Peruaçu.
Segundo a comunidade xakriabá, a empreiteira tem retirado cerca de 30 caminhões pipa de água por dia, equivalente a aproximadamente 500.000 litros de água, o que está baixando significativamente o nível da água do rio de forma repentina. Além disso, como é instalado motor para a retirada da água, muito óleo tem sido derramado nas águas.
O Rio Peruaçu é de suma importância para a sobrevivência do povo Xakriabá. Segundo a nota, ao longo dos anos o rio vem sendo explorado por grandes empresas, sendo que, nas décadas de 80 e 90, uma empresa de mineração comprometeu a vida do rio juntamente com empreendimentos do setor da pecuária. Recentemente, os indígenas também vêm observando o avanço do plantio de eucalipto na região do Dizimeiro (território Xakriabá), o que tem prejudicado os recursos hídricos da região.
A poluição provocada pelo motor de sucção é tamanha que está comprometendo as reservas (lagoas que abastecem o rio no período seco e servem como locais de desova dos peixes), causando erosões e comprometendo todo um ecossistema, que contém veredas (partes alagadas), berço dos buritizeiros e várias outras espécies de plantas, aves e animais.
Os impactos decorrentes da pavimentação dessa estrada já foram alvo de intensas discussões com o poder público estadual, Funai e Ministério Público Federal, juntamente com representantes da construtora, no tocante à área de domínio dos indígenas Xakriabá. Ainda não existem estudos sobre os impactos desse empreendimento sobre o território xakriabá.
Na última quinta-feira (03), um grupo de lideranças xakriabá se reuniu no local e deu alguns encaminhamentos. Em nível externo, estão sendo feitas denúncias aos órgãos competentes. Os Xakriabá haviam dado um prazo de 24 horas para que a empresa apresente documento que autorize o uso da água do Peruaçu para tocar o serviço, porém, o documento autoriza apenas 4% do que eles estão extraindo do rio, 25 vezes mais. A denuncia já foi feita à Funai e ao Ibama. O Conselho Indigenista e as autoridades indígenas solicitam que sejam tomadas as medidas cabíveis urgentemente. (Carta Divulgada pelo povo Xakriabá e Cimi - Por Helen Borborema e Helen Santa Rosa)
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