terça-feira, janeiro 04, 2011

LULA DEIXOU DÍVIDA DE R$ 137,5 BILHÕES PARA DILMA

Levantamento da ONG ‘Contas Abertas’, divulgado nessa terça-feira (4), aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou para a presidente eleita Dilma Rousseff um estoque de restos a pagar (compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios seguintes) no valor de R$ 137,5 bilhões no Orçamento Geral da União. Caso nenhuma dessas despesas seja cancelada, o valor representará o dobro de tudo o que o Governo pretende gastar com investimentos neste ano – R$ 64 bilhões – ou o triplo do previsto para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – R$ 40 bilhões.
O montante computa a estimativa de restos a pagar para serem inscritos em despesas correntes (R$ 63,8 bilhões), investimentos (R$ 57 bilhões), inversões financeiras (R$ 12,9 bilhões), gastos com pessoal (R$ 2,1 bilhões), dentre outros grupos de despesas. Conforme o ‘Contas Abertas’, não estão incluídos nos cálculos os dispêndios das empresas estatais, dos estados e municípios e da iniciativa privada, que não são contabilizados no sistema de receitas e despesas da União, o Siafi.
Em 2010, a União pagou R$ 61,8 bilhões de contas pendentes que foram comprometidas ao longo dos últimos anos. Esse valor é 40% superior ao valor aplicado em obras e compra de materiais ao longo do ano passado – R$ 44,6 bilhões. Entre as contas pendentes, há uma divisão. Uma quantia diz respeito aos projetos de infraestrutura que o Governo já reconheceu como prontos, mas que ainda não liberou o dinheiro para quitar o serviço prestado. Esta despesa emplaca na rubrica “restos a pagar processados”.
A outra se refere às ações não finalizadas, isto é, que não tiveram a vistoria de técnicos do Governo federal de que o produto foi entregue ou o serviço foi prestado. Esta é conhecida no jargão econômico como “restos a pagar não processados”. Vale ressaltar que parte dos empenhos efetuados até o fim do ano passado ainda pode ser cancelada, já que a equipe econômica do Governo ainda não efetuou o balanço final das contas de 2010, o que poderia reduzir o montante total da conta a pagar.
A utilização dos restos a pagar é uma forma legal de executar os gastos públicos. No entanto, já em 2007, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, criticou o alto volume de contas pendentes verificado entre 2006 e 2007. Segundo o ministro, que foi relator das contas do Governo de 2006, o crescimento dos débitos acontece porque o Governo não disponibiliza recursos suficientes para arcar com os compromissos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA). Esse crescimento, na avaliação de Ubiratan, configura um “orçamento paralelo”.
De acordo com o tribunal, o crescimento do volume de restos a pagar inscritos entre 2005 e 2009 foi da ordem de 195%, “o que equivale dizer que o montante de restos a pagar quase triplicou nos últimos cinco anos”. Caso os empenhos realizados no ano passado não sejam cancelados, o estoque de restos a pagar transferidos para 2011 representarão um crescimento de quase 252% em relação às contas de 2005 (em valores correntes).
Caso os gestores não empenhem os recursos autorizados para o ano, eles perdem a dotação. Por isso, em dezembro do ano passado, o Governo se esforçou e conseguiu garantir 77% do orçamento para obras ou compra de materiais relacionados à infraestrutura nacional. Até novembro, pouco mais de R$ 40,2 bilhões haviam sido comprometidos com a programação de investimentos. Em dezembro, as reservas de recursos saltaram para quase R$ 53,4 bilhões.

0 comentários: