quinta-feira, outubro 23, 2008

LIVRO É UM DESAFIO PARA OS ROQUEIROS

“Bota tudo num liquidificador e chama de rock’n roll”. É assim que Rita Lee define o ritmo que ela ajudou a popularizar no Brasil nas décadas de 60 e 70. A frase está na abertura do livro Que rock é esse? A História do Rock Brasileiro contada por alguns de seus ícones, lançado nesta semana pela Editora Globo, a mesma que publica a revista Época.
O livro é derivado de uma série exibida pelo canal a cabo Multishow. Os programas tinham a apresentação do músico Beto Lee e contavam a história de cinco décadas de rock no país. Na versão para o papel, foram acrescentados uma linha do tempo – que ajuda o leitor a se situar sobre o que estava acontecendo no país e no mundo –, rankings dos melhores shows e discos, além de textos do ex-VJ e apresentador Edgard Piccoli.
Os convidados do programa que tiveram seus depoimentos transcritos para o livro dispensam apresentações. Todos fizeram e ainda fazem a história do rock brasileiro. Além de Rita Lee, tem Nelson Motta, Lobão, Lula Santos, Fê Lemos (Capital Inicial), Frejat, Evandro Mesquita, Samuel Rosa, Gabriel O Pensador, Pitty, Dinho Ouro Preto e Edgard Scandurra.
Os convidados que dão a sua visão sobre os fatos e personagens como se estivessem debatendo entre si, como em uma roda de amigos.
Rita Lee, por exemplo, cita o Tropicalismo como o grande movimento do rock brasileiro. “Para os MPBs xiitas, aquilo era um sacrilégio”. Lulu Santos cita 'a alegria irreverente' de Os Mutantes e Evandro Mesquita, os Novos Baianos.

Cazuza: o poeta representa a geração roqueira dos anos 80

O livro também é um tributo a alguns dos grandes nomes que já morreram. "Cássia Eller foi tão boa quanto a melhor cantora do Brasil, Elis Regina”, afirma Nelson Motta. “Show relax para Cazuza não existia. Ele entrava e começava a gritar no microfone. Já acabava com a voz antes de o show começar”, relembra Frejat.
O livro também flagra os artistas discutindo os rumos da indústria da música em tempos de pirataria e propagação de conteúdo pela internet. Frejat chama a atenção para a extensão da 'crise'. "A indústria da música nunca passou por um momento de transição tão longo". Pitty minimiza os motivos para preocupação. “Isso não quer dizer que a música vai morrer”.
Rita Lee, escaldada por anos e anos de relacionamento com gravadoras e empresários, é mais radical: "Eu fico com os piratas. Já sofri muito em mão de gravadora, enchi. A tendência é baixar tudo [da internet]". Rita arremata a conversa de um jeito nada sutil. "Quer dizer, nem sei se é para vender [as músicas], acho que vai ficar conhecendo a música. Estou feliz que as gravadoras estão se f... Já era tempo". É o bom e velho rock’n roll.

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