Uma reportagem publicada no último domingo pelo jornal inglês "Financial Times" mostra que 80% das fantasias de Carnaval no Brasil são feitas com materiais importados, principalmente vindos da China. O texto, assinado pela repórter Samantha Pearson, diz que as importações chinesas baratas "inundaram o país latino-americano nos últimos anos, em parte como resultado da rápida valorização da moeda local".
A reportagem acrescenta que a invasão dos produtos chineses é um dos maiores dilemas políticos da presidente Dilma Rousseff. O presidente da Associação Brasileira dos Importadores Têxteis (Abitex), Jonatan Schmidt, um dos entrevistados pelo diário, diz que "há 15 anos era completamente diferente - todos os produtos eram brasileiros". Uma lojista de São Paulo, ouvida pela reportagem, conta que importa mercadorias da China a preços 40% abaixo dos praticados por companhias brasileiras. Com o real valorizado, a loja, que em 2005 importava 30% do seu estoque, hoje importa 60%.
"Não é só a taxa de câmbio", afirma a comerciante. "Tem havido uma falta de novos equipamentos e investimento no setor têxtil ao longo dos anos. A demanda é tão forte agora e eles simplesmente não conseguem suprir", afirmou.
A reportagem sugere que o Carnaval, se continua em espírito sendo uma festa brasileira, é, em termos econômicos, uma festa dos importados. "Apesar dos esforços da estatal petroleira Petrobras para expandir a sua própria produção de poliéster no Nordeste do país, é improvável que o Carnaval seja made in Brazil no futuro próximo".
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