quinta-feira, março 25, 2010

DALMAR CONDENADO A 24 ANOS DE PRISÃO

Depois de 17 horas de julgamento, Dalmar Ferraz de Melo Júnior foi condenado a 24 anos de prisão, acusado de ser o mandante do assassinato do casal Rosalvo Bastos e Daniela Oliveira. Mas, como respondia ao processo em liberdade, a defesa pode recorrer e o réu continua solto.

- Foram quase oito anos de espera por justiça. No próximo dia quatro de maio, completa oito anos sem Rosalvo e Daniela. Sempre acreditávamos na justiça Divina, essa é certa, mas ontem tivemos também a justiça dos homens. Portanto, o nosso coração está aliviado, porque tudo foi esclarecido para a sociedade. Resta agora só a saudade de Rosalvo e Daniela, duas pessoas especiais, que, mesmo não estando presentes, vamos amar por toda a vida - afirmou Marlene Freitas ao fim do julgamento, por volta das 02h da madrugada de ontem (quinta-feira).

Com receio de que o júri não acontecesse, familiares das duas vítimas esperavam ansiosamente o comparecimento do principal suspeito de mandar matar o casal ao julgamento, que já havia sido adiado outras vezes. - Hoje acreditamos que Deus vai proporcionar esse julgamento e todos os familiares e amigos do meu irmão e da noiva sairão daqui com o coração confortado. São oito anos de espera e de dor - disse Marlene Freitas.

Para aliviar a expectativa de familiares, às 8h30, horário previsto para começar o julgamento, Dalmar Ferraz de Melo Júnior chega ao fórum Gonçalves Chaves acompanhado dos advogados Eustáquio Crusoé e Carlos Humberto Cruz. Com um semblante triste e sem conversar com os jornalistas, Dalmar somente observava a quantidade de expectadores que aguardavam ansiosos por esse dia.

Os advogados do réu defenderam a tese de falta de provas.

- O que existe é falta de provas contra meu cliente. O processo investigativo não foi concluído. Não vai haver condenação pela absoluta falta de provas - afirmou Eustáquio Crusoé.

Porém, a defesa não imaginava que a acusação estava prevenida contra as brechas do código penal que os advogados iriam usar.

Para aumentar a ansiedade dos familiares e dos expectadores, o juiz Maurício Leitão Linhares anuncia, por volta de 8h50, que, para acontecer a sessão, era necessário a presença de 15 jurados, mas até aquele momento somente 14 haviam comparecido. Mas, numa nova chamada feita pelo juiz, 16 jurados já estavam no recinto e o julgamento poderia ser iniciado.

Durante o sorteio, a defesa recusou a presença de três jurados e o promotor recusou outros três. Por motivo de doença de um jurado, que possui hérnia de disco, o juiz também o dispensou quando o nome dele foi sorteado.

Algumas testemunhas de defesa compareceram, mas o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro, representante do ministério público, possuía argumentos suficientes para mostrar ao corpo de jurados que Dalmar foi o mandante do crime.

MORTE DE UM FILHO RESULTOU EM VINGANÇA

De acordo com o representante do MP, um duplo homicídio vergonhoso para a população brasileira, sobretudo para a população norte-mineira, não poderia ficar impune.

- Tudo isso é uma crônica de uma morte anunciada. É um propósito anunciado de vingança - afirma o promotor.

Para esclarecer os fatos, o promotor volta no dia 21 de junho de 2001 e lembra ao corpo de jurados que a morte do casal só aconteceu por motivos daquela fatídica data, quando o irmão de Dalmar Ferraz esteve numa suíte de motel com a namorada Adriana, irmã de Daniela, uma das vítimas do mandante. Foi comprovado pela perícia técnica que Danilo, irmão de Dalmar, havia tomado veneno e em consequência disto teria morrido.

De acordo com o promotor, a partir daquela data, o pai de Danilo, Dalmar Ferraz de Melo, e o filho Dalmar Ferraz de Melo Júnior passam a exalar um propósito de vingança afirmando que Adriana sentiria na pele o mesmo que a família de Danilo estava sentindo naquele momento. Durante o debate, sobretudo no pronunciamento de Henry Vasconcelos, familiares de Rosalvo ficaram emocionados. (Reportagem: Rubens Santana)

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